setembro 12, 2016

O Jogo de Ripper - Isabel Allende

Título original: El Juego de Ripper
Ano da edição original: 2014
Autor: Isabel Allende
Tradução: Ângela Barroqueiro
Editora: Porto Editora

"Indiana e Amanda Jackson sempre se apoiaram uma à outra. No entanto, mãe e filha não poderiam ser mais diferentes. Indiana, uma bela terapeuta holística, valoriza a bondade e a liberdade de espírito. Há muito divorciada do pai de Amanda, resiste a comprometer-se em definitivo com qualquer um dos homens que a deseja: Alan, membro de uma família da elite de São Francisco, e Ryan, um enigmático ex-navy seal marcado pelos horrores da guerra.
Enquanto a mãe vê sempre o melhor nas pessoas, Amanda sente-se fascinada pelo lado obscuro da natureza humano. Brilhante e introvertida, a jovem é uma investigadora nata, viciada em livros policiais e em Ripper, um jogo de mistério online em que ela participa com outros adolescentes espalhados pelo mundo e com o avô, com quem mantém uma relação de estreita cumplicidade.
Quando uma série de homicídios ocorre em São Francisco, os membros de Ripper encontram terreno para saírem das investigações virtuais, descobrindo, bem antes da polícia, a existência de uma ligação entre os crimes. No momento em que Indiana desaparece, o caso torna-se pessoal, e Amanda tudo fará para deslindar o mistério antes que seja tarde demais."

Não é novidade que gosto de Isabel Allende, mas também não é novidade que nem tudo o que escreve me convence. Este O Jogo de Ripper, uma espécie de policial, é dos que não me convencem. Encaixo este na mesma caixinha onde coloquei as obras que ela foi escrevendo para os netos, como a trilogia As Aventuras da Águia e do Jaguar - composta por A Cidade dos Deuses Selvagens, O Reino do Dragão de Ouro e O Bosque dos Pigmeus, onde ela utiliza uma linguagem mais juvenil que, na minha opinião, resulta em livros menos bem conseguidos em termos de história, com personagens menos desenvolvidas e muito menos interessantes.

Relativamente ao Jogo de Ripper, não há muito a acrescentar à sinopse que vem no livro.
Amanda Jackson é uma miúda de 17 anos (que a mim me pareceu sempre mais nova, menos matura) extremamente inteligente mas muito pouco sociável. Encontra num jogo online, o Jogo de Ripper, que ela própria gere, um grupo de miúdos, que como ela e pelos mais diversos motivos, também não se sentem muito confortáveis com o que o mundo lá fora parece exigir deles. O Jogo de Ripper acaba por ser uma comunidade muito restrita de miúdos unidos pelo gosto em investigar e resolver mistérios.
Quando em São Francisco se inicia uma série de homicídios estranhos, o grupo passa a dedicar-se em exclusivo em descobrir o assassino.
O livro explora a relação desta adolescente meio disfuncional com uma família pouco normal. A mãe, Indiana, é uma mulher que olha o mundo e a vida de forma positiva, que se esforça para ver apenas o lado bom das pessoas. O pai Bob Martín, inspector-chefe, está encarregue da investigação dos crimes que assolam a comunidade. É um homem algo rude, típico macho latino, que tem pela filha um amor genuíno. Divorciado de Indiana, a namorada do tempo do liceu que engravidou e com quem casou, mas que nunca amou realmente. Mantém com a ex-mulher uma relação próxima, protector e fraternal. Amanda vive com o avô, Blake Jackson, que tenta manter alguma sanidade na vida da neta e acaba por ser porto de abrigo para ela. Acompanha-a em tudo, inclusive no Jogo de Ripper, ajudado-a com as investigações.

Infelizmente não gostei muito de O Jogo de Ripper. A história arrasta-se muito e torna-se cansativa e pouco apelativa. As personagens não se destacam em particular e, confesso que prefiro quando a escritora consegue manter as suas crenças religiosas e a espiritualidade fora das suas histórias.

Embora não tenha gostado particularmente deste livro de Isabel Allende, não me parece que haja razões para não o recomendar. Acredito até que existem muitos leitores para ele e que o saberão apreciar. No entanto este não é um livro que espelhe a escritora que Isabel Allende é. Não o recomendo como introdução à obra de Isabel Allende.

Boas leituras!

Excerto (pág. 30):
"Blake Jackson enfiou o nariz na trunfa de cabelo crespo da neta, inspirando o cheiro a salada - tinha-lhe dado para lavar o cabelo com vinagre - e pensou que dentro de poucos meses ela partiria para a universidade e ele não estaria por perto para a proteger; ainda não se tinha ido embora e já tinha saudades dela. Recordou numa sucessão vertiginosa de acontecimentos as etapas daquela curta vida, a rapariguinha arisca e desconfiada, metida durante horas debaixo de uma tenda improvisada feita com lençóis, onde apenas entravam o amigo invisível que a acompanhou durante vários anos, chamado Salve-o-Atum, a sua gata Gina e ele, quando tinha a sorte de ser convidado para tomar chá a brincar em minúsculas chavenazinhas de plástico. «A quem teria saído aquela pirralha?», tinha perguntado Blake Jackson quando Amanda o venceu ao xadrez aos seis anos. Não podia ser a Indiana, que flutuava na estratosfera pregando paz e amor meio século depois dos hippies, e menos ainda a Bob Martín, que por essa altura ainda não tinha lido um livro até ao fim. «Não te preocupes, homem, muitas crianças são geniais na sua infância e depois entram na idade da parvalheira. A tua neta descerá ao nível de idiotice geral, quando lhe despertarem as hormonas», aconselhou Celeste Rolo. "

2 comentários:

  1. Também não gostei nada deste livro:)

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  2. Eu raramente deixo um livro a meio, mas este foi um deles.
    Adoro Isabel Allende mas este desiludiu-me.
    Bjs

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