Título original: Patria
Ano da edição original: 2016
Autor: Fernando Aramburu
Tradução: Cristina Rodriguez e Artur Guerra
Editora: Publicações Dom Quixote
Ano da edição original: 2016
Autor: Fernando Aramburu
Tradução: Cristina Rodriguez e Artur Guerra
Editora: Publicações Dom Quixote
"O retábulo definitivo sobre mais de 30 anos da vida no País Basco sob o terrorismo.
No dia em que a ETA anuncia o abandono das armas, Bittori dirige-se ao cemitério para, na sepultura do marido, Txato, assassinado pelos terroristas, lhe contar que decidira voltar à casa onde tinham vivido os dois. Mas poderá ela conviver com aqueles que a perseguiram antes e depois do atentado que transtornou a sua vida e a da família? Poderá saber quem foi o encapuzado que num dia chuvoso matou o marido, quando este regressava da sua empresa de transportes?
Por mais que chegue às escondidas, a presença de Bittori alterará a falsa tranquilidade da terra, sobretudo a da vizinha Miren, amiga íntima noutros tempos, e mãe de Joxe Mari, um terrorista encarcerado e suspeito dos piores receios de Bittori. O que aconteceu entre essas duas mulheres? O que envenenou a vida dos filhos e dos respetivos maridos, tão unidos no passado? Com lágrimas escondidas e convicções inabaláveis, com feridas e coragem, a história arrebatadora das suas vidas, antes e depois da tormenta que foi a morte de Txato, fala-nos da impossibilidade de esquecer e da necessidade de perdoar numa comunidade fragmentada pelo fanatismo político."
Pátria leva-nos numa viagem atribulada ao mundo da ETA e da luta armada no País Basco, através do olhar de duas mulheres, Miren e Bittori.
Miren é mãe de Joxe Mari, um rapaz que foi recrutado pela ETA e um membro convicto da organização, que acaba a cumprir pena de prisão por atentados terroristas.
Bittori é a viúva de Txato, uma das muitas vítimas da ETA, assassinado à porta de casa.
Antes da ETA, Miren e Bittori eram amigas e as famílias muito próximas. Depois, tudo se extremou, ou se está com a ETA e portanto a favor de um País Basco independente de Espanha ou se está contra a ETA e, dessa forma a favor de uma Espanha unificada. Não existe espaço para zonas cinzentas, não existe tolerância para se ser a favor da independência e simultaneamente contra a forma de luta levada a cabo pela ETA.
É um livro muito interessante, sobre a luta basca pela independência, sobre as pessoas que fazem parte dessa luta e das consequências que isso traz para a vida de cada uma delas.
Tenho alguma dificuldade em perceber fanatismos e o amor irracional a causas. Não percebo os mecanismos, não conheço ninguém assim e sinto quase sempre que é um problema mental, de distorção da realidade, ou de solidão e da procura desesperada por sentir que se pertence a algo, que não estamos sozinhos e fomos aceites pela comunidade.
Gosto de descobrir novos escritores e tenho gostado muito dos espanhóis. Fernando Aramburu não foi exceção.
Gostei da escrita e da forma como Aramburu nos conta a história. Confesso que o achei, por vezes, repetitivo e dei por mim, algumas (poucas) vezes, a pensar que "já acabavas o livro, não vale a pena continuarmos a bater no ceguinho". A verdade é que vamos revivendo todos os acontecimentos de acordo com a perspetiva de cada um dos intervenientes e por vezes não existem assim tantas diferenças e o ritmo da história acaba por ser afetado.
Recomendo sem hesitações. É um livro muito interessante e bem escrito.
Boas leituras!
Excerto:
"Eu com pena do filho da minha melhor amiga, que tinha deixado o trabalho, a equipa de andebol e a namorada ou a meio namorada, para entrar como pistoleiro numa organização que se dedica ao assassínio em série.
E Miren? Olha, Ikatza, agora que me perguntas, vou dizer-te o que penso. No fundo, e que o Txato me perdoe, compreendo-a. Compreendo a sua transformação, embora não a aprove. Entre aquele lanche no café da Avenida e o seguinte na churrería da Parte Velha, a minha amiga Miren mudou. De repente era outra pessoa. Numa palavra, tinha tomado partido pelo seu filho. Não tenho a menor dúvida que ficou fanática por instinto materno. No lugar dela, talvez eu me tivesse comportado de igual modo. Como é que se pode virar as costas ao nosso próprio filho ainda que saibamos que está a cometer maldades? Até então, Miren não se tinha interessado nem um pouco pela política"
Existe uma mini-série, da HBO, Patria:
Sem comentários:
Enviar um comentário