Ano da edição:2009
Autor: David Liss
Tradução: Ana Mendes Lopes
Editora: Saída de Emergência
Autor: David Liss
Tradução: Ana Mendes Lopes
Editora: Saída de Emergência
"1722, Londres. Benjamin Weaver, judeu português, espadachim destemido, antigo pugilista e mestre do disfarce, vê-se aprisionado num jogo mortífero contra uma das figuras mais enigmáticas do seu tempo: Jerome Cobb.
Chantageado a roubar documentos com segredos valiosos da poderosa Companhia Britânica das Índias Orientais, cedo Benjamin se apercebe que esse roubo é apenas o primeiro passo numa audaciosa conspiração. Para salvar os seus amigos das garras de Cobb, Benjamin terá de infiltrar a Companhia, manipular vários dos seus mais influentes membros e desvendar uma trama secreta que envolve rivais, espiões estrangeiros e oficiais do governo.
Com milhões de libras e a segurança da nação em jogo, Benjamin enfrentará conspirações secretas, inimigos formidáveis e aliados inesperados. Numa pesquisa histórica escrupulosa de David Liss, A Companhia do Diabo retrata o nascimento das corporações modernas, numa narrativa de grande suspense."
Os livros do David Liss foram dos primeiros, da então nova editora Saída Emergência, a captar a minha atenção. A Saída de Emergência na altura veio trazer uma lufada de ar fresco ao mundo editorial, com as capas diferentes de todas as que até aí existiam, autores desconhecidos (muitos deles portugueses) e mais direccionada para a literatura Fantástica e o Romance Histórico, onde se encaixavam os do David Liss - A Conspiração de Papel, O Mercador Português e O Grande Conspirador. A verdade é que acabei por ficar com um carinho especial pelos livros do
David Liss e pela sua personagem fetiche, Benjamim Weaver, um ex-pugilista judeu, descendente de portugueses a viver na Londres do século XVIII. :)
Já lá vão uns anos desde que li o último dele, e ao pegar neste A Companhia do Diabo, foi como reencontrar um velho conhecido e gostar do que encontramos porque ele envelheceu bem.
Isto tudo para dizer que, para mim David Liss, é um daqueles autores a quem reconheço falhas, mas do qual gosto muito. É um daqueles autores, sobre os quais a minha opinião será sempre mais baseada em emoções e menos racional. Porque que é que gosto? Olhem, porque sim! :)
Com isto não quero menosprezar os livros, ou dizer que são maus, longe disso. Quero antes dizer que não são obras-primas mas também não são apenas entretenimento. Para além de nos deixarem bem-dispostos, aprendemos algumas coisas e estão relativamente bem escritos (avaliando apenas as obras traduzidas). Acho que são, acima de tudo despretensiosos.
Relativamente ao A Companhia do Diabo, é um livro que se lê muito bem e onde reencontrei um Benjamin Weaver aparentemente mais maduro, a trabalhar como detective privado e com fama de ser muito bom naquilo que faz. Tão bom que chama a atenção de Jerome Cobb, um homem misterioso que ninguém parece conhecer. Cobb arrasta Weaver para uma missão perigosa, envolvendo a Companhia das Índias Orientais, o comércio de tecidos e algumas das figuras mais importantes da sociedade londrina, ameaçando-o, caso não colabore, prejudicar o tio e dois amigos.
Pouco habituado a seguir regras e a ser obrigado a fazer o que quer que seja, Benjamin irá, como é natural, lutar com todos os meios ao seu alcance para reverter a situação em que se encontra a seu favor. Algumas coisas correm-lhe de feição, outras nem tanto.
O livro lê-se muito bem, embora às vezes se possa tornar um pouco maçudo. Não sei se maçudo é o termo correcto, às vezes parece que Weaver verbaliza demasiado o que lhe passa pela cabeça, a escrita pode parecer, por vezes, menos polida, menos madura ou trabalhada. No entanto, nada que estrague o ritmo da história e que impeça o envolvimento e o interesse em descobrir e desvendar o mistério. A descrição da época e o ambiente criado, estão bem conseguidos, bem como as personagens. Acho-lhes piada e gosto da forma como a história se vai desenrolando.
O tema também nos prende ao livro e é interessante perceber como é que as grandes companhias, financeiras ou comerciais, neste caso, nasceram. O comportamento e a influência que tinham na altura e que permanece, nos dias de hoje, praticamente inalterado. A forma abusiva com que tratavam os concorrentes e os meios que utilizavam para sabotar todo e qualquer acontecimento que pudesse vir a ser uma ameaça ao lugar que ocupavam e ao poder que adquiriram e não pretendiam perder. Valia tudo, no século XVIII e continua a valer tudo no século XXI. Os meios utilizados até podem não ser os mesmos, mas os fins continuam a justificá-los.
Resumindo e baralhando, recomendo por diversas razões:
1ª É um livro do David Liss e, já o disse, acho-lhe piada;
2ª A história é boa e está bem escrita;
3ª O tema é interessante;
4ª Não sei se é por Benjamin ser descendente de judeus portugueses, mas sente-se alguma lusofonia no livro o que é curioso porque David Liss, até onde sei, não tem qualquer ligação com Portugal.
Poderia continuar a enumerar as razões pelas quais recomendo os livros de David Liss, mas acho que não iria acrescentar nada ao que já foi dito, portanto, leiam!:)
Boas leituras!
Já lá vão uns anos desde que li o último dele, e ao pegar neste A Companhia do Diabo, foi como reencontrar um velho conhecido e gostar do que encontramos porque ele envelheceu bem.
Isto tudo para dizer que, para mim David Liss, é um daqueles autores a quem reconheço falhas, mas do qual gosto muito. É um daqueles autores, sobre os quais a minha opinião será sempre mais baseada em emoções e menos racional. Porque que é que gosto? Olhem, porque sim! :)
Com isto não quero menosprezar os livros, ou dizer que são maus, longe disso. Quero antes dizer que não são obras-primas mas também não são apenas entretenimento. Para além de nos deixarem bem-dispostos, aprendemos algumas coisas e estão relativamente bem escritos (avaliando apenas as obras traduzidas). Acho que são, acima de tudo despretensiosos.
Relativamente ao A Companhia do Diabo, é um livro que se lê muito bem e onde reencontrei um Benjamin Weaver aparentemente mais maduro, a trabalhar como detective privado e com fama de ser muito bom naquilo que faz. Tão bom que chama a atenção de Jerome Cobb, um homem misterioso que ninguém parece conhecer. Cobb arrasta Weaver para uma missão perigosa, envolvendo a Companhia das Índias Orientais, o comércio de tecidos e algumas das figuras mais importantes da sociedade londrina, ameaçando-o, caso não colabore, prejudicar o tio e dois amigos.
Pouco habituado a seguir regras e a ser obrigado a fazer o que quer que seja, Benjamin irá, como é natural, lutar com todos os meios ao seu alcance para reverter a situação em que se encontra a seu favor. Algumas coisas correm-lhe de feição, outras nem tanto.
O livro lê-se muito bem, embora às vezes se possa tornar um pouco maçudo. Não sei se maçudo é o termo correcto, às vezes parece que Weaver verbaliza demasiado o que lhe passa pela cabeça, a escrita pode parecer, por vezes, menos polida, menos madura ou trabalhada. No entanto, nada que estrague o ritmo da história e que impeça o envolvimento e o interesse em descobrir e desvendar o mistério. A descrição da época e o ambiente criado, estão bem conseguidos, bem como as personagens. Acho-lhes piada e gosto da forma como a história se vai desenrolando.
O tema também nos prende ao livro e é interessante perceber como é que as grandes companhias, financeiras ou comerciais, neste caso, nasceram. O comportamento e a influência que tinham na altura e que permanece, nos dias de hoje, praticamente inalterado. A forma abusiva com que tratavam os concorrentes e os meios que utilizavam para sabotar todo e qualquer acontecimento que pudesse vir a ser uma ameaça ao lugar que ocupavam e ao poder que adquiriram e não pretendiam perder. Valia tudo, no século XVIII e continua a valer tudo no século XXI. Os meios utilizados até podem não ser os mesmos, mas os fins continuam a justificá-los.
Resumindo e baralhando, recomendo por diversas razões:
1ª É um livro do David Liss e, já o disse, acho-lhe piada;
2ª A história é boa e está bem escrita;
3ª O tema é interessante;
4ª Não sei se é por Benjamin ser descendente de judeus portugueses, mas sente-se alguma lusofonia no livro o que é curioso porque David Liss, até onde sei, não tem qualquer ligação com Portugal.
Poderia continuar a enumerar as razões pelas quais recomendo os livros de David Liss, mas acho que não iria acrescentar nada ao que já foi dito, portanto, leiam!:)
Boas leituras!
Excerto (pág. 93):
"Vim aqui repetir o aviso do senhor Cobb para que não investigue a natureza dos seus negócios. Ele teve conhecimento de que tanto o seu tio como o seu amigo andaram a fazer perguntas pouco apropriadas sobre a sua pessoa. uma vez que se encontrou com o senhor Gordon e com o seu tio, assim como mais tarde se encontrou com o senhor Franco, não posso deixar de pensar que o senhor continua a prosseguir com as investigações contra as quais foi firmemente avisado.
Não lhe respondi.Como poderiam eles saber? A resposta era óbvia. Estava a ser seguido e não por Westerly, porque um homem daquele tamanho não podia viajar pelas ruas sem ser visto. Havia outras pessoas a seguir-me. Quem era Jerome Cobb para ter tantos homens ao seu serviço?"
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