Título original: Moon Palace
Ano da edição original: 1989
Autor: Paul Auster
Tradução: José Vieira de Lima
Editora: Edições ASA
Tradução: José Vieira de Lima
Editora: Edições ASA
"Foi no Verão em que o Homem caminhou pela primeira vez na Lua. Eu era muito jovem nessa altura, mas não acreditava que viesse a haver um futuro. Queria viver perigosamente, pegar em mim e levar-me tão longe quanto possível e, depois, quando lá chegasse, logo veria o que me aconteceria.
Assim começa a inesquecível narrativa de Marco Stanley Fogg - órfão e aventureiro por natureza. Palácio da Lua é a sua história - um romance que atravessa três gerações, desde o início do século XX à chegada à Lua, e serpenteia entre os desfiladeiros de betão de Manhattan e a beleza cruel do Oeste Americano.
Como Marco Polo rumo ao Extremo Oriente e Phileas Fogg nos seus 80 dias à descoberta do mundo, Marco enceta uma viagem de etapas essenciais marcada pela exultação e pela tragédia, por estranhas coincidências e maravilhosos rasgos de lirismo e erudição."
Assim começa a inesquecível narrativa de Marco Stanley Fogg - órfão e aventureiro por natureza. Palácio da Lua é a sua história - um romance que atravessa três gerações, desde o início do século XX à chegada à Lua, e serpenteia entre os desfiladeiros de betão de Manhattan e a beleza cruel do Oeste Americano.
Como Marco Polo rumo ao Extremo Oriente e Phileas Fogg nos seus 80 dias à descoberta do mundo, Marco enceta uma viagem de etapas essenciais marcada pela exultação e pela tragédia, por estranhas coincidências e maravilhosos rasgos de lirismo e erudição."
Estou com alguma dificuldade em dar a minha opinião sobre este livro de Paul Auster. Não tem a ver com o ter gostado ou não, porque gostei, tem mais a ver com a dificuldade em passar para aqui, aquilo que o livro é, sem deturpar e deixar aqui, uma imagem daquilo que o livro não é.
Marco Fogg é um jovem adulto que toda a vida viveu com a perda, o abandono do pai ou a inexistência de um pai, a morte prematura da mãe, a separação do tio, o homem que o acabou de criar quando a mãe morreu, e a recente morte do mesmo, sem qualquer aviso.
Marco Fogg parece sentir que não merece nada de bom, tem um instinto auto-destrutivo que não conseguimos perceber. Quando o tio morre, algo se quebra nele. Passa a vaguear pela vida, não a vive. Afasta todos, inclusive os poucos que lhe são próximos. Vive anestesiado e sem saber como fazer diferente. Deixa de comer, para poupar dinheiro, mas não lhe passa pela cabeça arranjar um trabalho que lhe permita pagar a renda, as contas e alimentar-se. Para sobreviver vai vendendo a única herança que o tio lhe deixou, os livros, centenas de livros.
Um dia bate no fundo do poço, sem casa, sem comer há dias, é salvo pelo único amigo, que o encontra meio morto em Central Park e o leva para casa.
Aos poucos Fogg recupera e começa a vislumbrar alguma esperança na sua vida. Apaixona-se e começa a trabalhar para o misterioso Effing. Effing é uma personagem estranha e misteriosa. É um senhor idoso e paraplégico, cego e com muito dinheiro, que contrata Fogg, quando o seu criado de muitos anos morre. Precisa de alguém que lhe faça companhia, que o leve a passear e lhe leia. Precisa também de alguém que lhe escreva a história que tem para contar, antes de morrer.
O livro acaba por estar dividido em duas partes, a vida de Fogg antes de Effing entrar na sua vida e a vida de Effing antes de se tornar a pessoa misteriosa que Fogg conhece. E que história de vida Effing tem para contar e que pequeno é o mundo, uma autêntica ervilha. E mais não digo.
Gostei muito deste livro. Como é habitual em Auster, a escrita é natural, sem grandes floreados e subterfúgios. É também um livro que tem uma angústia crescente, em que temos dificuldade em compreender Fogg e a sua forma de pensar. Tememos por ele, por sentirmos que está doente, ao mesmo tempo que o queremos abanar para que desperte do sono pesado onde se encontra.
À medida que a história vai decorrendo, o ambiente pesado vai-se dissipando e, fazemos figas para que tenha um fim à Paul Auster, cheio de esperança de que dias melhores virão!
Recomendo!
Boas leituras! :)
Excerto (pág. 75):
"Com o passar do tempo, comecei a reparar que as coisas boas só me aconteciam quando eu deixava de as desejar. Se isso era verdade, então o inverso teria também de o ser: desejar demasiado determinada coisa impedi-la-ia de acontecer. Essa era a consequência lógica da minha teoria, pois se eu provava a mim mesmo que era capaz de atrair o mundo, então teria forçosamente de concluir que também poderia repeli-lo. Por outras palavras: uma pessoa só alcançava aquilo que desejava não o desejando. Não fazia sentido nenhum, mas o que me agradava nesta ideia era precisamente a sua total incompreensibilidade. Se as minhas necessidades só podiam ser satisfeitas se eu não pensasse nelas, então todos os pensamentos acerca da minha situação eram necessariamente contraproducentes."
Talvez por eu ter alguma dificuldade em fazer uma recensão, admiro bastante pessoas como você, e muito em particular esta.
ResponderEliminarObrigada Joaquim. Tenho também muita dificuldade em escrever sobre o que leio. E há livros que são mais difíceis que outros. Paul Auster é um autor sobre o qual é difícil, para mim, opinar. Talvez porque goste muito dele...
EliminarBoas leituras.
Acabei de ler ontem à noite a Trilogia de Nova Iorque. Ao fim da primeira história dava-lhe 3, ao fim da segunda 4 e a 3/4 do fim da última 5. Acontece-me não gostar dos seus finais e como poderia ser tão diferente a conclusão da última história, para mim não só a melhor como uma das melhor concebidas. Fico sempre com a ideia que Auster se recusa a fechar com chave de ouro...não é defeito é feitio. Por isso somente 4.
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