Título original: The Last Kabbalist of Lisbon
Ano da edição original: 1996
Autor: Richard Zimler
Tradução: José Lima
Editora: "Colecção BIIS" da Leya
Ano da edição original: 1996
Autor: Richard Zimler
Tradução: José Lima
Editora: "Colecção BIIS" da Leya
"Em Abril de 1506, durante as celebrações da Páscoa, cerca de dois mil cristãos-novos foram mortos num progrom em Lisboa e os seus corpos queimados no Rossio, O Último Cabalista de Lisboa, best-sellers em onze países, incluindo os Estados Unidos da América, Inglaterra, Itália, Brasil e Portugal, é um extraordinário romance histórico tendo como pano de fundo os eventos verídicos desse mês de Abril de 1506."
É inegável que os livros de Richard Zimler são historicamente perfeitos. A forma como ele retrata épocas passadas, os costumes e as pessoas que nela viveram é fascinante. E é fascinante porque ele consegue, através de histórias, regra geral não muito complicadas, enquadrar-nos na época e nas vivências das pessoas comuns, não precisando de recorrer a reis, rainhas e glamours que tais. Pessoas normalíssimas apanhadas em acontecimentos que as ultrapassam completamente e lhes muda a vida para sempre.
O Último Cabalista de Lisboa retrata a Lisboa de 1506, no calendário cristão, e a crescente pressão que os judeus da cidade viviam, com o cerco da Inquisição a apertar cada vez mais devido à pressão vinda do Reino de Castela. Forçados a converter-se ao cristianismo e a renegarem as suas origens, os cristãos-novos de Lisboa são surpreendidos, durante a discreta e secreta celebração da Páscoa, pelos tumultos que levaram à morte de milhares de pessoas suspeitas de serem judias, acusadas de serem responsáveis pela seca, fome e peste que alastrava na capital. Em Abril de 1506, os frades dominicanos incentivaram e participaram na perseguição, tortura e morte de milhares de judeus, queimando-os na praça do Rossio, com o apoio da população e a complacência da corte, exilada em Abrantes, fugida da peste. Um país preso às vontades de Roma, um povo criado segundo a moral do Papa e sem um resquício da tão aclamada piedade cristã, levou a cabo um dos mais vergonhosos acontecimentos da história portuguesa, o Pogrom de Lisboa.
Berequias é o sobrinho do último cabalista de Lisboa, Abraão Zarco, um homem iluminado e sábio, assassinado durante os tumultos, na sua própria casa. Depois da morte do tio a única coisa que move Berequias é descobrir quem matou o seu mestre e vingá-lo. Fica cego de ódio e, obcecado pela procura, coloca a sua vida, e a das pessoas que o rodeiam em perigo, pois os tempos que correm obrigam a que muita gente viva por detrás de uma máscara, e nem todos são aquilo que aparentam.
Um livro historicamente muito bom e que vale sobretudo pela descrição histórica dos acontecimentos, porque pessoalmente achei a história de Berequias e da sua busca incessante por justiça, um pouco cansativa. Não simpatizei com ele, achei-o irritante, infantil e irresponsável, o que me impediu de gostar mais do livro. Não me identificando com a personagem principal, não me interessando especialmente pela luta dele, só me restou o gosto de ler sobre Lisboa, embora os acontecimentos retratados em nada favoreçam a cidade e os lisboetas. Valeu também por ter ficado a conhecer umas quantas coisas que ignorava. :)
Embora tenha gostado bastante mais do outro livro do autor que li, Os Anagramas de Varsóvia (já aqui comentado), não posso deixar de recomendar este O Último Cabalista de Lisboa porque o tema é muito interessante. E, porque embora tenha embirrado um pouco com o Berequias, gostei bastante do seu amigo de infância Farid e, Richard Zimler é um autor que mesmo quando está menos inspirado vale a pena ler. :) Além disso, acho que o meu menor entusiasmo com o livro se deveu também ao facto de ultimamente os livros que leio terem, quase todos, como tema subjacente a religião. Confesso-me um pouco cansada do assunto...
Concluindo: Leiam! Tenho a certeza de que não darão o tempo como perdido. :)
Boas leituras!
Berequias é o sobrinho do último cabalista de Lisboa, Abraão Zarco, um homem iluminado e sábio, assassinado durante os tumultos, na sua própria casa. Depois da morte do tio a única coisa que move Berequias é descobrir quem matou o seu mestre e vingá-lo. Fica cego de ódio e, obcecado pela procura, coloca a sua vida, e a das pessoas que o rodeiam em perigo, pois os tempos que correm obrigam a que muita gente viva por detrás de uma máscara, e nem todos são aquilo que aparentam.
Um livro historicamente muito bom e que vale sobretudo pela descrição histórica dos acontecimentos, porque pessoalmente achei a história de Berequias e da sua busca incessante por justiça, um pouco cansativa. Não simpatizei com ele, achei-o irritante, infantil e irresponsável, o que me impediu de gostar mais do livro. Não me identificando com a personagem principal, não me interessando especialmente pela luta dele, só me restou o gosto de ler sobre Lisboa, embora os acontecimentos retratados em nada favoreçam a cidade e os lisboetas. Valeu também por ter ficado a conhecer umas quantas coisas que ignorava. :)
Embora tenha gostado bastante mais do outro livro do autor que li, Os Anagramas de Varsóvia (já aqui comentado), não posso deixar de recomendar este O Último Cabalista de Lisboa porque o tema é muito interessante. E, porque embora tenha embirrado um pouco com o Berequias, gostei bastante do seu amigo de infância Farid e, Richard Zimler é um autor que mesmo quando está menos inspirado vale a pena ler. :) Além disso, acho que o meu menor entusiasmo com o livro se deveu também ao facto de ultimamente os livros que leio terem, quase todos, como tema subjacente a religião. Confesso-me um pouco cansada do assunto...
Concluindo: Leiam! Tenho a certeza de que não darão o tempo como perdido. :)
Boas leituras!
Excerto:
"Uma pira. Chamas crepitantes. Gavinhas de fogo laranja e verdes desenrolando-se em direcção ao telhado da igreja. No campanário, um frade dominicano com uma grande papada empunhava uma espada com uma cabeça decepada na ponta e enxortava a populaça com uma voz irosa:
- Morte aos heréticos! Matai esses judeus do demónio! Que a justiça do Senhor caia sobre eles! Fazei-os pagar pelos crimes contra as crianças cristãs! Fazei-os...
O fogo causava um calor infernal, alimentado pela massa dos corpos dos judeus que lhe tinham sido lançados."
olá,
ResponderEliminarEu gostei bastate. Não te esqueças que este foi um dos primeiros livros do escritor.
Bjs
Patrícia: Eu também gostei, só não foi bastante como tu. :) Para primeiro está muito bom e, acho que é um bom sinal eu ter gostado mais dos Anagramas de Varsóvia. É sinal de que ele tem evoluído na forma como escreve. :)
ResponderEliminarQual é a página desse excerto?
ResponderEliminarObrigada