janeiro 13, 2013

A Maldição (Duma Key) - Stephen King

Título original: Duma Key
Ano da edição original: 2008
Autor: Stephen King
Tradução: Victor Antunes
Editora: Bertrand Editora

"Um terrível acidente num estaleiro faz com que Edgar Freemantle perca o braço direito e fique profundamente afectado, quer na memória, quer no espírito. Quando inicia a penosa convalescença, o sentimento que o domina é a raiva. O casamento, do qual tem duas filhas maravilhosas, chega bruscamente ao fim. Pensa no suicídio. O doutor Kamen, amigo e psicólogo, sugere uma "cura geográfica", uma vida nova num lugar diferente, longe do negócio da construção imobiliária em que Edgar acabou por se impor a partir do nada. 
Edgar vai viver para uma casa alugada em Duma Key, uma ilha meio selvagem e de uma beleza fascinante, ao largo da costa da Florida. O ocaso sobre o Golfo do México e o murmúrio das conchas fazem-no vibrar, e Edgar sente a necessidade de desenhar. Uma visita de Ilse, a filha que adora, desencadeia um movimento de ruptura com a solidão. Trava conhecimento com Wireman, um homem que, tal como ele, também sofreu muito e se mostra relutante a expor as suas feridas, e com Elizabeth Eastlake, uma senhora idosa e doente cujas origens se encontram indissoluvelmente associadas a Duma Key. Edgar pinta, por vezes arrebatadamente, e o talento que revela tem tanto de fascinante como de perigoso. Alguns dos seus quadros estão imbuídos de um poder impossível de controlar. Quando o passado de Elizabeth vem a lume e se revelam os fantasmas da sua infância, o seu poder de destruição é devastador."

Depois de um livro tão pesado como o remorso de baltazar serapião, de valter hugo mãe, escolhi propositadamente um livro que tinha a certeza ser menos realista. Stephen King pareceu-me uma boa opção! :)

Duma Key é uma ilha na costa do Florida, praticamente desabitada e coberta por uma vegetação assustadoramente densa. E para aqui que Edgar Freemantle decide mudar-se, para recuperar de uma acidente traumático que lhe roubou o braço e quase a vida.
Edgar é casado, tem duas filhas e era um empresário de sucesso no ramo da construção, tudo conquistado com muita esforço e determinação. Quando sobrevive miraculosamente à queda de um grua que praticamente o esmagou, Edgar passa por uma recuperação muito complicada, não apenas a nível físico, mas também a nível psicológico com constantes perdas de memória e ataques de fúria direccionados para aqueles que mais próximos estão dele, principalmente a mulher, Pam. Como resultado, o casamento acaba por não resistir, porque Pam vive apavorada com a raiva e a violência que Edgar parece transportar consigo após o acidente.

A mudança geográfica é uma sugestão do amigo e psicólogo Kamen que lhe sugere começar uma nova vida e dedicar-se àquilo de sempre gostou mas nunca teve oportunidade de o fazer. Para Edgar era a pintura, paixão antiga que nunca conseguiu desenvolver. E é assim que Edgar vai parar a Duma Key a ilha misteriosa, cuja única habitante permanente é Elizabeth Eastlake e o seu ajudante Wireman.
Em Duma Key, Edgar encontra o cenário perfeito para extravasar todo o seu talento adormecido. Passa horas a pintar o horizonte que vê da janela de Big Pink, a casa que alugou. No entanto os seus quadros parecem resultar de algo mais do que apenas o inegável talento de Edgar. Os seu quadros são perturbadores e parecem ter um efeito sobre o mundo real que Edgar nunca procurou. Resistir à tentação de utilizar tamanho poder pode ser difícil... Que consequências trará? Edgar não poderia imaginar tamanha tragédia, a única que o poderia ter alertado era Elizabeth mas a lutar contra o Alzheimer, a simpática senhora pouco pôde fazer para travar os acontecimentos que se aproximavam.

E é este o ponto de partida para mais um livro à Stephen King, repleto de criaturas mais ou menos vivas, de poderes antigos e inexplicáveis e de personagens que preferiam esquecer coisas do seu passado.

Não é definitivamente o melhor livro de Stephen King, achei-o até pouco inspirado e um pouco repetitivo. Principalmente achei que, mesmo dentro do género, as personagens e acontecimentos eram pouco credíveis. No entanto, para mim ler Stephen King é, salvo raríssimas excepções, sempre um prazer e Duma Key não foi uma excpeção.Vai ficar-me na memória muito tempo? Não. Mas nem todos os livros podem estar nessa categoria... Stephen King entretém sempre e, muitas vezes não se limita a entreter, pelo que, embora não sendo um livro memorável é um livro que se lê bem e que não hesito em recomendar. :)

Boas leituras!

Excerto:
"Soltei um grito, tanto de surpresa como de dor, e ao coçar freneticamente o que não existia, caí no chão, atirando abaixo o comando da televisão e a minha sanduíche, que rolou pela alcatifa. O que não existia, ou o que não conseguia alcançar? Ouvi-me gritar para mim próprio, Pára com isso, pára. Mas só havia uma maneira de parar. Pus-me de joelhos e gatinhei até à escada, registei o estalido do comando da televisão a ser esmagado por um joelho, não sem antes ter mudado de canal. Para a CMT, Country Music Television. Alan Jacson cantava Crime na Ribalta. Ao subir a escada, por duas vezes procurei agarrar o corrimão com a mão que não tinha, mas tive a sensação da palma suada a atravessar a madeira polida como fumo."