Autor: Fredrik Backman
Ano da edição original: 2012
Tradução: Alberto Gomes
Editora: Editorial Presença
"À primeira vista, Ove é o homem mais rabugento do mundo. Sempre foi assim, mas piorou desde a morte da mulher, que ele adorava. Agora que foi despedido, Ove decide suicidar-se. Mal sabe ele as peripécias em que se vai meter. Um jovem casal recém-chegado destrói-lhe a caixa de correio, o seu amigo mais antigo está prestes a ser internado a contragosto num lar, e um gato vadio dá-se a conhecer.
Ove vê-se obrigado a adiar o fim para ajudar a resolver, muito contrariado, uma série de pequenas e grandes crises. Este livro simultaneamente hilariante e encantador fala-nos de amizades inesperadas e do impacto profundo que podemos ter na vida dos outros."
Começo por dizer que esta é uma história muito bonita, simples e de certa forma, normal. Não acho, no entanto, que seja banal.
Tive alguma dificuldade em classificar este livro porque não lhe reconheço grandes rasgos de originalidade, nem na escrita, nem na história em si.
Não partilho do sentido de humor, algo infantil, de Fredrik Backman, e achei grande parte do que se passava absurdo e pouco credível. No entanto, não fui capaz de lhe dar menos de 4 estrelas no Goodreads.
Há qualquer coisa em Ove e na história deste homem que nos faz sorrir e nos deixa de coração apertado, sem que haja um apelo desavergonhado ao sentimentalismo, nem nada que se pareça. O facto de ter mexido comigo e de eu ter conseguido criar empatia com Ove e com todos os seus vizinhos, acabou por fazer toda a diferença.
Não existem assim tantos livros que nos façam sentir tudo isto, sem se tornarem pedantes. E por vezes é o que basta: um livro simples, com uma história que nos faz sorrir, sobre pessoas comuns (ou nem por isso) e que acrescentam qualquer coisa ao nosso mundo. Personagens e histórias que, de alguma forma, nos enriquecem.
Gostei e recomendo. É um livro que nos deixa com a alma um bocadinho mais cheia. Além disso, adoro histórias de amor como a de Ove e Sonja. Fascina-me o amor na terceira idade. :) Velhinhos apaixonados, de mãos dadas e sorriso no rosto. Acho que é das coisas mais bonitas que existe. :)
Boas leituras!
Excerto:
"No dia seguinte, foi aos escritórios dos caminhos de ferro devolver o salário do pai relativo ao resto do mês. Ao constatar que as senhoras da contabilidade não estavam a compreender, Ove explicou-lhes com impaciência que o pai tinha morrido no dia dezasseis e que, obviamente, não poderia trabalhar os restantes catorze dias desse mês. E como o pai recebia o salário antecipadamente, Ove viera devolver a diferença.
Perplexas, as senhoras da contabilidade pediram-lhe que se sentasse e aguardasse.
Cerca de um quarto de hora depois, o diretor apareceu e olhou para aquele estranho rapaz de dezasseis anos sentado numa cadeira de madeira no corredor e segurando na mão o envelope com o salário do falecido pai. O diretor sabia muito bem quem era o rapaz. E depois de se ter convencido de que não havia maneira de persuadir o jovem a ficar com aquele dinheiro que sentia não ser seu por direito, o diretor não viu outra alternativa senão propor-lhe que trabalhasse o resto do mês para ter direito a ele. Ove achou a proposta razoável e notificou a secretaria da sua escola de que estaria ausente durante as duas semanas seguintes. Nunca mais lá voltou.
Trabalhou cinco anos nos caminhos de ferro. Certa manhã, embarcou num comboio - e foi aí que a viu pela primeira vez. Foi a primeira vez que riu desde a morte do pai.
E a sua vida nunca mais foi a mesma.
As pessoas diziam que Ove via o mundo a preto-e-branco. Mas ela era cor. Toda a cor que ele tinha."
Olá,
ResponderEliminarLi esse livro este ano e adorei;)
Concordo com o que dizes:"...deixa a alma mais cheia...".
Boas leituras.