Ano da edição original: 1987
Autor: Haruki Murakami
Tradução do Inglês: Alberto Gomes
Editora: Civilização Editora
Autor: Haruki Murakami
Tradução do Inglês: Alberto Gomes
Editora: Civilização Editora
"Ao ouvir a sua música preferida Beatles, Norwegian Wood, Toru Watanabe
recorda-se do seu primeiro amor, Naoko, a namorada do seu melhor amigo
Kizuki. Imediatamente regressa aos seus anos de estudante em Tóquio, à
deriva num mundo de amizades inquietas, sexo casual, paixão, perda e
desejo – quando uma impetuosa jovem chamada Midori entra na sua vida e
ele tem de escolher entre o futuro e o passado."
Norwegian Wood é uma música do Beatles, uma das preferidas de Naoko e que despoleta a torrente de memórias em Toru Watanabe, anos mais tarde, sempre que a ouve. São essas memórias e a história que envolve estes dois adolescentes, na altura, que Haruki Murakami se propõe partilhar connosco.
Quando Toru conhece Naoko esta é a namorada de Kizuki, o seu melhor e único amigo. Kizuki funciona como o núcleo agregador do trio mantendo-o unido. Quando Kizuki, com dezassete anos e sem que nada o fizesse prever, se suicida, deixa a namorada e o melhor amigo sozinhos e perdidos. Naoko e Toru perdem o contacto, a relação dos dois sem Kizuki não parece fazer muito sentido. Anos mais tarde os dois voltam a encontrar-se, por acaso, e reatam a amizade.
Toru está na faculdade, não é a pessoa mais sociável do mundo, sendo, no entanto uma pessoa extremamente equilibrada e madura. No dia em que Kizuki morreu, houve algo que se quebrou dentro dele, algo que nunca voltou a recuperar, mas conseguiu, de alguma forma, seguir com a sua vida e, embora não seja um estudante típico vai vivendo o dia a dia de acordo com aquilo em que acredita.
Naoko conhecia Kizuki quase desde que nasceram, o terem-se tornado namorados foi algo natural e para eles quase inevitável. Quando Kizuki morre, Naoko perde-se para o mundo, e a sua já frágil saúde mental degrada-se, torna-se uma espécie de espectro com dificuldade em comunicar, em falar, escrever ou em expressar-se. Quando reencontra Toru sente, pela primeira vez em anos, reacender-se a vontade de viver, de ser compreendida e amada. É difícil mas parece estar disposta a tentar e Toru parece disposto a ajudá-la. Gosta dela e assume naturalmente a missão de ajudá-la a manter-se ligada à vida e a fortalecer esta ligação. Afinal ambos perderam algo com a morte de Kizuki, só os dois se podem ajudar um ao outro.
Por muito amor que existisse, entre os dois, desde o princípio que temos dificuldade em acreditar num final feliz para estes dois. Por muita boa vontade que exista, não passam de dois jovens, acabados de ser largados no mundo, às portas da idade adulta, e os traumas e as feridas com que têm de lidar são um fardo demasiado grande para qualquer um deles.
Naoko, num dos seus períodos mais negros decide afastar-se e internar-se numa instituição para pessoas que, não sendo loucos, são pessoas que em determinada altura das suas vidas perderam alguma capacidade de se manterem socialmente capazes e integradas. Toru é deixado novamente sozinho e a sofrer com a distância e falta de notícias de Naoko. É nessa altura que conhece Midori, uma rapariga cheia de vida, descontraída também ela com uma história familiar complicada, mas que consegue manter a sanidade. Midori é a antítese de Naoko, as duas são como o dia e a noite. Inicialmente Midori é apenas uma amiga para Toru, alguém com quem gosta de passar o tempo e com quem se identifica. Só se apercebe dos seus verdadeiros sentimentos quando quase a perde. Toru fica destroçado porque não era suposto apaixonar-se por outra pessoa. Encara o que sente por Midori como uma traição a Naoko e aos projectos que tinha traçado para os dois.
É como diz a sinopse, uma escolha entre o passado e o futuro, escolha que acaba por ser facilitada pelo destino...
Este é um livro triste, com muita dor e muitas cicatrizes mal saradas. A morte é uma constante ao longo de todo o livro, mais como uma ameaça que paira sobre todos eles e que, de vez em quando, atinge efectivamente alguém.
Para mim é um livro que capta muito bem alguns dos aspectos mais sombrios da adolescência e do difícil que é crescer. Capta muito bem a confusão, o medo, a tensão sexual (fala muito de sexo) e aquela sensação que todos o adolescentes têm de que o mundo parece conspirar contra eles, seres incompreendidos.
Fala muito de suícidio e de perda. É por isso um livro triste, essencialmente triste.
Haruki Murakami mesmo quando não é genial é muito bom. É o que acontece com este Norwegian Wood, é bom mas a genialidade que Murakami imprime a quase todas as suas obras não é tão evidente.
Gostei e recomendo!
Excerto:
"A voz serena da Midori rompeu por fim o silêncio: - Onde estás agora?
Onde estava eu agora?
Afastei o auscultador, levantei a cabeça e virei-me para ver o que havia para lá da cabina telefónica. Onde estava eu agora? Não fazia ideia. Não fazia a mínima ideia. Que lugar era este? Tudo o que perpassava pelos meus olhos eram os inúmeros vultos de pessoas caminhando para algures. Eu chamava uma e outra vez pela Midori do centro morto deste lugar que não era lugar nenhum."
Gostava de ver o filme - Norwegian Wood - acho que, neste caso é capaz de ser uma mais valia para o livro:
Quando Toru conhece Naoko esta é a namorada de Kizuki, o seu melhor e único amigo. Kizuki funciona como o núcleo agregador do trio mantendo-o unido. Quando Kizuki, com dezassete anos e sem que nada o fizesse prever, se suicida, deixa a namorada e o melhor amigo sozinhos e perdidos. Naoko e Toru perdem o contacto, a relação dos dois sem Kizuki não parece fazer muito sentido. Anos mais tarde os dois voltam a encontrar-se, por acaso, e reatam a amizade.
Toru está na faculdade, não é a pessoa mais sociável do mundo, sendo, no entanto uma pessoa extremamente equilibrada e madura. No dia em que Kizuki morreu, houve algo que se quebrou dentro dele, algo que nunca voltou a recuperar, mas conseguiu, de alguma forma, seguir com a sua vida e, embora não seja um estudante típico vai vivendo o dia a dia de acordo com aquilo em que acredita.
Naoko conhecia Kizuki quase desde que nasceram, o terem-se tornado namorados foi algo natural e para eles quase inevitável. Quando Kizuki morre, Naoko perde-se para o mundo, e a sua já frágil saúde mental degrada-se, torna-se uma espécie de espectro com dificuldade em comunicar, em falar, escrever ou em expressar-se. Quando reencontra Toru sente, pela primeira vez em anos, reacender-se a vontade de viver, de ser compreendida e amada. É difícil mas parece estar disposta a tentar e Toru parece disposto a ajudá-la. Gosta dela e assume naturalmente a missão de ajudá-la a manter-se ligada à vida e a fortalecer esta ligação. Afinal ambos perderam algo com a morte de Kizuki, só os dois se podem ajudar um ao outro.
Por muito amor que existisse, entre os dois, desde o princípio que temos dificuldade em acreditar num final feliz para estes dois. Por muita boa vontade que exista, não passam de dois jovens, acabados de ser largados no mundo, às portas da idade adulta, e os traumas e as feridas com que têm de lidar são um fardo demasiado grande para qualquer um deles.
Naoko, num dos seus períodos mais negros decide afastar-se e internar-se numa instituição para pessoas que, não sendo loucos, são pessoas que em determinada altura das suas vidas perderam alguma capacidade de se manterem socialmente capazes e integradas. Toru é deixado novamente sozinho e a sofrer com a distância e falta de notícias de Naoko. É nessa altura que conhece Midori, uma rapariga cheia de vida, descontraída também ela com uma história familiar complicada, mas que consegue manter a sanidade. Midori é a antítese de Naoko, as duas são como o dia e a noite. Inicialmente Midori é apenas uma amiga para Toru, alguém com quem gosta de passar o tempo e com quem se identifica. Só se apercebe dos seus verdadeiros sentimentos quando quase a perde. Toru fica destroçado porque não era suposto apaixonar-se por outra pessoa. Encara o que sente por Midori como uma traição a Naoko e aos projectos que tinha traçado para os dois.
É como diz a sinopse, uma escolha entre o passado e o futuro, escolha que acaba por ser facilitada pelo destino...
Este é um livro triste, com muita dor e muitas cicatrizes mal saradas. A morte é uma constante ao longo de todo o livro, mais como uma ameaça que paira sobre todos eles e que, de vez em quando, atinge efectivamente alguém.
Para mim é um livro que capta muito bem alguns dos aspectos mais sombrios da adolescência e do difícil que é crescer. Capta muito bem a confusão, o medo, a tensão sexual (fala muito de sexo) e aquela sensação que todos o adolescentes têm de que o mundo parece conspirar contra eles, seres incompreendidos.
Fala muito de suícidio e de perda. É por isso um livro triste, essencialmente triste.
Haruki Murakami mesmo quando não é genial é muito bom. É o que acontece com este Norwegian Wood, é bom mas a genialidade que Murakami imprime a quase todas as suas obras não é tão evidente.
Gostei e recomendo!
Excerto:
"A voz serena da Midori rompeu por fim o silêncio: - Onde estás agora?
Onde estava eu agora?
Afastei o auscultador, levantei a cabeça e virei-me para ver o que havia para lá da cabina telefónica. Onde estava eu agora? Não fazia ideia. Não fazia a mínima ideia. Que lugar era este? Tudo o que perpassava pelos meus olhos eram os inúmeros vultos de pessoas caminhando para algures. Eu chamava uma e outra vez pela Midori do centro morto deste lugar que não era lugar nenhum."
Gostava de ver o filme - Norwegian Wood - acho que, neste caso é capaz de ser uma mais valia para o livro: