Ano da edição original: 2007
Autor: Ondjaki
Editora: "Colecção BIIS" da Leya
"Há espaços que são sempre nossos. E quem os habita, habita também em nós. Falamos da nossa rua, desse lugar que nos acompanha pela vida. A rua como espaço de descoberta, alegria, tristeza e amizade. Os da minha rua tem nas suas páginas tudo isso. "
Quem nunca leu um livro de um escritor africano lusófono não faz ideia do que anda a perder. A musicalidade que colocam nas palavras, a forma como transformam o nosso português numa língua mais doce, mais alegre, quase uma nova língua, é do melhor que podemos encontrar. Apercebo-me do quão afortunados somos porque os podemos ler sem traduções pelo meio, porque por mais diferente que sejam as palavras, as expressões, o que partilhámos e continuamos a partilhar está lá, no idioma e na história que, para o mal e para o bem, temos em comum.
Os da Minha Rua é um hino à infância, às crianças, às brincadeiras, aos risos e gargalhadas, aos primeiros amores, à constante descoberta de um mundo imenso e maravilhoso, que à medida que crescemos se vai tornando cada vez mais pequeno e previsível. É um hino à amizade, à família, aos pais, aos irmãos, aos avós e aos tios e primos. :)
Ondjaki, neste pequeno livro de pequenas histórias consegue colocar tudo isto, com uma escrita divertida, emocionante e envolvente que nos transporta a todos para a rua da nossa infância, para a inocência dos tempos simples e aconchegantes.
É um livro para ler e reler sempre que tivermos necessidade de recordar que a vida já foi bem mais simples e o riso bem mais fácil.
Recomendo, como é óbvio!
Boas leituras!
Excerto (pág. 113):
"Deixei os braços pousarem na madeira inchada e húmida, abri um pouco a janela a pensar que isso de olhar a chuva de frente podia abrandar o ritmo dela, ouvi lá em baixo, na varanda, os passos da avó Agnette que se ia sentar na cadeira da varanda a apanhar fresco, senti que despedir-me da minha casa era despedir-me dos meus pais, das minhas irmãs, da avó e era despedir-me de todos os outros: os da minha rua, senti que a rua não era um conjunto de casas mas uma multidão de abraços, a minha rua, que sempre se chamou Fernão Mendes Pinto, nesse dia ficou espremida numa só palavra que quase me doía na boca se eu falasse com palavras de dizer: infância. "
Vou procurá-lo :)
ResponderEliminarVais gostar. :)
EliminarAmo esse tipo de leitura, é quase um ninar. Li um livro quando criança se chamava Se não me engano, Uma rua como aquela. Me encantou, eu era criança e aquela leitura dificil pra mim era tão facinante quanto aqueles filmes mal entendidos. Amei a dica, vou procura-lo. Abraços. :D
ResponderEliminarAdoro a expressão ninar :) e é exactamente isso que o livro lembra. :)
EliminarTambém adoro os filmes que não entendo, mas que nos deixam a sensação de estarmos perante algo fascinante.
Concordo com o que diz na generalidade para os escritores lusófonos de África, especialmente Ondjaki, apesar de não ter ainda lido este título em concreto.
ResponderEliminarHá coisas do arco da velha, N. Acabei de escrever no blogue da Denise que as palavras tambémsãomelodias e que os bons livros são musicais e chego aqui e a primeiracoisa queleio é atua referência à musicalidade de Ondjaki.
ResponderEliminarOndjaki é um dos escritores mais musicais que já li! E tens toda a razão quanto à literatura lusófona. É um caso muito sério e desconfio que se eles fossem americanos, ui ui, o que eles venderiam! Acima de tudo,falo de Onjaki, Mia Couto, Pepetela, Agualusa mas também outros menos conhecidos como Filinto de Barros, Manuel Rui, Germano Almeida, etc.
(desculpem o meu teclado está com problemas na tecla de espaço)
ResponderEliminarNão dá para resistir às suas palavras. Sim com muita musicalidade. Sim com muita poesia. Sim com muitos cheiros e sabores. Sim com muitas cores.
ResponderEliminarQuero muito ler "Os da Minha Rua"! :)
Olá
ResponderEliminarSou fã de Ondjaki!
Divulguei o teu espaço. Espero que gostes. Bjinhos
http://lerviverler.blogspot.pt/2015/03/vida-noutro-blog-149.html