Título original: Contracorpo
Ano de edição: 2013
Autor: Patrícia Reis
Editora: Publicações Dom Quixote
"Uma mulher fica viúva com dois filhos. Alguns anos depois da morte do marido, a vida não se refez e o filho mais velho, agora adolescente, cresce contra a mãe, num silêncio obstinado que só quebra nas histórias que se conta para adormecer e nos desenhos que faz de forma compulsiva. Com o anúncio do chumbo escolar, a mãe decide, sem grandes reflexões, fazer uma viagem com este filho, deixando o pequeno com os avós. Não se trata de uma viagem com destino, mas antes uma procura.
Contracorpo é um livro contra o silêncio é sobre o silêncio. É uma história de procura de identidades distintas - da mulher e do quase-homem - e ainda de descobertas.
Uma mãe nunca é o que se espera.
Um filho é sempre uma surpresa.
O encontro dá-se enquanto procuram caminhos, de Lisboa a Roma, num jogo de claro-escuro. Como se tudo fosse uma imagem."
Contracorpo é um livro contra o silêncio é sobre o silêncio. É uma história de procura de identidades distintas - da mulher e do quase-homem - e ainda de descobertas.
Uma mãe nunca é o que se espera.
Um filho é sempre uma surpresa.
O encontro dá-se enquanto procuram caminhos, de Lisboa a Roma, num jogo de claro-escuro. Como se tudo fosse uma imagem."
Patrícia Reis tem vindo a revelar-se como uma escritora que é impossível não ler. A forma como escreve é... não sei que palavra poderá descrever a escrita dela... talvez natural? Emocional? Não sei. Só sei que gosto porque me parece, como leitora, uma escrita despretensiosa, muito eficiente na forma como nos envolve enquanto leitores e que facilmente nos transporta para dentro da história que conta. Sinto, quando acabo de ler um livro dela que, de certa forma, estou diferente. :)
Inicialmente, Contracorpo parece ser a história de uma mãe e do filho adolescente e da relação difícil que os pais e filhos têm nestas idades. Contracorpo acaba por ser a história de uma mulher, que é muito mais do que a mãe de um adolescente, que embarca numa viagem para se redescobrir e que, nessa viagem, se dá a conhecer ao filho adolescente que nunca pensou na mãe senão como mãe. Como se a vida dela tivesse começado no dia em que ele nasceu.
Nessa viagem, a mãe deixa de lado o papel de mãe e tenta compreender o filho, como a pessoa que é, não olhando para ele apenas como o seu filho, e o filho deixa de julgar a mãe e, conhecendo a mulher acaba por compreender e aceitar a mãe.
É um livro muito interessante de se ler. Os capítulos são curtos, muito ao estilo de Patrícia Reis, alternando entre a narração do filho e a narração da mãe. Embora o livro possa ser, por vezes, angustiante, a energia que emana das páginas é acima de tudo muito positiva.
Gostei muito deste livro e só posso recomendar. Por favor leiam Patrícia Reis, porque vale mesmo a pena.
Boas leituras!
Excerto (pág. 207):
"E, mãe, depois disto tudo, quero dizer-te que já percebi que sei pouco sobre ti.
Como assim?
Uma coisa és tu como mãe, a outra és tu como pessoa. Eu nunca tinha entendido que há uma diferença.
Não sei se há uma diferença, Pedro.
Há uma diferença, quando és mãe tentas cumprir um plano que muitas vezes nõ corre bem porque não sabes prever o que vamos fazer. Como pessoa talvez gostasses de ter feito outras coisas. Percebo isso agora.
Reserva-se. Não sabe o que dizer. Pedro tem razão, claro, uma coisa é o plano, a ideia de cumprir com qualquer tarefa que a faça a melhor mãe do mundo numa competição em que não se lembra de se ter inscrito. Outra coisa, como tantas vezes lhe disse a psiquiatra, é a Maria fora da equação da maternidade. O que era ela? Para onde vai? (...) Revê-se no filho, na sua insegurança, na procura de um lugar. Tem mais de quarenta anos e saberá ela onde pertence? Onde é que encaixa? De repente, o filho parece-lhe mais seguro, mais adulto que ela própria. Na esperança de ser outra coisa, a viagem era para os obrigar a ter uma relação. O que sucedera resumia-se a formas de olhar distintas. Pedro descobriu outra mãe em Maria e ela percebeu mais coisas no filho. Já não são o contracorpo um do outro, são dois corpos em frente um ao outro, a verem-se, a analisarem-se, a medirem-se."
Inicialmente, Contracorpo parece ser a história de uma mãe e do filho adolescente e da relação difícil que os pais e filhos têm nestas idades. Contracorpo acaba por ser a história de uma mulher, que é muito mais do que a mãe de um adolescente, que embarca numa viagem para se redescobrir e que, nessa viagem, se dá a conhecer ao filho adolescente que nunca pensou na mãe senão como mãe. Como se a vida dela tivesse começado no dia em que ele nasceu.
Nessa viagem, a mãe deixa de lado o papel de mãe e tenta compreender o filho, como a pessoa que é, não olhando para ele apenas como o seu filho, e o filho deixa de julgar a mãe e, conhecendo a mulher acaba por compreender e aceitar a mãe.
É um livro muito interessante de se ler. Os capítulos são curtos, muito ao estilo de Patrícia Reis, alternando entre a narração do filho e a narração da mãe. Embora o livro possa ser, por vezes, angustiante, a energia que emana das páginas é acima de tudo muito positiva.
Gostei muito deste livro e só posso recomendar. Por favor leiam Patrícia Reis, porque vale mesmo a pena.
Boas leituras!
Excerto (pág. 207):
"E, mãe, depois disto tudo, quero dizer-te que já percebi que sei pouco sobre ti.
Como assim?
Uma coisa és tu como mãe, a outra és tu como pessoa. Eu nunca tinha entendido que há uma diferença.
Não sei se há uma diferença, Pedro.
Há uma diferença, quando és mãe tentas cumprir um plano que muitas vezes nõ corre bem porque não sabes prever o que vamos fazer. Como pessoa talvez gostasses de ter feito outras coisas. Percebo isso agora.
Reserva-se. Não sabe o que dizer. Pedro tem razão, claro, uma coisa é o plano, a ideia de cumprir com qualquer tarefa que a faça a melhor mãe do mundo numa competição em que não se lembra de se ter inscrito. Outra coisa, como tantas vezes lhe disse a psiquiatra, é a Maria fora da equação da maternidade. O que era ela? Para onde vai? (...) Revê-se no filho, na sua insegurança, na procura de um lugar. Tem mais de quarenta anos e saberá ela onde pertence? Onde é que encaixa? De repente, o filho parece-lhe mais seguro, mais adulto que ela própria. Na esperança de ser outra coisa, a viagem era para os obrigar a ter uma relação. O que sucedera resumia-se a formas de olhar distintas. Pedro descobriu outra mãe em Maria e ela percebeu mais coisas no filho. Já não são o contracorpo um do outro, são dois corpos em frente um ao outro, a verem-se, a analisarem-se, a medirem-se."
Sem comentários:
Enviar um comentário