Título original: To Kill a Mockingbird
Ano da edição original: 1960
Autor: Harper Lee
Tradução: Fernando Ferreira-Alves
Editora:Difel
Autor: Harper Lee
Tradução: Fernando Ferreira-Alves
Editora:Difel
"Durante os anos da Depressão, Atticus Finch, um advogado viúvo de Maycomb, uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, recebe a dura tarefa de defender um homem negro injustamente acusado de violar uma jovem branca. Através do olhar curioso e rebelde de uma criança, Harper Lee descreve-nos os dia-a-dia de uma comunidade conservadora onde o preconceito e o racismo caracterizam as relações humanas, revelando-nos, ao mesmo tempo, o processo de crescimento, aprendizagem e descoberta do mundo típicos da infância. Recentemente, alguns dos mais importantes livreiros norte-americanos atribuíram grande destaque ao livro, ao elegerem-no como o melhor romance do século XX."
Não sei por onde começar... Por um lado tenho
imensas coisas para dizer, por outro, o que dizer sobre este livro fabuloso,
emocionante e divertido? Harper Lee escreveu um único livro e, fê-lo tão bem,
que ficou sem palavras, optando por não escrever mais nada.
A história passa-se numa pequena cidade do sul
dos EUA, em Maycomb, nos anos 30, em plena Grande Depressão, no seio de uma
comunidade conservadora e fechada.
Scout Finch é uma menina de 7 anos, rebelde e
maria-rapaz, é extremamente inteligente e possui uma inocência desarmante. O
irmão, Jem, uns anitos mais velho é o seu companheiro inseparável de
brincadeira. Juntamente com Dill, o rapaz que passa os Verões em casa da tia,
vizinha dos Finch, formam um trio maravilha, cujas brincadeiras acabam muitas
vezes em castigo. Um preço baixo a pagar pelo excesso de imaginação. :)
Atticus Finch é pai de Scout e Jem, viúvo e
advogado, é um pai invulgar para a época, deixando as crianças mais ou menos à
vontade e tratando-os sempre como seres inteligentes e capazes, e não como
meras crianças. A relação deste com os filhos é fantástica porque, embora estes o
tratem pelo nome, muito raramente o chamam de pai, o carinho que os une é
indiscutível e notório. As personagens são, a par da história, um dos pontos
mais fortes deste livro.
Quando Atticus é escolhido para defender em
tribunal um negro acusado de violar uma jovem branca, a vida da família Finch
sofre alguns percalços, com os habitantes de Maycomb a não tolerarem que
Atticus trabalhe para os "pretos". Muitas destas pessoas admitem até
a inocência do rapaz, no entanto nem lhes passa pela cabeça ilibá-lo do que
quer que seja, nunca quando do outro lado está um branco, mesmo que um não
muito estimado na comunidade.
São estas contradições, estes defeitos de
carácter que Scout e Jem vão estranhando, ao longo de todo o processo, e
questionando, uma vez que, na sua inocência de pessoas bem criadas, não
conseguem perceber o conceito de racismo.
Por Favor Não Matem a Cotovia é um livro que mais
do que tudo fala de respeito. Respeito pela diferença, respeito pelo espaço dos
outros, pelas opiniões dos outros e respeito pelos mais velhos. O facto de não
se focar apenas no racismo poderá ser umas das razões que o tem destacado, ao
longo dos anos, de toda a literatura que existe sobre o tema. No entanto,
acredito que é o tom despretensioso com que é escrito, onde nenhum ponto de
vista é imposto, que o tornam na obra incontornável e actual que é. Quem ainda
acredita que é na cor da pele que reside o nosso valor como seres humanos não
se sentirá ofendido ou espicaçado com a leitura deste livro, no mínimo
sentir-se-à envergonhado por nunca se ter apercebido de algo tão óbvio e de ter
precisado que uma criança de 7 anos lho explicasse.
Para além dos temas mais ou menos pesados, o
livro é naturalmente muito divertido pois, Scout, Jem e Dill são crianças
maravilhosas. A leitura é muito fluída, não só porque a escrita é muito
acessível mas porque as personagens estão todas muito bem desenvolvidas e a
autora consegue manter-nos, enquanto leitores, sempre interessados na história.
Gostei muito e por isso, recomendo, sem quaisquer
reservas.
Boas leituras!
Excerto:
"Tinha a sua própria visão das coisas,
talvez bastante diferente da minha... filho, eu disse-te que se tu não tivesses
perdido a cabeça, eu ter-te-ia mandado ler para ela na mesma. Queria que visses
qualquer coisa nela...queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de
pensares que coragem é um homem com uma arma nas mãos. Coragem é sabermos que
estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente
até ao fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos. E Mrs. Dubose ganhou,
do princípio ao fim, da cabeça aos pés. Segundo a sua visão das coisas, ela
morreu livre e sem dever nada a ninguém. Era a pessoa mais corajosa que já
conheci."
Gostei deste artigo!
ResponderEliminarTambém terminei recentemente "Não Matem a Cotovia", de Harper Lee.
http://numadeletra.com/13274.html
Um abraço,
numadeletra
Também gostei imenso deste livro e da sua apreciação.
ResponderEliminarTambém senti necessidade de descrever sobre ele e há tanto sobre que escrever.
Almerinda Bento