Título original: El Hablador
"Romance de dois mundos e duas linguagens, O Falador, de Mario Vargas Llosa, é uma obra que de novo arrasta os leitores para o interior do universo de magia e exotismo próprio do grande escritor peruano. Trata-se de uma ficção que sistematicamente contrapõe os ambientes da selva e da cidade, espelhando desse modo duas atitudes opostas face à vida e aos seus valores. Um narrador moderno e racional e o contador de histórias de uma tribo amazónica asseguram e estruturam em alternância o desenvolvimento do relato."
Ano da edição original: 1987
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: António José Massano
Editora: "Colecção BIIS" da Leya
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: António José Massano
Editora: "Colecção BIIS" da Leya
"Romance de dois mundos e duas linguagens, O Falador, de Mario Vargas Llosa, é uma obra que de novo arrasta os leitores para o interior do universo de magia e exotismo próprio do grande escritor peruano. Trata-se de uma ficção que sistematicamente contrapõe os ambientes da selva e da cidade, espelhando desse modo duas atitudes opostas face à vida e aos seus valores. Um narrador moderno e racional e o contador de histórias de uma tribo amazónica asseguram e estruturam em alternância o desenvolvimento do relato."
Quando iniciei este livro, por causa da linguagem, senti que tinha regressado a casa. Aquela sensação que temos quando nos deparamos com algo que nos é familiar e querido. É o que acontece quando leio escritores portugueses, luso-africanos e também com os sul-americanos. Preparei-me para uma leitura compulsiva e para acabar o livro em dois tempos. Infelizmente, ao fim de umas páginas, estava a lutar com a história, ou melhor, com a forma como é contada a história de Mascarita e a sua obsessão por uma tribo amazónica, os Machiguengas. Mario Vargas Llosa é um daqueles escritores que tanto posso adorar como detestar. Não detestei este livro, mas dou por mim a pensar que raios está o homem para aqui a escrever... Nada faz muito sentido e confesso-me irritada com o autor.
A forma como ele complica o relato da vida de gente, aparentemente tão simples, tão próximos da natureza e afins, transcende-me.
O Falador é um livro que se centra essencialmente na tribo peruana, os Machiguengas, e na sua forma de ver o mundo, cheia de superstições, de realismo mágico e da ligação estreita que têm com a natureza e com os locais que escolhem para viver.
Questiona a presença e o trabalho das diversas instituições e organizações que, mesmo que com boas intenções, se mudam de armas e bagagens para junto destas tribos, para as ajudar. Dão-lhes ferramentas para fazer as coisas de maneira diferente, apresentam-lhes o conceito do trabalho remunerado e as vantagens de fixar as comunidades, deixando ser ser nómadas. Algumas destas organizações aproveitam para espalhar a palavra de Deus entre estas tribos, para que, pouco a pouco, se vão afastando das suas próprias crenças e encontrem o caminho certo, da salvação.
O que é que, como sociedade dita civilizada, lhes podemos ensinar? Queremos que estas tribos, estas comunidades, se tornem iguais a nós? Será que, na nossa boa vontade, não estamos a fazer com que percam a sua identidade e caminhem para a extinção? É possível que continuem fiéis a si próprias, que continuem a andar para impedir que o Sol caía e o mundo fique para sempre na escuridão? No fundo, a grande questão é, para que é que estas pessoas precisam de nós?
Enfim, no geral a mensagem é interessante, mas não posso dizer que tenha gostado do livro. Não me identifiquei com a forma como ele conta a história. Achei o livro confuso e pouco estruturado. Se este tivesse sido o primeiro livro que li do Mario Vargas Llosa, provavelmente não iria ler mais nada dele.
Boas leituras!
O Falador é um livro que se centra essencialmente na tribo peruana, os Machiguengas, e na sua forma de ver o mundo, cheia de superstições, de realismo mágico e da ligação estreita que têm com a natureza e com os locais que escolhem para viver.
Questiona a presença e o trabalho das diversas instituições e organizações que, mesmo que com boas intenções, se mudam de armas e bagagens para junto destas tribos, para as ajudar. Dão-lhes ferramentas para fazer as coisas de maneira diferente, apresentam-lhes o conceito do trabalho remunerado e as vantagens de fixar as comunidades, deixando ser ser nómadas. Algumas destas organizações aproveitam para espalhar a palavra de Deus entre estas tribos, para que, pouco a pouco, se vão afastando das suas próprias crenças e encontrem o caminho certo, da salvação.
O que é que, como sociedade dita civilizada, lhes podemos ensinar? Queremos que estas tribos, estas comunidades, se tornem iguais a nós? Será que, na nossa boa vontade, não estamos a fazer com que percam a sua identidade e caminhem para a extinção? É possível que continuem fiéis a si próprias, que continuem a andar para impedir que o Sol caía e o mundo fique para sempre na escuridão? No fundo, a grande questão é, para que é que estas pessoas precisam de nós?
Enfim, no geral a mensagem é interessante, mas não posso dizer que tenha gostado do livro. Não me identifiquei com a forma como ele conta a história. Achei o livro confuso e pouco estruturado. Se este tivesse sido o primeiro livro que li do Mario Vargas Llosa, provavelmente não iria ler mais nada dele.
Boas leituras!
Excerto (pág. 35):
"Contou que, poucos dias antes, tinha havido uma discussão no Departamento de Etnologia. Saul Zuratas desconcertou-os a todos proclamando que as consequências do trabalho dos etnólogos eram semelhantes à acção dos seringueiros, madeireiros, recrutadores do Exército e demais mestiços e brancos que estavam a dizimar as tribos.
- Disse que retomámos o trabalho onde o deixaram os missionários na época da colonização - acrescentou. - Que nós, com o paleio da ciência, como eles com o da evangelização, somos a ponta da lança dos exterminadores de índios."
Vargas Llosa é um dos meus escritores favoritos, e tinha ficado curioso pela tua opinião quando vi que o estavas a ler. É um livro que ainda não li, mas lerei.
ResponderEliminarCumprimentos,
Rui Quinta (Na Brevidade)
Também gosto de Vargas Llosa. Deste, não gostei assim tanto... Talvez me tenha apanhado numa fase de menor concentração. Não sei.
EliminarOlá,
ResponderEliminarNunca li nada deste escritor, mas sinto-me muito tentada a ler. Tenho cá em casa «Travessuras da Menina Má» acho que vou começar por ler esse.
Boas leituras.
Um autor a descobrir ainda. Talvez comece pelo mesmo que a Carla refere. É o que tenho aqui em casa. 😉
ResponderEliminar