dezembro 25, 2015

Lisboa Triunfante - David Soares


Título original: Lisboa Triunfante
Ano da edição original: 2008
Autor: David Soares
Editora: Saída de Emergência

"Lisboa Triunfante é um romance épico sobre a rivalidade entre duas figuras misteriosas, cuja contenda milenária se cruza com a história da capital portuguesa. Desde as origens pré-históricas de Lisboa até aos anos turbulentos que antecederam a implantação da República, passando pela elevação da cidade a capital do a Reino por Afonso III e pela construção enigmática do Mosteiro dos Jerónimos, a galeria de personagens que dão vida a Lisboa Triunfante contém figuras como Frei Gil de Santarém, D. João V e Aquilino Ribeiro. Reunindo elementos de romance histórico e fantástico, este é um livro definitivo sobre uma Lisboa mágica, que possui tanto de reconhecível quanto de maravilhoso. Lisboa Triunfante é um triunfo da imaginação."

De David Soares apenas tinha lido O Evangelho do Enforcado de que gostei bastante (a minha opinião aqui). Não sei se a minha opinião sobre este Lisboa Triunfante sofreu por ser o meu segundo livro de um autor que me deixou com expectativas elevadas... A verdade é que tive muita dificuldade em entrar na história, não me identifiquei com a escrita que achei, principalmente no início, forçada na utilização de termos e expressões que, duvido alguém saiba o que querem dizer. Achei a história confusa. Tenho pena de não ter conseguido apreciar o livro porque ao ler outras opiniões fico com a sensação que me escapou qualquer coisa. :/

De uma forma muito resumida, porque confesso que tenho alguma dificuldade em opinar sobre este livro, Lisboa Triunfante, tendo como palco a cidade de Lisboa, conta a história da própria cidade e de sua construção. Lisboa é o fruto de uma luta intemporal entre duas forças poderosas, a raposa, trapaceira, imaginativa e criativa - adorada pelas mulheres - e o lagarto, símbolo da razão e da lógica - seguido pelos homens - acredita na destruição como catalisador da evolução e do desenvolvimento, o que resulta da destruição e sempre melhor do que aquilo que existia.
No início, numa Lisboa por inventar, era a raposa quem reinava, as mulheres eram as líderes numa incipiente sociedade pré-histórica até que os homens, orientados pelo lagarto, as derrotam e assistimos, através da escrita de David Soares ao aparecimento dos primeiros alicerces de Lisboa até aos dias de hoje. Lisboa é o resultado desta luta entre estas duas figuras poderosas, que lutam entre si, deixando as suas marcas na majestosa arquitectura da cidade.

A parte mais interessante são mesmo as descrições, que acredito serem próximas da realidade, de Lisboa em tempos idos. Os cheiros, as pessoas e os costumes.

E é isto. Não sei que mais dizer, a não ser que, embora não tenha adorado o livro, também não o odiei. Acho que não o entendi ou não me apanhou numa fase boa. Estes rodeios todos para vos dizer, que se o tivesse odiado não o recomendaria, no entanto recomendo. Recomendo porque embora não tenha sido leitura para mim, sinto que é definitivamente leitura para muitos, tendo em conta as opiniões que li sobre ele. Talvez numa outra vida venha a ser leitura para mim. :)

Boas leituras!

Excerto (pág. 25):
"A morte não era uma realidade desgostosa. Eles acreditavam que cada indivíduo tinha duas almas: uma que ascendia ao céu e outra que permanecia com as ossadas. Era esse espírito que urgia satisfazer para que não abandonasse a sepultura em busca dos vivos. O protocolo lúgubre era respeitado desde a descarnação. O cadáver era  desbastado com gumes de pedra até os ossos ficarem límpidos; em seguida, o estômago, morada dos espíritos, era queimado com frutas e flores para, consoante a forma do fumo, serem hierarquizados aqueles que iriam consumir a carne. A prática não condicionava o apetite das matriarcas que comiam sempre primeiro: os retalhos mais tenros, assim como o fígado, eram para elas. Naquela noite, o menino só tivera direito a um pedaço do músculo tibial porque tinha sido o último a comer: fora o fumo a falar. A chefe comera a coxa da mulher e dividira o fígado dela com as irmãs. Ele sabia que a chefe precisava de comer melhor que os outros para liderar, para se manter forte à frente do grupo, mas... A mãe dele tinha morrido e ele só tinha comido um bocado da canela?!
Matutou sobre isso durante a viagem enquanto tentou tirar a bolinha de carne dentro do buraco no dente."

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