Título original: Different Class
Ano da edição original: 2016
Autor: Joanne Harris
Tradução do Inglês: Elsa T. S. Vieira
Editora: Edições Asa
Ano da edição original: 2016
Autor: Joanne Harris
Tradução do Inglês: Elsa T. S. Vieira
Editora: Edições Asa
"A vaga de modernidade parece imparável e inclui a admissão de raparigas, novas tecnologias, uma possível "fusão" com um colégio feminino, e até um novo diretor. É por esse motivo que Roy Straitley, o excêntrico professor de Latim, decide adiar a sua reforma. Há mais de trinta anos que Straitley dá aulas em St. Oswald, onde ele próprio estudou. Para ele, a escola é o seu lar e a sua vida. Enquanto faz os possíveis para manter a tradição, o professor descobre que o novo diretor é nada mais nada menos que um ex-aluno seu, um rapaz cuja memória nunca deixou de o atormentar. E que representa agora uma ameaça que apenas Straitley consegue antever. Pois o novo diretor é admirado por todos. Mas por entre o pó de giz que cintila sob o sol de Outono e o ranger das tábuas do soalho ancestral, há sombras que se agitam... e alguém que aguarda o momento certo para ajustar contas com o passado."
Em Uma Questão de Classe, voltamos a St. Oswald uns meses depois dos acontecimentos de Xeque ao Rei. Roy Straitley, o professor de latim, prepara-se para mais um ano lectivo e está motivado para ajudar o colégio a ultrapassar mais um escândalo.
No entanto, este ano lectivo parece ter preparado para ele um regresso ao passado, com a notícia de que um ex-aluno de St. Oswald é o novo diretor do centenário colégio. Straitley lembra-se bem demais deste ex-aluno e as memórias que tem do tempo em que, o agora diretor, frequentou o colégio são-lhe dolorosas e difíceis de reviver. Para além disso, esta mudança parece trazer mais mudanças à vida do colégio. O progresso parece querer tomar de assalto as tradições de St. Oswald e o velho professor de latim não parece estar disposto a ser ultrapassado sem dar luta e defender aquilo que acha ser o melhor para a instituição que foi, é e sempre será a sua casa.
Uma Questão de Classe fala de homossexualidade, de pedofilia, de fanatismo religioso e de mentes distorcidas e doentias. Mistura explosiva? Com certeza que sim.
Também fala de tradição e progresso e do preço de cada uma delas. Fala de adolescência e do difícil que pode ser ser-se diferente num mundo pouco tolerante à diferença.
E basicamente é isto.
Xeque ao Rei é um dos livros, de Joanne Harris, de que gosto muito. É natural que as minhas expectativas para este regresso a St. Oswald fossem elevadas. E não foram defraudadas. É um livro ao estilo Joanne Harris, que segue a receita de Xeque ao Rei, com um twist mais para o fim. :)
Pessoalmente, talvez tenha sentido falta de uma personagem feminina forte que a escritora tão bem sabe criar.
Embora continue a gostar muito de Joanne Harris, este últimos livros dela têm sido menos envolventes. Só não sei se foi ela que mudou como escritora ou se fui eu que mudei como leitora. O que quer que tenha mudado nesta nossa relação de tanto anos, uma coisa é certa, haveremos de nos alinhar novamente. :)
Recomendo, como não poderia deixar de ser.
Boas leituras!
Excerto (pág. 158):
"Ele parecia inseguro.
No entanto, este ano lectivo parece ter preparado para ele um regresso ao passado, com a notícia de que um ex-aluno de St. Oswald é o novo diretor do centenário colégio. Straitley lembra-se bem demais deste ex-aluno e as memórias que tem do tempo em que, o agora diretor, frequentou o colégio são-lhe dolorosas e difíceis de reviver. Para além disso, esta mudança parece trazer mais mudanças à vida do colégio. O progresso parece querer tomar de assalto as tradições de St. Oswald e o velho professor de latim não parece estar disposto a ser ultrapassado sem dar luta e defender aquilo que acha ser o melhor para a instituição que foi, é e sempre será a sua casa.
Uma Questão de Classe fala de homossexualidade, de pedofilia, de fanatismo religioso e de mentes distorcidas e doentias. Mistura explosiva? Com certeza que sim.
Também fala de tradição e progresso e do preço de cada uma delas. Fala de adolescência e do difícil que pode ser ser-se diferente num mundo pouco tolerante à diferença.
E basicamente é isto.
Xeque ao Rei é um dos livros, de Joanne Harris, de que gosto muito. É natural que as minhas expectativas para este regresso a St. Oswald fossem elevadas. E não foram defraudadas. É um livro ao estilo Joanne Harris, que segue a receita de Xeque ao Rei, com um twist mais para o fim. :)
Pessoalmente, talvez tenha sentido falta de uma personagem feminina forte que a escritora tão bem sabe criar.
Embora continue a gostar muito de Joanne Harris, este últimos livros dela têm sido menos envolventes. Só não sei se foi ela que mudou como escritora ou se fui eu que mudei como leitora. O que quer que tenha mudado nesta nossa relação de tanto anos, uma coisa é certa, haveremos de nos alinhar novamente. :)
Recomendo, como não poderia deixar de ser.
Boas leituras!
Excerto (pág. 158):
"Ele parecia inseguro.
- Oiçam, está na Bíblia - disse-lhes. - O salário do pecado é a morte. Certo?
O Goldie assentiu com a cabeça. O Caniche também.
- E ser maricas é pecado, certo?
O Caniche soltou um som estrangulado.
- É por isso que precisamos de um sacrifício. Para limpar o pecado - expliquei. - Está tudo na Bíblia. O sangue do cordeiro. Ele deu a sua vida para que nós possamos viver.
Acabei por ser eu a fazer a maior parte do trabalho. O Goldie, contudo, disse as palavras; não ia deixá-lo escapar-se sem ter pelo menos um pequeno papel. O Caniche chorou um bocadinho quando o fiz pôr a mão na ratoeira mas, como expliquei, precisávamos que ele estabelecesse contacto. E o Goldie sempre foi um tagarela, tal como o seu pai pregador, na verdade. Assim que lhe expliquei o que era preciso, conseguiu cumprir a sua parte.
- Este homem foi infectado com o demónio da homossexualidade. Sai dele, demónio imundo; entra na alma desta ratazana e liberta o teu humilde servo.
Nesta altura, o Caniche estava a chorar a bom chorar. Suponho que eram os demónios. Ou talvez fosse apenas alívio; o alívio de partilhar o fardo, de alguém o estar a livrar dele. Sei como isso é, Ratinho. Tu também sabes, não sabes? É bom confessar a alguém, mesmo que a pessoa já esteja morta. Especialmente se já estiver morta - assim, ninguém dá com a língua nos dentes.
Depois afoguei a ratazana, ainda dentro da ratoeira.
Bem, resultou com os gadarenos."