Título original: World Without End
Ano da edição original: 2007
Ano da edição original: 2007
Autor: Ken Follett
Editora: Penguin Putnam Inc.
World Without End takes place in the same town of Kingsbridge, two centuries after the townspeople finished building the exquisite Gothic cathedral that was at the heart of The Pillars of the Earth. The cathedral and the priory are again at the center of a web of love and hate, greed and pride, ambition and revenge, but this sequel stands on its own. This time the men and women of an extraordinary cast of characters find themselves at a crossroads of new ideas--about medicine, commerce, architecture, and justice. In a world where proponents of the old ways fiercely battle those with progressive minds, the intrigue and tension quickly reach a boiling point against the devastating backdrop of the greatest natural disaster ever to strike the human race--the Black Death. Three years in the writing and nearly eighteen years since its predecessor, World Without End breathes new life into the epic historical novel and once again shows that Ken Follett is a masterful author writing at the top of his craft.”
Em World Without End, Ken Follett leva-nos de volta a Kingsbridge, no século XIV, cerca de dois séculos depois da construção da catedral que deu o mote ao The Pillars of the Earth e, a receita que Ken Follett aplica é, basicamente a mesma.
Temos a Igreja, o Rei e toda a nobreza que o rodeia, temos os comerciantes e artesãos e, no fim da cadeia, o bom do povo.
Na Igreja, de uma forma geral, todos muito voltados para si mesmos. Preocupados essencialmente em manter ou aumentar o poder que detêm. Neste livro há uma clara distinção entre a Igreja governada pelos homens e pelas mulheres, na figura do convento que coabita com o priorado de Kingsbridge e na gestão partilhada que fazem do único Hospital da região. Mais uma vez as personagens mais odiosas, com exceção de uma, pertencem à Igreja.
Do lado do Rei e de toda a estrutura que depende dele, temos um misto de senhorios que apenas estão preocupados em ganhar o máximo possível às custas dos outros, e senhores que, à luz dos costumes da época, vêem vantagens em melhorar a vida dos trabalhadores. Continua sempre a ser uma questão de dinheiro e poder, quer seja na atribuição de terras a determinado homem, na decisão de se declarar e alimentar uma guerra com outro país, ou até mesmo no julgamento de um crime. Há uma certa tolerância que é diretamente proporcional à quantidade de impostos e taxas que são entregues à coroa.
Os comerciantes e artesãos, naturalmente preocupados em ganhar dinheiro e estatuto, mas com a consciência de que, para prosperarem, necessitam de ajudar a cidade de Kingsbridge a crescer e tornar-se um polo comercial importante na zona. Não receiam investir para recolher os frutos mais tarde.
O povo, é o povo. Gente que trabalha por um punhado de moedas, muitas vezes apenas por um prato de comida que permita alimentar os filhos naquele dia. Os que trabalham no campo, estão presos a senhorios, que são mais seus proprietários do que empregadores. Sem oportunidades de subir na escala social, sem força anímica para lutarem por melhores condições.
Não sou fã da escrita de Ken Follett, já o disse antes e, infelizmente a minha opinião mantém-se. No entanto, gosto bastante destas suas histórias da época medieval, como a que encontramos no The Pillars of the Earth. Mais do que gostar do enredo, ou das personagens, gosto da forma como vamos aprendendo sobre a vida naqueles tempos. World Without End não foi uma desilusão a esse nível.
Porque parte da história atravessa os anos difíceis da peste negra na Europa, cheguei a essa parte da história, por coincidência, na altura em que começamos todos a ficar confinados em casa, por causa da pandemia, algo que, nenhum de nós alguma vez pensou atravessar nas nossas vidas.
Foi interessante ler sobre isso e, encontrar algumas semelhanças com o que começávamos a descobrir sobre a COVID-19 e a falta de conhecimento que existia sobre a peste negra. Todos os cuidados que hoje em dia sabemos serem básicos na prevenção da transmissão de doenças e que na altura ninguém tinha forma de saber. O cepticismo da Igreja em aceitar que a religião não tem resposta para tudo e que a ciência não é a inimiga. O papel das mulheres, como cuidadoras, dos doentes e dos enfermos, mas muito pouco toleradas como reformadoras, ou como capacitadas para mais do que cuidar dos outros. A vontade de serem mais, de aprender, acabava sempre por passar pelo convento, onde curiosamente as mulheres tinham a possibilidade de serem mais livres. Todas as outras, se tivessem sorte com o casamento, talvez conseguissem ter uma voz mais ativa na comunidade.
Ken Follett parece-me um daqueles escritores incontornáveis. Não é, para mim, um escritor que me encha as medidas, mas é um escritor ao qual acabo por voltar, essencialmente porque gosto muito das suas histórias e, por vezes, isso basta. :)
Recomendo!
Boas leituras!
Excerto (pág. 670):
"A voice in the crowd asked the question that was on everyone´s mind. "Are we all going to die, Brother Joseph?"
Joseph was the most popular of the monk-physicians. Now close to sixty years old and with no teeth, he was intellectual but had a warm bedside manner. Now he said: "We´re all going to die, friend, bu none of us knows when. That´s why we must always be prepared to meet God."
Betty Baxter spoke up, ever the probing questioner. "What can we do about the plague?" She said. "It is the plague, isnt it?"
"The best protection is prayer," Joseph said. "And, in case God has decided to take you regardless, come to church and confess your sins." (...)
Betty was not easily fobbed off. "Merthin says that in Florence people stayed in their homes to avoid contact with the sick. Is that a good ideia?"
"I don´t think so. Did the Florentines escape the plague?"
Everyone looked at Merthin, standing with Lolla in his arms.
"No, they didn´t escape," he said. "But perhaps even more would have died if they had done otherwise."
Joseph shook his head. "If you stay at home, you can´t go to church. Holiness is the best medicine."
Caris could not remain silent. "The plague spreads from one person to another," she said angrily. "If you stay away from other people, you´ve got a better chance of escaping infection."
Prior Godwyn spoke up. "So the women are the physicians now, are they?"
Caris ignored him. "We should cancel the market," she said. "It would save lifes."
"Cancel the market!" he said scornfully. "And how would we do taht? Send messengers to every village?"
"Shut the city gates," she replied. "Block the bridge. Keep all strangers out of town."
"But there are already sick people in town."
"Close all taverns. Cancel meetings of all guild. Prohibit guests at weddings."
Merthin said: "In Florence they even abandoned meetings of the city council."
Elfric spoke up. "Then how are people to do business?"
"If you do business, you´ll die," Caris said. "And you´ll kill your wife and children, too. So choose."
Betty Baxter said: "I don´t want to close my shop-I´d lose a lot of money. But I´ll do it to save my life." Caris´s hopes lifted at this, but then Betty dashed them again. "What do the doctors say? They know best." Caris groaned aloud.
Prior Godwyn said: "The plague has been sent by God to punish us for our sins. The world has become wicked. Heresy, lasciviousness, and disrespect are rife. Men question authority, women flaunt theis bodies, children disobey theis parents. God is angry, as His rage is fearsome. Don´t try to run from His justice! It will find you, no matter where you hide."