"Nesta obra Pearl S. Buck descreve de um modo quase pictórico a vida simples e rude do povo chinês, numa época que é pouco conhecida. A narrativa vivida e pormenorizada permite que o leitor capte toda a simplicidade e intensidade dos tempos descritos em Mãe.
Ao penetrar no espírito da camponesa, Pearl S. Buck dá a conhecer os sentimentos mais profundos da mente e do coração de uma mulher e de uma mãe. Fá-lo de uma maneira comovente, enérgica e mesmo violenta. A personagem, sem qualquer dúvida estóica, assume uma grandeza sem par pela forma como encara e ultrapassa os obstáculos que a vida lhe coloca. Uma vida longa, árdua e solitária."
Neste livro ninguém tem nome, todos são tratados pelos parentescos que os unem à Mãe, a personagem central desta narrativa. No entanto, em vez de nos sentirmos distantes destas pessoas de quem não conhecemos o nome, sentimos, pelo contrário uma grande proximidade porque eles podem ser quem nós quisermos que sejam. Embora a história se passe na China profunda, esta Mãe poderia ser qualquer mulher, de qualquer lugar pois tem uma história igual à de tantas outras mulheres do mundo.
Neste livro, Pearl S. Buck transporta-nos até à casa de uma mulher, casada e com três filhos pequenos. A família vive, como quase todos nas aldeia, do trabalho na terra. Terra que não lhes pertence, pois é arrendada a um Proprietário a quem entregam parte do que produzem. Estamos numa época em que os casamentos são combinados, autênticos negócios entres as famílias envolvidas. Da mulher esperava-se que fosse saudável para poder ter muitos filhos, que soubesse cozinhar e costurar e, que cuidasse do homem, que lhe tivesse calhado em sorte, e de todos os familiares que com ele vivessem.
A Mãe da história não se queixava da sua sorte, amava de verdade o marido e fazia todas as tarefas que lhe estavam destinadas com afinco e verdadeiro prazer. Até que um dia o marido, vestido com o seu fato novo, azul como o céu, vai à cidade e nunca mais regressa, abandonando a família e as obrigações que nunca desejou. Fugiu para viver a vida que achava que merecia, sem rotinas e sem o trabalho cansativo no campo, sem a mulher e os filhos que na realidade nunca quis e que não conseguiu aprender a amar. A partir daqui vamos seguindo a vida desta Mãe e dos três filhos que, envergonhada por ter sido abandonada pelo marido, diz a todos que este arranjou trabalho longe e, mais tarde acaba por "matá-lo", tornando-se viúva, mantendo assim a imagem de mulher honrada e decente. No início, antes do marido se ter ido embora, a Mãe achava que era muito feliz, amava os filhos, o marido e a vida que levava. Depois de se ver sozinha, ela vai passar por muitas perdas e muitas desilusões, que a tornam amarga e menos benevolente para os que a rodeiam. Vai tomar decisões erradas pensando que age bem, vai sentir-se injustiçada mas, será ela própria injusta com os outros. É rancorosa, orgulhosa e egoísta. Não é tão boa mãe como julga ser, não escondendo a preferência pelo filho mais novo, tão parecido com o pai, ignora durante anos a progressiva perda de visão da filha, irritando-se muitas vezes por esta não lhe ser de grande ajuda nas tarefas e demonstra pouco afecto pelo filho mais velho que, com pouco mais que 5 anos, se viu na obrigação de ajudar a mãe no trabalho do campo, depois do marido os ter abandonado. Embora não seja sempre assim, acaba por ser uma pessoa muito inconstante nas suas emoções, passando da quase indiferença ao afecto e preocupação genuínas. Enfim, esta Mãe é tudo menos perfeita e, se calhar por isso, a sentimos tão humana, emprestando à história momentos verdadeiramente comoventes, sem que, no entanto, a história esteja escrita para apelar à emoção fácil.
Houve vezes em que fiquei muito incomodada pelo que esta mãe dizia e fazia e só me apetecia dar-lhe uns tabefes. Mas também fiquei emocionada e frustrada porque tudo lhe corria mal e, na verdade ela não merecia o que lhe acontecia porque, por mais defeitos que lhe possamos apontar ela era apenas humana, como dias bons e dias menos bons. Tinha sentimentos e desejos comuns a todas as mulheres e, por mais contraditórios e nefastos que fossem esses sentimentos e desejos, a verdade é que por vezes é necessário cair para podermos seguir em frente e, há coisas que não se controlam, limitam-se a acontecer.
A personalidade da Mãe é o ponto central da história, pois é através dela que vamos conhecendo o modo de vida das mulheres e o que se esperava delas, mas também dos homens que se viam obrigados a seguir uma vida que também não desejavam. O filho mais novo, e também o marido de uma forma menos honrosa, representam a vontade de mudança e o desejo de um mundo mais justo onde cada um poderá ter poder sobre o próprio destino. O filho mais velho representa a resignação e o respeito pelas regras instituídas, trabalhando e casando como é esperado que um homem de bem faça.
Mãe é uma história muito bonita e comovente onde, como no Há Sempre Um Amanhã, Pearl S. Buck nos mantém na constante expectativa de dias melhores para as personagens. Quando algo de bom lhes acontece acreditamos que desta é que é, mas na realidade algo acontece que só piora tudo. Embora os finais não sejam propriamente felizes, estes apontam para um futuro mais risonho onde o sol se vislumbra no meio das nuvens carregadas e acabamos o livro com o coração mais leve.
Mais uma boa historia desta autora que, neste livro, usa um escrita muito limpa e simples, pois simples são também as pessoas que fazem a história.
É um livro que recomendo, embora o meu preferido continue a ser o Há Sempre Um Amanhã! :)
Neste livro, Pearl S. Buck transporta-nos até à casa de uma mulher, casada e com três filhos pequenos. A família vive, como quase todos nas aldeia, do trabalho na terra. Terra que não lhes pertence, pois é arrendada a um Proprietário a quem entregam parte do que produzem. Estamos numa época em que os casamentos são combinados, autênticos negócios entres as famílias envolvidas. Da mulher esperava-se que fosse saudável para poder ter muitos filhos, que soubesse cozinhar e costurar e, que cuidasse do homem, que lhe tivesse calhado em sorte, e de todos os familiares que com ele vivessem.
A Mãe da história não se queixava da sua sorte, amava de verdade o marido e fazia todas as tarefas que lhe estavam destinadas com afinco e verdadeiro prazer. Até que um dia o marido, vestido com o seu fato novo, azul como o céu, vai à cidade e nunca mais regressa, abandonando a família e as obrigações que nunca desejou. Fugiu para viver a vida que achava que merecia, sem rotinas e sem o trabalho cansativo no campo, sem a mulher e os filhos que na realidade nunca quis e que não conseguiu aprender a amar. A partir daqui vamos seguindo a vida desta Mãe e dos três filhos que, envergonhada por ter sido abandonada pelo marido, diz a todos que este arranjou trabalho longe e, mais tarde acaba por "matá-lo", tornando-se viúva, mantendo assim a imagem de mulher honrada e decente. No início, antes do marido se ter ido embora, a Mãe achava que era muito feliz, amava os filhos, o marido e a vida que levava. Depois de se ver sozinha, ela vai passar por muitas perdas e muitas desilusões, que a tornam amarga e menos benevolente para os que a rodeiam. Vai tomar decisões erradas pensando que age bem, vai sentir-se injustiçada mas, será ela própria injusta com os outros. É rancorosa, orgulhosa e egoísta. Não é tão boa mãe como julga ser, não escondendo a preferência pelo filho mais novo, tão parecido com o pai, ignora durante anos a progressiva perda de visão da filha, irritando-se muitas vezes por esta não lhe ser de grande ajuda nas tarefas e demonstra pouco afecto pelo filho mais velho que, com pouco mais que 5 anos, se viu na obrigação de ajudar a mãe no trabalho do campo, depois do marido os ter abandonado. Embora não seja sempre assim, acaba por ser uma pessoa muito inconstante nas suas emoções, passando da quase indiferença ao afecto e preocupação genuínas. Enfim, esta Mãe é tudo menos perfeita e, se calhar por isso, a sentimos tão humana, emprestando à história momentos verdadeiramente comoventes, sem que, no entanto, a história esteja escrita para apelar à emoção fácil.
Houve vezes em que fiquei muito incomodada pelo que esta mãe dizia e fazia e só me apetecia dar-lhe uns tabefes. Mas também fiquei emocionada e frustrada porque tudo lhe corria mal e, na verdade ela não merecia o que lhe acontecia porque, por mais defeitos que lhe possamos apontar ela era apenas humana, como dias bons e dias menos bons. Tinha sentimentos e desejos comuns a todas as mulheres e, por mais contraditórios e nefastos que fossem esses sentimentos e desejos, a verdade é que por vezes é necessário cair para podermos seguir em frente e, há coisas que não se controlam, limitam-se a acontecer.
A personalidade da Mãe é o ponto central da história, pois é através dela que vamos conhecendo o modo de vida das mulheres e o que se esperava delas, mas também dos homens que se viam obrigados a seguir uma vida que também não desejavam. O filho mais novo, e também o marido de uma forma menos honrosa, representam a vontade de mudança e o desejo de um mundo mais justo onde cada um poderá ter poder sobre o próprio destino. O filho mais velho representa a resignação e o respeito pelas regras instituídas, trabalhando e casando como é esperado que um homem de bem faça.
Mãe é uma história muito bonita e comovente onde, como no Há Sempre Um Amanhã, Pearl S. Buck nos mantém na constante expectativa de dias melhores para as personagens. Quando algo de bom lhes acontece acreditamos que desta é que é, mas na realidade algo acontece que só piora tudo. Embora os finais não sejam propriamente felizes, estes apontam para um futuro mais risonho onde o sol se vislumbra no meio das nuvens carregadas e acabamos o livro com o coração mais leve.
Mais uma boa historia desta autora que, neste livro, usa um escrita muito limpa e simples, pois simples são também as pessoas que fazem a história.
É um livro que recomendo, embora o meu preferido continue a ser o Há Sempre Um Amanhã! :)