Título original: Serpentina
Ano de edição: 2014
Autor: Mário Zambujal
Editora: Clube do Autor
"Ingénuo e atrevido, sonhador e realista, pontual e transgressões, o mundo de Bruno D. L. Bracelim leva-nos a situações armadilhadas e a um mundo feminino que mostra o perigo encantador de supostos rostos perfeitos.
A poucos dias de soprar as sete velas, o seu destino sofreu uma entorse. A família partiu para o Canadá e ele, criança enfermiça, ficou a cargo dos desvelos da madrinha Henriqueta. Chegado à idade adulta, solteiro e bom rapaz, passa as noites no terraço de sua casa, saudando a lua e adivinhando ao longe, noutro terraço, os contornos de uma esguia figura de mulher, enquanto persegue uma obsessão: a demanda do rosto feminino insuperável.
Mas não há bela sem senão. E o destino prega-lhe outra partida. O que lhe parecia ser um mero encontro profissional acaba por se transformar num estranho caso. Uma avaria no seu mini e uma pancada de um jipe conduzido por uma mulher enigmática é o princípio de uma trama que o levará a situações nunca imaginadas.
E tudo o que parecia previsível, exacto, perfeito, como um relógio suíço, acaba por se transformar num enredo de acasos em que a realidade ultrapassa a ficção a provar que nada é mais imprevisível do que o passado.
Com o seu estilo inconfundível, Mário Zambujal oferece-nos páginas de supremo divertimento em que a imaginação e o humor se entrelaçam com a reflexão e a emoção. "
Mário Zambujal é uma estreia na minha estante e, uma agradável surpresa. O livro é ideal para um dia de chuva ou um daqueles dias em que queremos ler mas nada de muito denso.
Serpentina narra a história de Bruno Bracelim, um argumentista, que tenta sobreviver entre trabalhos.
Bruno valoriza muito a ordem e a previsibilidade na sua vida. Pessoas que se atrasam tiram-no do sério e procura, desde que se lembra, a mulher com o rosto perfeito e que será a mulher da sua vida. Como é natural nem tudo é previsível e a perfeição é um conceito muito subjectivo e, por isso Bruno acaba por se ver envolvido numa série de acontecimentos estranhos e sobre os quais não tem qualquer tipo de controlo.
Com muito humor à mistura, Serpentina é um livro que se lê num ápice, bem escrito e com aquele gostinho português que só os nossos autores nos conseguem dar.
Serpentina tem ainda a particularidade de estar livre de todos os estrangeirismos de que se possam lembrar... Mesmo todos. :) Todas as palavras com origem anglo-saxónica são aportuguesadas e, embora seja estranho e não tenha percebido bem o porquê, acaba por ser divertido.
Mário Zambujal é para manter na minha lista de autores que quero continuar a explorar.
Gostei e recomendo!
Boas leituras!
Excerto (pág. 130):
"Escanhoo-me com lâmina em estreia, massajo a cara com afetercheive, o tronco, os braços, e as pernas não ficam sem bodimilque. Quanto ao vestir, hesito entre jines e chortes a condizer com a tichârte, mas concluo que indispensável é o blêiser e acompanhado por peças a que se dá os estranhos nomes de calças e camisa. "
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