novembro 17, 2009

A Casa da Rússia - John Le Carré


"John Le Carré arrasta-nos, uma vez mais, para o seu mundo secreto e faz dele o nosso mundo. Em Moscovo, Leninegrado, Londres e Lisboa, numa ilha da costa do Maine que pertence à CIA, e no coração do próprio Barley Blair, Carré desenvolve não apenas uma história de espionagem, mas uma alegoria do amor individual confrontado com atitudes colectivas de beligerância."

Já li uns quantos livros do John Le Carré mas quando começo um livro novo dele, nunca sei se vai ser dos bons ou dos mais ou menos bons. Gostei muito do Amigos Até ao Fim e do Espião que Veio do Frio. O Fiel Jardineiro tem uma história interessante, sobre o aproveitamento, por parte das grandes farmacêuticas, da pobreza dos países africanos para experimentarem medicamentos antes de os comercializarem. A história, embora seja boa, não prende muito, acaba por ser até um pouco óbvia e, no fim fiquei com a sensação de que a montanha tinha parido um rato. Não gostei de O Canto da Missão, não só porque neste também a montanha pare um rato, mas porque a história é confusa e achei as personagens pouco reais, exageradas, mesmo. Quanto ao A Casa da Rússia, é uma história típica de espionagem e contra-espionagem, bem ao jeito do autor.

Barley Blair vê-se envolvido com os Serviços Secretos Britânicos e Americanos quando um físico russo, Goethe, o incube de publicar o livro que escreveu. No livro são expostas algumas das fragilidades existentes no programa de defesa russo. Goethe é um idealista que quer libertar a Rússia da opressão em que vive e, de certa forma, redimir-se por ter posto os seus conhecimentos, como físico, ao serviço dos propósitos bélicos da Rússia. Barley por seu lado é um editor inglês, sendo descrito como um homem misterioso, amistoso, um bom-vivant, que aceita tornar-se espião com o objectivo de saber até que ponto é verdade o que Goethe escreveu nos cadernos que lhe entregou. Os Serviços Secretos Britânicos são retratados como sendo um serviço formado por pessoas normais, é verdade que são espiões, mas não deixam de ser normais. Têm dúvidas e têm medos, como todos nós. John Le Carré, coloca os Serviços Secretos Britânicos como sendo subservientes dos Americanos e os Americanos como sendo... Americanos. Poderosos e com muito dinheiro. Basicamente os Ingleses são bonzinhos e os Americanos menos bonzinhos. A Rússia é descrita como sendo um país onde não existe liberdade, mas onde o povo é culto, corajoso e muito leal.

Mais uma vez acho os livros do John Le Carré um bocado óbvios, sem grandes surpresas, onde ao longo das páginas vamos confirmando o que já desconfiávamos. Neste A Casa da Rússia, incomodou-me a exaltação exagerada da beleza da personagem feminina, Katya. Esta adoração e idolatração da mulher amada, da maneira como foi feita, é mais comum em escritores do século XIX, num livro de espionagem do século XX fica de certa forma deslocado. Se calhar foi propositado por parte do Le Carré, homenageando desta forma os grandes escritores russos do século XIX, mas não me pareceu adequado.

Embora não seja, na minha opinião, nada de especial é um livro que se lê relativamente bem e, para os fans deste tipo de histórias concerteza será melhor do que o que eu achei. :)

4 comentários:

  1. Este é um dos livros de LeCarré que pretendo ler.
    Li o Fiel Jardineiro e o Espião que veio do Frio e gostei muito.
    É um autor que sabe do que fala; saber de experiência feito! sabe colocar emoção e suspense nas suas obras.
    Talvez o último dos grandes escritores de suspense que não se refugia no enredo fácil.

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  2. Embora tenha gostado da história do Fiel Jardineiro, achei o livro um pouco aborrecido. Acho que lhe faltou um pouco desse suspense que diz caracterizar as obras dele.
    Não sei se já leu o Amigos para Sempre, mas é muito bom. Foi o primeiro que li deste autor e o responsável pelos que se seguiram. Aconselho.

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  3. Não sei porque meti na cabeça que o livro se chama Amigos para Sempre quando na realidade é Amigos Até ao Fim... Fica feita a correcção.

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  4. Eu adorei O Fiel Jardineiro apesar de ser um pouquinho aborrecido de vez em quando mas sem dúvida que é um excelente livro. Por enquanto ainda só li este do autor mas sempre tive curiosidade de ler mais um ou outro e contribuíste para aumentar ainda mais a minha curiosidade :)

    Gostei do blog vou segui-lo ;)

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