Título original: Historia de una Gaviota Y del Gato que le Enseño a Volar
Ano da edição original: 1996
Autor: Luís Sepúlveda
Traduzido do espanhol (Chile): Pedro Tamen
Editora: Edições ASA
Ano da edição original: 1996
Autor: Luís Sepúlveda
Traduzido do espanhol (Chile): Pedro Tamen
Editora: Edições ASA
"Esta é a história de Zorbas, um gato grande, preto e gordo. Um dia, uma formosa gaivota apanhada por uma maré negra de petróleo deixa ao cuidado dele, momentos antes de morrer, o ovo que acabara de pôr.
Zorbas, que é um gato de palavra, cumprirá as duas promessas que nesse momento dramático lhe é obrigado a fazer: não só criará a pequena gaivota, como também a ensinará a voar. Tudo isto com a ajuda dos seus amigos Secretário, Sabetudo, Barlavento e Colonello, dado que, como se verá, a tarefa não é fácil, sobretudo para um bando de gatos mais habituados a fazer frente à vida dura de um porto como o de Hamburgo do que a fazer de pais de uma cria de gaivota…
Com a graça de uma fábula e a força de uma parábola, Luis Sepúlveda oferece-nos neste seu livro já clássico uma mensagem de esperança de altíssimo valor literário e poético."
Uma bonita história de amizades improváveis e de aceitação do que não conhecemos ou que é diferente de nós.
Uma história de compromissos e promessas, onde a palavra tem valor.
A bonita utopia de que não existem impossíveis quando todos remamos para o mesmo lado.
Uma triste história de atentados ambientais que, eram já uma preocupação de Sepúlveda, nos anos 90.
Foi muito bom voltar a ele com um clássico que ainda não tinha tido a oportunidade de ler.
Esta edição, mais antiga, comprei-a na Livraria Solidária de Carnide, um espaço muito giro e acolhedor. Fui lá para entregar alguns livros que já não faziam muito sentido nas minhas estantes. O objetivo era ganhar algum espaço nas estantes, mas saí de lá com mais alguns debaixo do braço. Não me lembro se o saldo foi positivo para as estantes, mas para mim foi de certeza! ;)
Se tiverem oportunidade de passar por lá não deixem de o fazer. Vale muito a pena.
Excerto (pág.29):
"O gato grande, preto e gordo estava a apanhar sol na varanda, ronronando e meditando acerca de como se estava bem ali, recebendo os cálidos raios pela barriga acima, com as quatro patas muito encolhidas e o rabo estendido.
No preciso momento em que rodava preguiçosamente o corpo para que o sol lhe aquecesse o lombo ouviu o zumbido provocado por um objecto voador que não foi capaz de identificar e que se aproximava a grande velocidade. Atento, deu um salto, pôs-se de pé nas quatro patas e mal conseguiu atirar-se para um lado para se esquivar à gaivota que caiu na varanda.
Era uma ave muito suja. Tinha o corpo impregnado de uma substância escura e malcheirosa. (...)
- Vou pôr um ovo. Com as últimas forças que me restam vou pôr um ovo. Amigo gato, vê-se que és um animal bom e de nobres sentimentos. Por isso, vou pedir-te que me faças três promessas-~. Fazes? - grasnou ela, sacudindo desajeitadamente as patas numa tentativa falhada de se pôr de pé.
Zorbas pensou que a pobre gaivota estava a delirar e que com um pássaro em estado tão lastimoso nunguém podia deixar de ser generoso.
- Prometo-te o que quiseres. Mas agora descansa - miou ele compassivo.
- Não tenho tempo para descansar. Promete-me que não comes o ovo - grasnou ela abrindo os olhos.
- Prometo que não te como o ovo - repetiu Zorbas.
- Promete-me que cuidas dele até que nasça a gaivotinha.
- Prometo que cuido do ovo até nascer a gaivotinha.
- E promete-me que a ensinas a voar - grasnou ela fitando o gato nos olhos.
Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.
- Prometo ensiná-la a voar. E agora descansa, que vou em busca de auxílio - miou Zorbas trepando de um salto para o telhado.
Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a haviam acompanhado, e justamente ao exalar o último suspiro, um ovito branco com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo."
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