Título original: Min Mormor Hälsar Och Säger Förlat
Ano da edição original: 2013
Autor: Fredrik Backman
Tradução: Elsa T. S. Vieira
Editora: Porto Editora
Autor: Fredrik Backman
Tradução: Elsa T. S. Vieira
Editora: Porto Editora
"Elsa tem sete anos de idade, quase oito, e é diferente. Para já, tem como melhor - e única - amiga a avó de setenta e sete anos de idade, que é doida: não levemente taralhoca, mas doida varrida a sério, capaz de se pôr à varanda a tentar atingir pessoas que querem falar sobre Jesus com uma arma de paintball, ou assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste. Todas as noites, Elsa refugia-se nas histórias da Avozinha, cujo cenário é o reino de Miamas, na Terra-de-Quase-Acordar, um reino mágico onde o normal é ser diferente.
Quando a Avozinha morre de repente e deixa uma série de cartas a pedir desculpa às pessoas que prejudicou, tem início a maior aventura de Elsa. As cartas levam-na a descobrir o que se esconde por detrás das vidas de cada um dos estranhíssimos moradores de um prédio muito especial, mas também à verdade sobre contos de fadas, reinos encantados e a forma como as escolhas do passado de uma mulher ímpar criam raízes no futuro dos que a conheceram.
A minha avó pede desculpa é uma belíssima história, contada com o mesmo sentido de humor e a mesma emoção que o romance de estreia de Fredrik Backman, o bestseller internacional Um homem chamado Ove."
Esta é a história de Elsa, uma menina de quase oito anos, que tem na avó, Avozinha, a sua única amiga. É uma criança diferente dos meninos da sua idade. Gosta das palavras e de ler, é muito inteligente e tem uma imaginação muito fértil. Não deixa, no entanto, de ser uma menina com sete anos, quase oito, que se sente desenquadrada do mundo.
A Avozinha, por seu lado, é... meio louca. É desbocada e destemida, e não gosta lá muito de cumprir regras. Anda com a neta para todo o lado, envolve-a nas suas aventuras e partilha com a criança um mundo inventado, o reino de Miamas, cheio de personagens estranhas, que parecem ter passado, não se sabe bem como, para o mundo real. Vamos percebendo ao longo da história que a avó só quer a neta seja feliz e que perceba que ser diferente não é ser pior é só sermos quem somos sem vergonha.
Demorei algum tempo a sentir-me envolvida, talvez porque as descrições do Reino de Miama e dos outros reinos e costumes me distraiam e, honestamente, achei a Avozinha um bocado irritante. A verdade é que o livro estará, provavelmente, direcionado para leitores mais jovens. :)
No entanto, dei por mim, ao fim algum tempo a sentir-me mais próxima de todas aquelas pessoas e a achar normal toda aquela esquisitice.
Há qualquer coisa na forma como Fredrik Backman escreve que torna os livros dele muito... aconchegantes. Será a palavra certa? Toca-nos no coração sem que haja lamechice. Não sei se tem a ver com o humor ou com o facto de as personagens serem todas muito fora da caixa. Não sei, só sei que é o que acontece. São personagens que ficam connosco para além da última página e ficam não porque são marcantes, ou porque fazem parte de uma história extraordinária que não conseguimos esquecer. Ficam porque são personagens que gostaríamos que existissem de facto e que fossem todos nossos vizinhos. Porque são pessoas boas, divertidas e que fazem falta ao mundo! Acho que é por isso, queríamos tê-los a todos nas nossas vidas.
Embora tenha gostado, não achei tão interessante como o Um Homem Chamado Ove (opinião aqui). Acho que não me identifiquei tanto com a temática e este pareceu-me mais para um público mais juvenil. Não destronou Ove (que continua a fazer-me sorrir só de pensar nele) mas deu para perceber que vou ler todos os que já tem escrito e todos os que vier a escrever.
Recomendo sem qualquer reserva.
Boas leituras!
Excerto
"Todas as crianças de sete anos merecem ter um super-herói. É mesmo assim. Quem não concordar precisa de um exame à cabeça.
Pelo menos, é o que acha a Avozinha de Elsa.
Elsa tem sete anos, a caminho dos oito. Sabe que não é lá muito boa nisto de ter sete anos de idade. Sabe que é diferente. O diretor da escola diz que ela tem de «entrar na linha» para poder alcançar «uma melhor integração com os seus pares». Alguns adultos descrevem-na como sendo «muito madura para a idade». Elsa considera que isso é apenas outra maneira de lhe chamar « terrivelmente chata para a idade»: regra geral, só lho dizem quando ela os corrige por pronunciarem mal déjá vu ou por não saberem a diferença entre «há» e «à». Isto costuma acontecer normalmente com os que têm a mania de que são espertos e daí o comentário «madura para a idade» acompanhado do sorriso forçado na direção dos pais dela. Como se Elsa tivesse uma deficiência mental ou os humilhasse por não ser completamente burra aos sete anos. É por isso que não tem amigos além da Avozinha - todas as outras crianças de sete anos da sua escola são tão idiotas como as crianças dessa idade costumam ser. Na escola, Elsa é a única criança diferente."
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