novembro 23, 2017

[Kindle] Pássaros Feridos - Colleen McCullough

Título original: The Thorn Birds
Ano da edição original: 1977
Autor: Colleen McCullough
Tradução: Octávio Mendes Cajado
Editora: Bertrand Editora

"Um dos romances mais lidos e apreciados de todos os tempos, Pássaros Feridos é uma saga de sonhos, paixões negras e amores proibidos. Passada na Austrália, percorre três gerações de um indomável clã de rancheiros cujas vidas vão ganhando contornos numa terra dura mas de grande beleza ao mesmo tempo que vão lidando com a amargura, a fragilidade e os segredos da sua família. Uma apaixonante história de amor, um intenso épico de luta e sacrifício, uma celebração da individualidade e do espírito. É sobretudo a história de Meggie e do padre Ralph de Bricassart - e da intensa ligação de dois corações e duas almas ao longo de uma vida inteira, numa relação que ultrapassa perigosamente as fronteiras sagradas da ética e do dogma."

Pássaros Feridos é um daqueles livros seguem a história de uma família, os Cleary, quase desde o seu nascimento até à morte.
A história começa na Nova Zelândia, com os Cleary, uma família de tosquiadores de carneiros. Paddy e Fee são casados e têm 6 filhos. Meggie é a única menina na família Cleary. Era uma criança curiosa, inteligente e muito bonita, com a cabeça cheia de canudos dourados como o sol. 
Não se pense, no entanto que, por ser bonita e a única menina da família era tratada de maneira muito diferente. Era castigada como os irmãos, principalmente pela mãe, que a tratava de forma mais rude por ser uma menina. As duas tinham uma relação tensa e com muito poucas demonstrações de amor. O pai tinha-lhe um carinho especial e o irmão mais velho, Frank protegia-a, sempre que possível, de todos os contratempos.

Quando a irmã de Paddy, Mary Carson, milionária, viúva e doente, lhe pede que venha com a família viver para junto dela e ajudá-la a cuidar de Drogheda, a fazenda que promete, será deles quando morrer, os Cleary não têm como recusar e mudam-se de malas e bagagens para a Austrália. E aqui começa um novo capítulo na vida desta família.
Drogheda são quilómetros e quilómetros de terra onde Mary é dona de milhares e milhares de carneiros. A fazenda situa-se numa zona inóspita da Austrália, onde a natureza é inclemente, com períodos de seca extrema seguidos de verdadeiros dilúvios. A família, principalmente Meggie e a mãe, sentem alguma dificuldade em ambientar-se ao clima, à humidade, aos insectos e ao pó que parece não ter fim. Estranham o isolamento.
A única visita regular da casa grande é Ralph de Bricassart, o jovem, ambicioso e sedutor padre de Gillanbone, a cidade mais próxima de Drogheda.
Ralph de Bricassart é a primeira pessoa que os Cleary conhecem quando chegam. É ele que os vai receber à estação de comboio de Gillanbone e os leva até à fazenda de Mary Carson.
Dono de uma beleza e carisma irresistíveis, cativa todos com o seu à vontade e disponibilidade.
Simpatiza de imediato com todos os Cleary, mas desenvolve um carinho especial pela surpreendente Meggie, na altura com nove anos. Fascinado com ela desde a primeira vez que a viu, passa a ser o seu melhor, e único, amigo, e o seu mais fervoroso protector.

O tempo passa, a família cresce, uns nascem outros morrem, e a vida continua em Drogheda.
Meggie cresce e torna-se numa mulher encantadora, cobiçada pelos jovens das fazendas vizinhas. Meggie cresceu isolada, sem contacto com outras meninas da sua idade e a mãe não perdeu tempo a prepará-la para a vida adulta. E é por isso que, na cabeça dela, tudo é mais simples do que na vida real. Apaixonada pelo padre Ralph, sabendo-se correspondida, não percebe porque não podem ser felizes os dois. Ralph de Bricassart, vive atormentado, dividido entre a sua vocação e ambições pessoais e o que sente, de forma muito intensa pela sua doce Meggie.

A personagem da Meggie, as suas escolhas, os seus dramas e as suas alegrias, vão servir de motor para o desenvolver da história. Não sei se vale a pena entrar em mais pormenores sobre a vida dela e sobre o que o futuro lhe reservou.

Pássaros Feridos permite-nos conhecer um bocadinho da Austrália, um país imenso, dono de uma natureza dura e implacável, que tornou todos os seus habitantes pessoas mais ou menos rudes, com uma capacidade de resistir às adversidades acima da média. Uma terra bonita, que se entranha nos ossos de cada uma das personagens, que os prende e os define. Não querem, ou não conseguem, viver noutro lado.
Fala também de religião e do impacto que pode ter na vida das pessoas e do mundo. Uma religião feita por homens, que arrasta, por isso, todos os defeitos que nos são, de certa forma, inatos.
Fala de amor, de família, do papel da mulher na sociedade e da importância da educação.
Fala de muitas outras coisas, é um livro grande, havendo espaço para tudo.

Posto isto, não tenho a certeza de ter gostado muito deste livro ou da forma como é contada a história. Não consigo explicar, mas nota-se que é um livro de época, que aborda os temas de forma mais tradicional. Não sei se me fiz entender.
Gostei da história até Meggie se tornar uma jovem adulta, com 16, 17 anos. A seguir todo o livro me pareceu um romance de cordel, de amores proibidos. A história voltou a agarrar-me na fase adulta de Meggie, casada, mulheres independente e cheia de convicções. O interesse voltou a esmorecer na fase adulta dos filhos de Meggie, por ter voltado a sentir que a história era um pouco tonta... Talvez tenha tido alguma dificuldade em identificar-me com as personagens, não sei.

Resumindo e baralhando, não foi a minha leitura do ano, mas é um livro que tem muitas coisas boas que julgo, compensam as que, para mim, foram mais enfadonhas. Gostei especialmente dos cenários e de me permitir conhecer um bocadinho da Austrália.
Por isso, e embora não tenha ficado fã da escrita e não me tenha sentido suficientemente arrebatada para que Colleen McCullough entre para a minha lista de escritoras a descobrir, acho que posso recomendar a leitura de Pássaros Feridos. Não é tempo perdido.

Boas leituras! :)

Excerto
"As palavras foram ditas num tom mais objetivo do que consolador. Meggie fez que sim com a cabeça, sorrindo com insegurança; às vezes, sentia uma grande vontade de ouvir a mãe rir, mas ela nunca o fazia. Pressentia que ambas compartilhavam de algo especial, não comum ao pai nem aos rapazes, mas não não conseguia chegar além daquelas costas rígidas, daqueles pés que nunca paravam.
A mãe acabou por concordar com um gesto ausente de cabeça e, com sacudidelas bruscas e hábeis, volteou as saias volumosas entre o fogão e a mesa, sempre a trabalhar, trabalhar, trabalhar."

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