dezembro 31, 2012

[Mini-série] Great Expectations - Charles Dickens

Ando a descobrir as potencialidades da Irís, a box da Zon (passe a publicidade) com a capacidade de rever toda a programação que deu nos últimos 7 dias e tenho tido a oportunidade de ver coisas que de outra forma talvez acabasse por não ver.

É o caso de Great Expectations, uma mini-série de 3 episódios que passou num qualquer canal da grelha (não me recordo de qual), baseada no livro homónimo de Charles Dickens. 
Nunca li o livro, embora faça parte da lista de aquisições desde sempre, e achei que esta seria a oportunidade perfeita para conhecer a história.
Não faço ideia se é fiel ou não à história de Charles Dickens, o que sei é que gostei muito da série. Acho que os actores foram bem escolhidos, a imagem e caracterização são extraordinárias e gostei muito da história, que vou querer ler na mesma. :)

Vejam que vale a pena e, conhecendo a escrita de Charles Dickens, leiam que deve valer a pena.

Fica o trailer para poderem "espreitar":

Boas leituras!

dezembro 28, 2012

o remorso de baltazar serapião - valter hugo mãe

Título original: o remorso de baltazar serapião
Ano da edição original: 2006
Autor: valter hugo mãe
Editora: Alfaguara Portugal

"A aventura de baltazar serapião em reboliço com os seus amores pela formosa Ermesinda, moça com quem vem a casar e por quem se atormenta de ciúmes. Este é um romance de família e de viagem, em que o estigma de se ter um nome parece explicar à sociedade quem se é e que intenções se tem.
Um romance que é também uma aventura da linguagem, friccionando um português antigo que, não o sendo de facto, cria a ilusão de estarmos ao tempo de uma idade média tardia, feita de alçapões morais e de uma brutalidade primária, sobretudo cometida contra as mulheres.
Este livro ostenta a violência a que historicamente a mulher foi sendo sujeita por uma mentalidade machista dominante. Uma violência ainda sem redenção."

Depois de ter gostado tanto do a máquina de fazer espanhóis, as expectativas para o próximo livro a ler do valter hugo mãe eram elevadas. o remorso de baltazar serapião é muito diferente e por isso, as comparações naturais com o livro anterior desapareceram na primeira página, o que foi bom. :) Gosto de escritores que não ficam presos a uma única forma de escrever, que parecem conseguir reinventar-se a cada livro que escrevem, conseguindo manter a identidade.

o remorso de baltazar serapião - escrever sem maiúsculas é, ao mesmo tempo estranhamente libertador e anti-natural - é um livro, à falta de melhor palavra que o adjective, perturbador. 
Numa espécie de caricatura, exagerando as personagens, tornando-as menos credíveis, valter hugo mãe consegue, mais uma vez, entrar numa realidade que, à partida não lhe é familiar, e descreve-la como se fosse. Neste, pelos olhos de baltazar serapião, entra na vida sofrida e deprimente de uma mulher, da idade média. baltazar serapião casa por amor com Ermesinda, a rapariga mais bonita e recatada da aldeia. Ermesinda parece gostar dele e todos têm esperança que baltazar não siga as pisadas do pai, que mutilou a mãe, para lhe ensinar a ser uma melhor esposa e mãe.Por ignorância e machismo (serão sinónimos?) o pai de baltazar serapião deixou a mulher para sempre coxa, com os pés irremediavelmente torcidos e retorcidos. Que seria se não tivesse, também ele casado por amor... Provavelmente não teria posto tanto afinco na "educação" da mulher. Porque as mulheres são malignas, a sua voz é perigosa e os homens não devem dar-lhes ouvidos. As mulheres são burras, menos que nada, com a cabeça cheia de ideias estranhas e perigosas, que servem apenas para satisfazer todos os desejos dos homens. A mulher ideal é submissa e calada.
É com pena que percebemos que Ermesinda, a rapariga mais bonita e recatada da aldeia não terá sorte diferente quando se casa com baltazar serapião. Este louco de ciúmes, que até podem ter razão de ser, nunca o sabemos ao certo, vai aos poucos mutilando fisica e psicologicamente a rapariga.

Toda a família serapião é estranha, com comportamentos bestiais - adj bestial [bəʃti'al] próprio de animal - ou não fossem eles conhecidos por sargas, porque tratavam a velha vaca como se fosse da família. Alguns acreditavam inclusive que era a vaca a progenitora das crias serapião e não a desgraçada com os pés tortos. E, também neste caso, nunca sabemos com certeza...

Não é um livro fácil de ler, é muitas vezes revoltante e apenas o tom mais caricatural permite aliviar um pouco o que lá se conta. Por ser tão próximo à realidade de muitas mulheres, ainda nos dias de hoje, torna-se ainda mais desconfortável. Os homens do livro são quase todos uns animais, e as mulheres são quase todas pouco mais que bichinhos assustados. Dá vontade de gritar de estupefacção!
Todas as mortes na família serapião são trágicas. O que leva à morte da mãe é, indescritívelmente repugnante e chocante.
A relação de dependência que existe entre baltazar e Ermesinda é revoltante e incómoda. O comportamento de cachorrinho que ela demonstra é difícil de ler e a inexistência de remorsos em baltazar é ofensiva.
O que acaba por ser mais incómodo é a inevitabilidade dos comportamentos de cada uma das personagens. baltazar aparece-nos sempre como alguém simpático, como alguém de quem até poderíamos vir a gostar, cujos comportamentos surgem como inevitáveis. É inato ao homem e por isso impossível de condenar, como doença incurável com a qual todos teríamos de aprender a viver.
valter hugo mãe a fazer bem o papel de advogado do diabo. :)

É impossível dizer que gostei deste livro, como posso gostar? É demasiado gráfico, demasiado chocante e demasiado certeiro. Só por isso não posso dizer que gostei mas a verdade é que gostei, como posso não gostar? :)

Gostei e só não recomendo sem reservas porque é preciso ter algum estômago e ter a capacidade de nos distanciar-mos.

Boas leituras!

Excertos:
"a minha mãe deixava de falar comigo e com o aldegundes, porque lhe saíam coisas de mulher pela boca fora, e barafustar, como fazia, era encher os ouvidos dos homens com ignorâncias perigosas. uma mulher é ser de pouca fala, como se quer, parideira e calada, explicava o meu pai, ajeitada nos atributos, procriadora, cuidadosa com as crianças e calada para não estragar os filhos com os seus erros."

"a minha mãe roubou-a dos nossos olhos, furiosa com o destino, e todos soubemos que se cobriram uma à outra de segredos, semelhantes e porcas de corpo, condenadas à inferioridade, à fraqueza. um corpo que as obrigava, sem falta, a uma maleita reiterada, como um inimigo habitando dentro delas, era o pior que se podia esperar, um empecilho de toda a perfeição, e tão belas se deixavam quanto doloridas e acossadas. por isso eram instáveis, temperamentais, aflitas de coisas secretas e imaginárias, a prepararem vidas só delas sem sentido à lógica. tinham artefactos e maneiras de parecer gente sem quererem perder tudo o que deviam perder. eram, como sabíamos tão bem, perigosas."

dezembro 25, 2012

Feliz Natal!!!!!

Embora ligeiramente atrasado, não podia deixar de passar por aqui e desejar-vos um Feliz Natal!

Espero que ainda não estejam enjoados dos doces de Natal (eu não estou) e que tenha havido espaço para muitos abraços e risadas!

Que o Pai Natal, tenha o merecido descanso numa praia paradisíaca depois de ter carregado com todos os vossos presentes. Espero que todos os livros que pedimos no sapatinho não tenham dado cabo das costas do simpático velhinho de barbas!

Boas leituras!!!!!!

dezembro 12, 2012

A Montanha da Água Lilás - Pepetela

Título original: A Montanha da Água Lilás
Ano da edição original: 2000
Autor: Pepetela
Editora: "Colecção BIIS" da Leya

"«O avô Bento, em noites de cacimbo à volta da fogueira, nos contou, fumando o seu cachimbo que ele próprio esculpiu em pau especial. Dizia a estória se passou aqui mesmo, nas serras ao lado, mas pode ser que fosse trazida de qualquer parte de África. Até mesmo do Oriente, onde dizem também há água lilás. Se virmos bem, em muitos lados pode ter uma montanha semelhante. Eu só escrevi aquilo que o avô nos contou, não inventei nada.»"

Que livro delicioso... Pepetela não pára de me surpreender e é cada vez mais um daqueles escritores que acreditamos não consegue escrever um livro mau. :)
A Montanha da Água Lilás é uma pequena fábula, um livro de "faz de de conta" com uma história que surpreende por ser tão certeira, tão séria e ao mesmo tempo tão divertida.

No tempo em que os animais falavam existia uma montanha onde habitavam os lupis. Os lupis viviam separados dos outros animais da planície e alimentavam-se dos frutos que colhiam das muitas árvores da montanha. Eram umas criaturas pequenas e reconchudas, com o corpo coberto de pêlo cor de laranja. Uma espécie de macacos, com características que nos levam a pensar neles como os antepassados longínquos dos Homens.
Os lupis distinguiam-se uns dos outros pela inteligência e pelo tamanho. Os mais inteligentes eram os cambutinhas, os mais pequenos dos lupis, era deles que partiam todas as ideias. Os mais trabalhadores eram os Lupões, maiores e menos dados às coisas do pensamento, eram fisicamente mais capazes do que os cambutinhas.
Os lupis viviam felizes, comiam a muita fruta da montanha e viviam pacificamente, sem motivos para discutir. Por um acaso da evolução, algumas das crias lupis começam a crescer mais do que os seus progenitores. Estes novos lupis para além de serem fisicamente maiores eram também muito preguiçosos e violentos. Eram completamente incapazes de sobreviver sozinhos, porque não conseguiam subir às árvores para colher fruta e aproveitavam-se da boa vontade dos seus semelhantes (parece-vos familiar?), para se alimentarem. Não contribuíam em nada para a vida na montanha, a única coisa que sabiam fazer era perturbar a paz na montanha. Por serem tão diferentes dos restantes lupis começaram a ser chamados de jacalupis, porque até na maneira como expressavam o seu estado de espírito eram diferentes dos outros lupis.
Embora os jacalupis tenham vindo complicar um pouco a vida simples que até aí se vivia na montanha, os lupis foram-se adaptando às novas circunstâncias e aceitaram, estes seus semelhantes de forma pacífica.
A vida seguia sem percalços, comiam a fruta das árvores e, os momentos de lazer continuavam a ser passados no vale da poesia em contemplação da natureza.
Um dia, para surpresa de todos, da montanha que habitavam desde que se lembravam, começa a brotar uma espécie de água, de cor lilás e com um perfume inebriante que deixa quem se aproxima dela mais feliz. Os lupis ficam, naturalmente, muito intrigados com a água lilás e os lupis cientistas começam logo a investigar as potencialidades de tão extraordinário líquido. Será que se pode beber? Será que se pode tomar banho nela? Se apenas cheirá-la os deixa tão felizes... O aparecimento de um bem a que mais nenhum animal tem acesso e, ainda por cima, um que parece ter potencialidades infinitas, vai alterar a vida dos lupis para sempre. O lupão comerciante começa logo a conceber planos para rentabilizar o precioso líquido, os jacalupis tornam-se ainda mais violentos e preguiçosos, e o cambutinhas começam a parecer-se cada vez mais com escravos, embora estejam em maioria.
Acho que não é difícil perceber onde esta fábula de Pepetela quer chegar. :)

Depois de um livro tão extenso como Os Pilares da Terra, do Ken Follett, que embora me tenha dado muito gozo ler, quando comparado com este pequeno livro de Pepela, acaba por parecer tão pretensioso...

Soube-me mesmo muito bem voltar a Pepetela com este A Montanha da Água Lilás e é óbvio que o recomendo!

Boas leituras! :)

Excerto:

"De repente do sítio de onde saiu a pedra, brotou muito timidamente um líquido escuro. O lupi-poeta inclinou-se para ver melhor e sentiu então o perfume que saía daquele líquido lilás. Era um perfume muito doce. Pôs o dedo no líquido e levou-o ao nariz. Que maravilha! Os odores de todas as flores estavam reunidos naquele cheiro único que logo o encheu de enorme alegria, ele que momentos antes quase explodia de irritação. Ajoelhou no chão e cavou à volta, alargando o buraquinho. O líquido começou a brotar em maior quantidade e o perfume intensificou-se. A alegria também. Ficou ali sentado no chão, ao lado da fonte, aspirando o perfume, todo feliz, esquecido mesmo de fazer o poema à Lua."

The Pillars of the Earth - Ken Follett

Título original: The Pillars of the Earth
Ano da edição original: 1989
Autor: Ken Follett
Editora: Pan Books

"Set in the turbulent times of twelfth-century England when civil war, famine, religious strife and battles over royal succession tore lives and families apart, The Pillars of the Earth tells the story of the building of a magnificent cathedral.
Against this richly imagined backdrop, filled with intrigue and treachery, en Follett draws the reader irressistibly into a wonderful epic of family drama, violent conflict and unswerving ambition. From humble stonemason to imperious monarch, the dreams, labours and loves of his characters come vividly to life. The Pillars of the Earth is, without doubt, a masterpiece - and has proved to be one of the most popular books of our time."

E finalmente cheguei ao fim deste primeiro calhamaço de Ken Follett. E é por ser um dos livros mais lidos de sempre, que praticamente já toda a gente leu, que não sei bem que mais há a acrescentar às inúmeras opiniões/críticas já escritas sobre ele. Provavelmente já foi tudo dito e, como não tenho qualquer pretensão de reinventar a roda, vou ser o mais breve possível, tendo em conta a dimensão do livro (1075 páginas nesta edição da Pan Books). ;)

A acção de The Pillars of the Earth percorre quase todo o século XII. Começa com o fim do reinado de Henry I, passa pelo de Stephen e termina com o de Henry II. Tendo como pano de fundo o sonho de construir uma catedral, a maior e mais bela catedral de Inglaterra, Ken Follett leva-nos a viajar por uma época difícil, onde a guerra pelo trono é uma constante, a tirania dos grandes senhores é lei e onde o poder da Igreja, embora muitas vezes ameaçado e posto em causa, é inegável e muitas vezes nefasto. Na luta do bem contra o mal, o bem não parece ter grandes hipóteses contra adversários tão determinados.
Podemos considerar que existem, neste livro, três grandes núcleos - o núcleo do povo, constituído pela gente trabalhadora e/ou pobre, o núcleo dos nobres ou donos de cargos de poder na sociedade e dos religiosos.
Do lado do povo temos Ellen, Jack, juntamente com Tom Builder e a família.
Ellen e Jack, são mãe e filho e viviam numa gruta na floresta, afastados do mundo, até se cruzarem com a família de Tom Builder. Ellen é filha de um nobre, demasiado "avançada" para a época em que nasceu, por ser tudo menos uma mulher submissa. É, pelo contrário, independente, sem papas na língua e incute algum receio nos outros por acharem que é uma bruxa com acesso a poderes ocultos. É uma mulher que ama a vida e o filho, acima de tudo, e que encontra novamente o amor junto de Tom Builder, que acabará por ser o único pai que Jack alguma vez conhecerá.
Tom Builder é-nos apresentado como um homem muito inteligente, com uma mente aberta à mudança. É um homem fisicamente possante que amou sem reservas a mulher, Agnes, que morre durante o parto, e os filhos. O seu maior sonho é construir uma catedral. Quer desenhá-la e construi-la à medida da sua imaginação. É trabalhador e determinado nos objectivos que traçou para a sua vida.


Aliena e Richard fazem parte do núcleo dos nobres, embora vivam, ao longo de toda a história, momentos de verdadeira penúria. Aliena e Richard são irmãos e assistiram impotentes à invasão do castelo onde viviam com o pai, o Conde de Shiring. Preso por conspirar contra o rei, deixa os filhos, ainda adolescentes, abandonados e arruinados. Aliena é uma personagem extraordinária que vale a pena conhecer. Uma mulher de armas que não baixa nunca os braços perante as inúmeras adversidades e contratempos que vai encontrando ao logo da história. Dona de uma beleza extraordinária e de uma não menos extraordinária personalidade, é protagonista de uma das cenas mais chocantes do livro, quando é  violada por William Hamleigh e os seus homens, em frente ao irmão Richard. A vida das mulheres neste livro é tudo menos glamorosa...
William Hameleigh, é a personificação de todo o mal. Conhecemo-lo quando invade o Castelo de Shiring, um rapaz inseguro que encontra na violência um escape para os seus demónios interiores. Seguimos o seu percurso errático, pertubamo-nos com os seus desejos irracionais, por Aliena, pelo poder, pelo reconhecimento público e por sangue. O seu fim não poderia ser diferente daquele que Ken Follett lhe reservou. :)

Do lado da Igreja, temos Philip e Waleran. Os dois representam o melhor e o pior que a Igreja pode criar.
Philip é o prior de Kingsbridge quando Tom Builder chega à vila e depressa embarca no sonho do construtor. Em criança assistiu ao assassinato dos pais tendo sido salvo, juntamente com o irmão mais novo, por um religioso que os acolheu num mosteiro e os educou como filhos. Extremamente inteligente e determinado, o seu calcanhar de Aquiles é o orgulho, o único pecado mortal de que pode ser acusado. Orgulho por ter transformado Kingsbridge numa cidade cada vez maior e mais próspera, e por estar a construir a maior e mais bela catedral do mundo. Comete alguns erros e toma decisões que podemos considerar menos cristãs, tudo para salvaguardar a obra que quer deixar feita. Mas é, na sua essência, um homem bom, um verdadeiro cristão, por vezes inocente, moralmente muito rígido e justo que acredita piamente estar a cumprir a vontade de Deus.
Waleran é a antitese de Philip, dono de uma ambição sem limite, utiliza a sua posição como Bispo para satisfazer os seu desejos pessoais, não olhando a meios para atingir os seus fins. Tem por Philip um ódio de morte e chega a ser frustrante ver o esforço que faz para acabar com Philip e que este consiga sempre dar a volta por cima. :)

The Pillars of the Earth é a história de Ellen, de Jack, de Tom Builder, de Aliena, de Philip, de William e Waleran. Estes são os seu nomes mas podiam ser outros, porque as histórias contadas não são exclusivamente suas. Ken Follett junta todas estas personagens, tendo como força motriz a construção da catedral de Kingsbridge e aproveita para nos falar de como era a vida na Inglaterra do século XII. Como viviam as pessoas nessa altura, do que viviam, o que comiam, porque casavam, como nasciam e como morriam. Que papel assumia a Igreja, em que acreditavam as pessoas da época, o que temiam e como rezavam. Que importância tinha o Rei na vida dos seus súbditos, quando decisões tomadas a quilómetros de distância por razões, raramente compreensíveis, podiam virar a vida do comum dos mortais de pernas para o ar.
Neste aspecto o livro é bem sucedido, uma vez que, faz isto integrando os factos históricos na história ficcionada que conta, com pormenores que vamos absorvendo de forma natural.

Os pormenores da construção da catedral são fascinantes, e é engraçado intuir nas preocupações que consumiam Tom Builder e mais tarde Jack, o início de uma nova era para a engenharia civil. Com o acesso ao conhecimento tão limitado, onde os únicos livros disponíveis pertenciam à Igreja, é fascinante como já se sabia tanto, ou como a intuição de Jack estava tão perto da verdade.

Talvez por ter visto a mini-série primeiro, o meu entusiasmo durante a leitura acabou por não ser uma constante, no entanto, não posso deixar de concordar com a maioria das opiniões já escritas sobre esta obra de Ken Follett, é grande e tem momentos verdadeiramente grandiosos.
The Pillars of the Earth é um daqueles livros que vale essencialmente pela história que nos conta e menos pela qualidade da escrita. A genialidade de Ken Follett revela-se na história e não propriamente na forma como a conta. Confesso que não sou grande fã da escrita dele, que acho demasiado linear e, neste livro, acaba por ser até um pouco repetitivo nas ideias. Mas, embirranços à parte foi um livro que me deu muito gozo ler e que me deixou com vontade de ler o The World Without End e a trilogia do século XX, Winter of the World, que ele já começou a escrever.

Ainda não foi este que arrebatou as 5 estrelas na classificação do Goodreads, mas leva umas confortáveis 4 estrelas, sem hesitações.

Recomendo, embora seja um livro grande, em termos de dimensões, é um livro que se lê bastante bem sem grande espaço para nos aborrecermos. Recomendo também a mini-série, embora não seja completamente fiel ao livro vale a pena ver.

Boas leituras!