novembro 28, 2010

Os Irmãos Tanner - Robert Walser

"Tal como em O Ajudante e Jakob von Gunten, este romance de Robert Walser exprime a vocação errante do autor, a sua disponibilidade para deambular, nada produzindo além do prazer do seu leitor. Robert Walser é um dos escritores que maior influência exerceu sobre Kafka, Hesse ou Musil e tem conquistado um crescente número de leitores em vários países."

Os Irmãos Tanner é um livro sobre a liberdade, a liberdade de vivermos a nossa vida como bem entendermos, a liberdade para fazermos as escolhas, certas ou erradas, sem sermos criticados pelos que vivem segundo as regras instituídas e para quem a diferença pode ser ofensiva.
Simon, o irmão Tanner protagonista desta história, representa essa liberdade. Simon é um jovem que não pretende fazer carreira, não quer vincular-se a um só trabalho, aprender um só ofício, não quer ser escravo da profissão. O que ele quer é viver a vida como bem lhe aprouver, trabalhar quando precisar de dinheiro e apreciar a natureza, ler livros e conhecer pessoas novas. Simon é um orador eloquente, tolerante e curioso, é um pensador. Embora não queira fazer carreira, não vive às custas de ninguém, quando precisa trabalha, algo que até lhe dá algum prazer, até que deixa de dar e, então parte em busca de uma nova experiência.
Simon é o mais novo de 5 irmãos. Kaspar, é o artista da família, pinta paisagens e sonha poder viver da sua arte. Emil tinha tudo para ser um sucesso, encantador, atlético e inteligente, perde o norte e acaba num manicómio com uma espécie de esgotamento. Hedwig a única mulher da família é uma professora primária, a única carreira digna de uma mulher. Curiosamente, Hedwing ressente-se com os pais por a terem incentivado a ter uma profissão pois o que desejava mesmo era casar, ter filhos e viver para a família. O mais velho é Klaus, um académico bem sucedido que vive aflito com a falta de preocupação que os irmãos mais novos demonstram ter com o futuro. Ama os irmãos e a sua preocupação é genuína pois não concebe que se possa viver de outra forma que não trabalhando e progredindo profissionalmente. É o típico homem de carreira, sempre cheio de preocupações e deveres. Estes são os irmãos Tanner, tão diferentes uns dos outros e que acabam por representar cada um de nós, cada espartilho que nos é imposto pela sociedade que criámos e na qual temos de viver. Quem de nós não gostava de viver como Simon? Duvido que haja muitos nãos como resposta, porque quem de nós não se sentiu pelo menos uma vez, aprisionado pelos deveres, pelas obrigações, por termos de trabalhar para sobreviver, da forma que o fazemos nos dias de hoje, é um sortudo. A verdade, no entanto é que, para que os Simons desta vida possam viver como querem, os Klaus e as Hedwing do mundo têm de fazer o seu papel da melhor forma que sabem. É assim o mundo em que vivemos. :)

Gostei bastante do livro, ainda mais porque me apanhou numa fase da vida em que me identifico com o que lá vem escrito e em que desejava muito ser como o Simon, livre e despreocupada! :) Além disso está escrito de uma forma poética e envolvente. É um livro que chega a ser angustiante por ir apontando tantas regras castradoras que o ser humano impõe a si próprio e que o aprisiona e torna cada vez mais infeliz e frustrado. É um bom livro! :)

Gostei e recomendo! :)

novembro 20, 2010

Quero Um Livro de cara lavada (Parte 2)


Agora sim, dou por terminada a minha tarefa de lavar a cara ao blogue. Já estava um pouco cansada do aspecto anterior e a minha intenção era mudá-lo em Outubro, quando o blogue fez um ano (já um ano!) mas não tive nem tempo nem paciência para isso. De há uns tempos para cá, sempre que entrava nele sentia que já não tinha muito a ver comigo e, por isso, a mudança impunha-se. Et voilá! Aqui está o Quero Um Livro de cara lavada!

Espero que torne a vossa visita ao meu espaço mais agradável.

Boas leituras!

Quero Um Livro de cara lavada


Hum... Ainda não estou completamente convencida mas, por agora fica assim. :)


Boas leituras!

novembro 17, 2010

Winkingbooks

E não é que isto funciona mesmo!
Recebi hoje este livro que pedi através do site da Winkingbooks e chegou-me às mãos, a custo zero e novíssimo! Ainda estou à espera que apareça alguma contrapartida, mas aparentemente não há nada na manga. :)
É estranho receber livros assim. Atenção, que estranho não é mau, só estranho. :)

Registem-se e aumentem o número de livros disponíveis. De certeza que têm alguns livros que não gostaram assim tanto de ler e que podiam ser substituídos por outros bem mais interessantes. Até eu, que tenho sérias dificuldades em desfazer-me de livros, consegui arranjar pelo menos 10 que não me importo de dar a quem os possa apreciar melhor.

Iniciativa aprovada e estou desejosa de dar o meu contributo, enviando um dos que tenho aqui em casa. É que enquanto não enviar um dos que tenho na lista vou-me sentir uma parasita! :)

Boas leituras!

novembro 14, 2010

José e Pilar - O Filme

Título Original: José e Pilar
Realização: Miguel Gonçalves Mendes
Elenco: José Saramago, Pilar del Rio e Gael García Bernal
Duração: 125 min
Origem: Portugal

Sinopse: A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río. Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo - ou, pelo menos, em torná-lo melhor. José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser contado de outra maneira".

Trailer:


Não me tinha apercebido das saudades que tinha de Saramago. Quer se concorde ou não com as suas opiniões e forma de viver, a realidade é que foi um homem especial e, creio que muito se deveu também à convivência com Pilar del Rio. Gosto dos dois como seres humanos, porque sinto que o que viveram foi uma espécie de conto de fadas dos tempos modernos.
Estou muito curiosa para ver o filme.

Não me canso de ver o trailer que, ainda por cima, tem uma música linda! A música chama-se Palco do Tempo e é de Noiserv, um projecto musical de um jovem surpreendentemente talentoso, David Santos. Podem conhecer mais dele aqui:
http://www.noiserv.net/
http://www.myspace.com/noiserv
http://www.noiserv.net/site/Leitor_mp3/noiserv_leitor_mp3.html

A não perder, estreia dia 18 de Novembro.

novembro 11, 2010

A Guerra dos Tronos - George R. R. Martin

"Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Durante a estadia, o rei convida Eddard a mudar-se para a corte e a assumir a prestigiada posição de Mão do Rei. Este aceita, mas apenas porque desconfia que o anterior detentor desse título foi envenenado pela própria rainha: uma cruel manipuladora do clã Lannister. Assim, perto do rei, Eddard tem esperança de o proteger da soberana. Mas ter os Lannister como inimigos é fatal: a ambição dessa família não tem limites e o rei corre um perigo muito maior do que Eddard temia! Sozinho na corte, Eddard apercebe-se que também a sua vida nada vale. E até a sua família, longe no norte, pode estar em perigo."

Eis que dou por mim a fechar o primeiro livro da saga escrita por George R. R. Martin, As Crónicas de Gelo e Fogo, e a achar que não é assim tão espectacular como se dizia por aí. Estava à espera de algo mais inovador, mais arrebatador, mais empolgante, enfim, mais tudo. Não desgostei mas também não amei.
Sabendo que é uma saga e que o primeiro volume original corresponde aos dois primeiros volumes editados pela Saída de Emergência, vou dar o desconto e vou querer ler o segundo, porque achei este primeiro demasiado introdutório, sem grandes acontecimentos ou avanços na história. É também por ser um livro que faz parte de uma série deles que não me vou alongar muito nesta minha opinião, uma vez que comentar histórias das quais ainda não conheço o fim me parece inútil.

Tenho alguma dificuldade em falar da história, pois não encontrei nela nada de muito original e por isso tenho a sensação de que estou a relatar o óbvio... Temos um reino, governado por um rei não tão competente quanto isso, manipulado pela rainha, uma mulher ambiciosa e pertencente a uma família poderosa.
Temos uma família quase perfeita, os Stark, que vive em Winterfell, uma região gelada do norte dos Sete Reinos. Eddard Stark é amigo de infância de Robert, o agora Rei. Quando o amigo lhe oferece o prestigiante cargo de ser a Mão do Rei, Eddard sente que não é um pedido do amigo mas sim uma ordem do seu rei. Embora contrariado, Eddard aceita a oferta pois vê nela a oportunidade de investigar a estranha morte do seu antecessor e tem a esperança de que possa ser uma boa influência no reinado de Robert, um homem no qual mal reconhece o amigo de longa data, um homem cujo reinado modificou de forma tão vincada.
Temos intriga, conspirações, traições, personagens dúbias e muita violência. Temos lobos gigantes e uma muralha gigantesca, a Muralha de Gelo, que separa e protege o reino de um bosque sinistro supostamente habitado por criaturas misteriosas e pouco amigáveis.
Temos ameaças de invasão por povos vizinhos, apoiados pelos que estavam no poder antes de Robert, derrubados por este. Temos ódios antigos que não diminuem com o tempo, antes pelo contrário, apuram com o tempo. Temos isso tudo e mais algumas coisas e, pelo menos neste primeiro volume, é o que o livro tem para oferecer.

No início tive dificuldade em entrar na história. São muitos nomes, muitas personagens e muitos conceitos novos. Mas isso é natural em histórias do género e por isso não conta sequer como ponto negativo. Para mim o único ponto negativo foi mesmo a falta de originalidade porque se o tivesse lido antes de ter lido As Brumas de Avalon e O Senhor dos Anéis, talvez o tivesse achado diferente. Comparando, mal comparado, com a outra saga que anda pelas prateleiras de meio mundo, gostei mais da história do Fitz contada pela Robin Hobb em A Saga do Assassino, do que da história dos Sete Reinos contada por George R. R. Martin. Mas, como já disse, só depois de ler todos os livros poderei ter uma opinião formada e fundamentada.
Passando aos aspectos positivos do livro, que felizmente não são poucos, a história está bem contada, prende o suficiente para que se vá lendo "só mais um capítulo" e gostei da escrita limpa do autor. É uma escrita muito fluída e agradável de se ler. Tem personagens muito fortes e que tornam a história sólida e interessante. Gostei especialmente do núcleo da família Stark, de Eddard, um homem honesto e tolerante e adorei a relação que ele mantinha com os filhos. Gostei muito da Arya, uma pirralha rebelde, mais esperta que qualquer adulto naquela terra e gostei do Jon Snow, o bastardo, tão equilibrado e sereno. Achei enternecedora a forma como o autor descreve a relação entre os irmãos Stark.
Depois achei muito bem conseguida a personagem do anão Lannister, intrigante e tão dúbio que chega a irritar. :) Para além disso é divertido e traz um outro colorido à história.

Fiquei curiosa para ler o segundo volume, mais que não seja porque este acaba numa fase em que parece que acção vai começar a sério e fica-se assim a modos com um sabor amargo na boca. Parece quase como sentarmo-nos na sala de cinema, vermos os primeiros 20 minutos e obrigarem-nos a voltar daqui a uns meses para ver o resto do filme. Porque este primeiro livro é o equivalente a 20 minutos de um filme, é demasiado introdutório, basicamente de apresentação de personagens e do próprio mundo criado pelo autor.

Gostei e recomendo se gostarem de histórias de fantasia, com castelos, reis, rainhas e afins. Aconselho, no entanto que tenham o segundo volume à mão para quando terminarem o primeiro.

Boas leituras! :)

Nota: Segundo a minha contagem do Goodreads, este foi o 50º livro de 2010. Confetis e mais confetis. :p Não faço ideia se li mais este ano do que nos outros porque não sou de prestar atenção a essas coisas mas, gosto do número 50 e por isso aqui fica a nota. :)