Título: A Noite em que o Verão Acabou
Ano da edição original: 2019
Autor: João Tordo
Editora: Companhia das Letras
Ano da edição original: 2019
Autor: João Tordo
Editora: Companhia das Letras
No Verão de 1987, o adolescente Pedro Taborda apaixona-se por Laura Walsh, a filha mais velha de um magnata nova-iorquino. Ela e Levi - uma criança misteriosa - passam férias com os pais no Lagoeiro, uma pacata cidade algarvia. Rica e moderna, a família Walsh tem tudo para dar muito nas vistas no sul de Portugal. Inebriado pelas formas perfeitas e pelos modos ousados de Laura, Pedro encontra na rapariga americana o seu primeiro amor. Mas quando o Verão acaba, a família Walsh regressa aos Estados Unidos e o destino fica por cumprir.
Dez anos depois, Pedro, decidido a tornar-se escritor, vai estudar para Nova-Iorque. Fascinado com Gary List, antigo prodígio das letras americanas, chega aos Estados Unidos determinado a perseguir os sonhos da juventude. Ao reencontrar Laura, está longe de suspeitar que esse acaso o mergulhará no crime mais falado dos anos noventa, o homicídio do milionário Noah Walsh.
Com um segundo homicídio a atrapalhar a investigação e uma corrida para salvar Levi, de apenas dezasseis anos, acusada de matar o pai, Pedro e Laura enredam-se irremediavelmente na teia de segredos que envolve a família Walsh, desde os anos quarenta do século XX até ao impensável desfecho nas primeiras décadas do novo milénio.
Porque em Chatlam - e neste thriller imparável - nada é o que parece."
A sinopse é clara quanto à história. Pedro Taborda, em 1987, é um adolescente a passar férias no Algarve com a família. Laura é uma adolescente americana que também está de férias no Algarve.
As duas famílias acabam por criar laços durante aqueles dias intermináveis de verão e a entrada de Laura na vida de Pedro vai marcá-lo para a vida, não só porque o primeiro amor é algo que dificilmente se esquece, mas também porque os Walsh são exuberantes e pouco convencionais.
Após as férias de verão, os dois mantém contacto durante algum tempo, até que a vida acaba por espaçar as cartas que, um dia, findam de vez.
Anos mais tarde, Pedro vai estudar para os Estados Unidos e reencontra Laura. Pouco tempo depois do reencontro, o pai de Laura é encontrado morto em casa e tudo indica que terá sido assassinado pela irmã mais nova de Laura, a estranha Levi. Laura não acredita que a irmã seja culpada e enquanto decorrem as investigações oficiais, Laura "arrasta" Pedro numa corrida contra o tempo para encontrar o verdadeiro culpado e provar a inocência de Levi.
Como seria de esperar, a investigação desenterra histórias do pai, algumas antigas, outras mais recentes. Nenhuma delas muito abonatória para o pai.
Basicamente, em termos de fio condutor do livro, é isto - a relação de Pedro com Laura, a investigação que iniciam os dois e que nos leva a conhecer melhor a história dos Walsh e, por fim, o desvendar do mistério que envolve a morte de Noah Walsh.
Pessoalmente não acho que seja este o género em que João Tordo mais brilhe, embora a forma como ele aborda o género também não seja a mais convencional.
O mistério dos assassinatos até está bem conseguido e a forma como se vão desvendando as coisas é interessante. É engraçado não ser uma investigação policial típica, tem uma velocidade diferente e o foco acaba, até por ser outro. O livro é muito mais do que uma investigação desenfreada ou uma corrida contra o tempo. Talvez por isso tenha alguma dificuldade em classificá-lo como policial e menos ainda como um thriller. O que não é uma coisa má, apenas pode ser enganadora para quem vai ler o livro.
Achei que o livro poderia ser bem mais pequeno. Dispensava, a maioria das páginas dedicadas à vida de Pedro. Não sinto que tenham acrescentado alguma coisa à história e eram, muitas vezes, completamente irrelevantes para a mesma. Sou sincera, não achei o Pedro uma personagem muito interessante e tudo o que o envolvia apenas a ele era só aborrecido... Desculpa João Tordo. :)
Não amei mas também não detestei. Só não me vai ficar na memória por muito tempo.
A minha opinião sobre o talento de João Tordo, não ficou, em nada, beslicada. Acho até saudável ele não ter problemas em experimentar novas abordagens e, no fundo, escrever o que lhe apetece, sem se sentir na obrigação de seguir uma cartilha.
Recomendo, porque dentro do género é um livro que pode ser interessante.
Se nunca leram João Tordo, não comecem por este ou outros do género. O primeiro que li dele foi o As Três Vidas (opinião aqui) e fiquei fã. No entanto, de todos os que já li dele, aqueles que mais me dizem são os da "Trilogia dos lugares sem nome" - O Luto de Elias Gro (opinião aqui); O Paraíso Segundo Lars D. (opinião aqui) e O Deslumbre de Cecília Fuss, que ainda não li. Têm muito por onde escolher. :)
Boas leituras!
Excerto (pág.14):
"Na tarde em que comecei a chorar, a cadela trazia a boneca na boca, mordendo-a com a força dos seus caninos de bicho ainda jovem.
Chorei todas as noites durante uma semana, a boneca caída no relvado da casa de férias dos meus pais. Tornou-se o brinquedo de Niki até o meu pai a guardar na garagem. Era a única memória física que me restava de Laura e de Levi, que regressaram aos Estados Unidos no final de Agosto; uma coisa velha feita de trapos, com dois botões a servirem de olhos, cabelo ruivo e uma boca infeliz. A seguir - porque aos treze anos recuperamos com facilidade dos choques emocionais - , distraí-me com o ténis, a exploração do terreno dos lagartos e as parvoíces da minha irmã e esqueci-me temporariamente da ausência das raparigas americanos no Lagoeiro.
No anos seguinte, Laura e Levi não voltaram como prometido (...)"
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