Ano da edição original: 2011
Autor: Mo Hayder
Editora: Random House
"One morning in picture-perfect Bath, England, a teenage girl's body is found on the towpath of a canal: Lorne Woods - beautiful, popular, and apparently the victim of a disturbingly brutal murder. Zoe Benedict - Harley-riding police detective, independent to a fault - is convinced the department head needs to look beyond the usual domestic motives to solve the case. Meanwhile, Zoe's sister, Sally - recently divorced and in dire financial straits - has begun working as a housekeeper for a rich entrepreneur who quickly begins to seem possibly dangerous. When Zoe's investigation turns up evidence that Lorne's attempts to break into modeling had delivered her into the world of webcam girls and amateur porn, a crippling secret from Zoe's past seems determined to emerge.”
Em Hanging Hill, Mo Hayder apresenta-nos uma série de personagens disfuncionais e assustadoras, cheias de fantasmas e problemas mal resolvidos. Mesmo aquelas que nos parecem mais “normais” surpreendem pelo que conseguem fazer, sem pestanejar.
Tendo como ponto de partida a descoberta do corpo de uma adolescente, acabamos por ter um pouco de tudo. Uma comunidade aparentemente pacífica e tranquila e um grupo de adolescentes que, como todos os adolescentes fazem coisas que os pais nem sonham e são irritantes como tudo!
Temos duas irmãs, Zoe e Sally, cuja relação nunca foi fácil, e que agora em adultas se reencontram e redescobrem o quanto necessitam uma da outra e de como a vida de ambas teria sido diferente se não tivessem esperado tanto tempo para se entenderem.
Hanging Hill aborda o tema da pornografia, das mulheres que entram nesse mundo e da exploração a que são sujeitas. Fala de poder e de dinheiro, duas realidades indissociáveis. Fala de aparências e de vidas perfeitas que não o são, de deslumbramento e de desilusão. Fala de mal-entendidos e de pais que não são bons pais e de pais que, cometendo erros, aprendem com eles e tornam-se melhores pais. Fala de amor, de auto-estima, de aceitação e de superação.
Pode parecer uma salganhada, mas acaba por fazer tudo sentido.
Mo Hayder é consistentemente boa. Não há um único livro que tenha lido dela que me tenha desiludido, quer em termos de enredo quer ao nível do desenvolvimento das personagens. Acho que todos os livros que li dela são diferentes uns dos outros, não existe propriamente um tema fetiche, e não detecto que aplique uma “receita” à forma como desenvolve a história. Os temas são originais, as personagens têm camadas, e nunca sabemos muito bem o que vão fazer ou que caminho vão seguir.
Mesmo na série Jack Caffery, as investigações são sobre temas muito diversos e, pelo menos até agora, não estão diretamente ligados aos problemas pessoais dos policias, a episódios traumáticos dos seus passados ou a pessoas que lhes querem fazer mal. Acho que isso é original.
A única coisa comum a todos os livros que já li dela (opinião dos dois últimos que li aqui e aqui) é mesmo o facto de ela ser consistentemente boa. É uma boa escritora de thrillers e acho sinceramente que se, gostam deste tipo de livros, e nunca leram Mo Hayder, devem fazê-lo o quanto antes. Não deixem de ler Tóquio e Os Pássaros da Morte. 😊
Posto isto, achei Hanging Hill bom, talvez um pouco mais previsível do que os outros e menos credível, principalmente por causa de Zoe. Zoe pareceu-me um pouco desadequada para a profissão e talvez por isso tenha achado o livro menos bem conseguido.
Por outro lado, não posso deixar de me questionar sobre as minhas ideias pré-concebidas. Porque é que Zoe tem de ser isenta de defeitos e de dilemas morais apenas porque é polícia? Porque é que eu espero que ela coloque os outros à frente dos seus interesses pessoais? Porque é que espero que Mo Hayder crie personagens perfeitas e que façam escolhas óbvias? 😊 Talvez Hanging Hill contenha, afinal tudo aquilo de que gosto nos livros de Mo Hayder. Talvez tenha sido mais uma questão de identificação com os temas e com as personagens.
Isto não significa que não gostei do livro. Ele é de leitura quase compulsiva e queremos sempre ler “só mais um capítulo” antes de apagar a luz e dormir. Significa que, no consistentemente bom da Mo Hayder este é só bom. Não está nos meus favoritos dela e nos que recomendo para primeira leitura.
Boas leituras!
Excerto (pág. 277):
"She dreamed of the room again, the nursery with the snow falling outside. Except this time she was on the floor, feeling very small and very scared and, terrifyingly, Sally was standing above her. She was holding the broken hand over Zoe. It was wrecked, with bones sticking out at all angles, and the blood dripped out of it, rolling in fat plops on to Zoe's face.
She pushed her legs out, scrambling away from Sally, flipping herself over and stumbling for the door. Sally followed close behind, her hand raised. 'No!' she was crying. 'Don't go - don't go!'
But Zoe was out of the door, tumbling down the stairs, breaking into a run, pelting through the streets. It was Bristol, she realized. St Paul's. Ahead she saw a doorway, a red light coming from it, a hand beckoning her. Hurry up, someone yelled. Hurry up! This is the way through. In here! And then, suddenly, she was standing on a stage, an audience looking expectantly up at her. In the front row were her parents, her first-form teacher and the superintendent. Do something, shouted the superintendent. Do something good. The lighting man frowned from the box at her, and at the back the maintenance man leaned on his broom, grinning up at her. Get on with it, someone yelled. Do something good. Someone was pushing her from behind. When she turned she saw David Goldrab, as a young man, London Tarn."
Sem comentários:
Enviar um comentário