Ano da edição original: 2003
Autor: Patricia Cornwell
Tradução: Lucinda Santos Silva
Editora: Editorial Presença
"Em O Último Reduto alguém planeou uma terrível cilada à médica-legista Kay Scarpetta e ela arriscou-se seriamente a ir parar ao banco dos réus. Na esperança de encontrar alguma paz, Scarpetta muda-se para a Florida dedicando-se agora à consultoria privada. Contudo, o passado insiste em cruzar-se com o presente quando Scarpetta recebe notícias de Jean-Baptiste Chandonne, um louco dado aos prazeres do assassínio em série, que foi condenado à pena de morte, e que exige falar com Scarpetta, alegando possuir valiosíssimas informações que a Polícia desejaria obter. Mas uma descoberta assombrosa fará com que Scarpetta se sinta traída e profundamente revoltada com aqueles que mais estima…Um thriller brilhante escrito pela mão de uma das maiores especialistas deste género literário."
Andava com vontade de ler um policial e, confiando na sinopse, vai de ler um "escrito pela mão de uma dos maiores especialistas" do género, que não estou para fazer a coisa por menos. :) Não foi espectacular mas também não foi mau, houve partes de que gostei bastante (tanto quanto consigo gostar de policiais) e outras que me aborreceram. Aspecto positivo: gostei mais do que estava à espera e descobri que até sou capaz de gostar daqueles policiais mais tradicionais, do género Agatha Christie, que não me lembro de alguma vez ter lido. :)
Acho que falar deste género de livros sem revelar, de fio a pavio, o que lá se passa, é muito complicado. Neste caso em particular, sinto uma dificuldade acrescida porque A Mosca da Morte faz parte de uma série de livros, onde a Drª Kay Scarpetta é a personagem central e, para quem siga a saga, todas as personagens são velhos conhecidos. Por isso a apresentação das personagens não é feita neste livro, estas acabam mesmo por ser pouco exploradas e a relação entre elas, para quem não leu os outros livros, é muitas vezes confusa e pouco aprofundada pela autora. Sinto que é como comentar um pequeno excerto de uma história que, no seu conjunto é, possivelmente (porque nunca li mais nada da autora) mais interessante.
Mas, de uma forma resumida, neste livro estamos em 2004, seis anos depois de Jean-Baptiste Chadonne ter sido preso e condenado à morte por ter morto dezenas de mulheres e ter tentado matar Kay Scarpetta por quem mantém, mesmo no corredor da morte, uma estranha obsessão. O irmão gémeo de Jean-Baptiste, Jay Talley que partilha com o irmão o gosto por torturar e matar mulheres e a obsessão por Scarpetta, é o homem mais procurado dos Estados Unidos e continua a sua procura insana pelo termo certo que defina o que as suas vítimas sentem.
Numa trama, mais ou menos complexa, Jean-Baptiste, que não tem qualquer intenção de morrer na prisão de alta segurança, pelo menos sem antes terminar o que iniciou com Scarpetta, desencadeia uma série de acontecimentos com consequências imprevisíveis.
Um pouco alheada do verdadeiro perigo que corre, Scarpetta não se apercebe daquilo que as pessoas que a rodeiam e amam são capazes de fazer para a proteger... inclusive regressar do mundo dos mortos. ;)
E não vale a pena acrescentar mais nada acerca desta história cujo tema subjacente parece ser a obsessão. :)
Resumindo e baralhando, achei o livro "morno". Inicialmente pareceu-me interessante, estava a gostar da escrita e da forma como a história se desenvolvia mas, a páginas tantas, dei por mim a achar que a história estava a ser esticada, sem grandes desenvolvimentos, senti-me um pouco perdida relativamente ao passado das personagens, às insinuações feitas sem que depois houvesse uma explicação ou um desenvolvimento no sentido de as enquadrar na história. Acredito que muita da minha estranheza não existiria se tivesse seguido a ordem correcta dos livros mas, a verdade é que só depois de terminar a leitura descobri que o livro fazia parte de uma série e, embora essa descoberta tenha acabado por dar algum sentido à minha estranheza, acabei por ter pena de o livro não fazer muito sentido separado dos outros.
Enfim, não recomendo o livro em si, mas acho que posso recomendar a leitura, respeitando a ordem de edição, da série dedicada à Drª Scarpetta, porque gostei bastante da escrita e as personagens devidamente enquadradas têm potencial.
Boas leituras!
Excerto:
"Observa a mulher. É um cordeiro. Na vida há apenas dois tipos de pessoas: lobos e cordeiros.
A determinação de Jay para descrever perfeitamente a forma como os seus cordeiros se sentem tornou-se uma busca imparável, obsessiva. (...)
Agacha-se no chão do barco e escuta a respiração rápida, débil, do seu cordeiro. Ela estremece quando o terramoto de horror (à falta do termo exacto) lhe sacode todas as moléculas, causando uma destruição insuportável.
(...)
- Qual é a palavra? Diz-me o que sentes. E não me respondas assustada. És professora, porra. Deves ter um vocabulário com mais de cinco palavras.
- Sinto... sinto aceitação - diz ela soluçando.
- Sentes o quê?
- Não me vai libertar - diz ela. - Já percebi."
Andava com vontade de ler um policial e, confiando na sinopse, vai de ler um "escrito pela mão de uma dos maiores especialistas" do género, que não estou para fazer a coisa por menos. :) Não foi espectacular mas também não foi mau, houve partes de que gostei bastante (tanto quanto consigo gostar de policiais) e outras que me aborreceram. Aspecto positivo: gostei mais do que estava à espera e descobri que até sou capaz de gostar daqueles policiais mais tradicionais, do género Agatha Christie, que não me lembro de alguma vez ter lido. :)
Acho que falar deste género de livros sem revelar, de fio a pavio, o que lá se passa, é muito complicado. Neste caso em particular, sinto uma dificuldade acrescida porque A Mosca da Morte faz parte de uma série de livros, onde a Drª Kay Scarpetta é a personagem central e, para quem siga a saga, todas as personagens são velhos conhecidos. Por isso a apresentação das personagens não é feita neste livro, estas acabam mesmo por ser pouco exploradas e a relação entre elas, para quem não leu os outros livros, é muitas vezes confusa e pouco aprofundada pela autora. Sinto que é como comentar um pequeno excerto de uma história que, no seu conjunto é, possivelmente (porque nunca li mais nada da autora) mais interessante.
Mas, de uma forma resumida, neste livro estamos em 2004, seis anos depois de Jean-Baptiste Chadonne ter sido preso e condenado à morte por ter morto dezenas de mulheres e ter tentado matar Kay Scarpetta por quem mantém, mesmo no corredor da morte, uma estranha obsessão. O irmão gémeo de Jean-Baptiste, Jay Talley que partilha com o irmão o gosto por torturar e matar mulheres e a obsessão por Scarpetta, é o homem mais procurado dos Estados Unidos e continua a sua procura insana pelo termo certo que defina o que as suas vítimas sentem.
Numa trama, mais ou menos complexa, Jean-Baptiste, que não tem qualquer intenção de morrer na prisão de alta segurança, pelo menos sem antes terminar o que iniciou com Scarpetta, desencadeia uma série de acontecimentos com consequências imprevisíveis.
Um pouco alheada do verdadeiro perigo que corre, Scarpetta não se apercebe daquilo que as pessoas que a rodeiam e amam são capazes de fazer para a proteger... inclusive regressar do mundo dos mortos. ;)
E não vale a pena acrescentar mais nada acerca desta história cujo tema subjacente parece ser a obsessão. :)
Resumindo e baralhando, achei o livro "morno". Inicialmente pareceu-me interessante, estava a gostar da escrita e da forma como a história se desenvolvia mas, a páginas tantas, dei por mim a achar que a história estava a ser esticada, sem grandes desenvolvimentos, senti-me um pouco perdida relativamente ao passado das personagens, às insinuações feitas sem que depois houvesse uma explicação ou um desenvolvimento no sentido de as enquadrar na história. Acredito que muita da minha estranheza não existiria se tivesse seguido a ordem correcta dos livros mas, a verdade é que só depois de terminar a leitura descobri que o livro fazia parte de uma série e, embora essa descoberta tenha acabado por dar algum sentido à minha estranheza, acabei por ter pena de o livro não fazer muito sentido separado dos outros.
Enfim, não recomendo o livro em si, mas acho que posso recomendar a leitura, respeitando a ordem de edição, da série dedicada à Drª Scarpetta, porque gostei bastante da escrita e as personagens devidamente enquadradas têm potencial.
Boas leituras!
Excerto:
"Observa a mulher. É um cordeiro. Na vida há apenas dois tipos de pessoas: lobos e cordeiros.
A determinação de Jay para descrever perfeitamente a forma como os seus cordeiros se sentem tornou-se uma busca imparável, obsessiva. (...)
Agacha-se no chão do barco e escuta a respiração rápida, débil, do seu cordeiro. Ela estremece quando o terramoto de horror (à falta do termo exacto) lhe sacode todas as moléculas, causando uma destruição insuportável.
(...)
- Qual é a palavra? Diz-me o que sentes. E não me respondas assustada. És professora, porra. Deves ter um vocabulário com mais de cinco palavras.
- Sinto... sinto aceitação - diz ela soluçando.
- Sentes o quê?
- Não me vai libertar - diz ela. - Já percebi."
Já li outros policiais desta autora e com esta personagem, mas este ainda não. Por isso volto para ler este texto após ler o livro (o que me disseram as minhas irmãs, fãs da escritora, é que os livros com esta personagem ao longo dos anos vão se tornando cada vez mais cinzentos e opressivos).
ResponderEliminarredonda: É verdade que é um livro cinzento e opressivo, acho que as tuas irmãs devem ter razão. Fiquei curiosa para ler um dos primeiros, para poder conhecer e perceber melhor as personagens. :)
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