março 05, 2019

Antes de Ser Feliz - Patrícia Reis


Título original: Antes de Ser Feliz
Ano de edição: 2009 
Autor: Patrícia Reis
Editora: Publicações Dom Quixote

"O princípio possível começa na Figueira da Foz, uma cidade que é uma espécie de décor, guardiã de memórias de Verão e outras vivências. Um miúdo apaixona-se na idade em que os sentimentos são voláteis e sem importância. O objecto do seu amor é uma rapariga difícil, esquiva e perturbada. Há a morte da mãe dela, as tardes de praia no areal imenso, as idas a Buarcos, as festas do Casino. E ainda um pai tímido e um tio criativo atrelado a um cão chamado Tejo. O amor não se desfaz com o tempo. O miúdo chega a rapaz e depois faz-se homem. Parte para Lisboa mas regressa sempre, como uma fatalidade. Espera que ela, a mulher que o obriga a parar no tempo, volte também à cidade, tome conta da sua herança e lhe dê outra vida. Enquanto espera, acompanha o pai dela na doença, organiza papéis e pensamentos, vai a funerais, pendura um Canaletto precioso. Herda a casa que, em tempos, foi chão sagrado para ela; ela, que finge que não está."

Tenho sempre alguma dificuldade em escrever sobre os livros de Patrícia Reis. E não é por não gostar deles ou por não ter o que dizer sobre eles, é mesmo porque sinto, e sentir é se calhar a palavra certa, que os livros de Patrícia Reis são feitos de sentimentos, de impressões, de sensações, mais do que de histórias e personagens.
Acho que é isto que dificulta, para mim, a tradução para palavras das sensações que me provocam os livros dela. Provavelmente, também é por isso, que me limito ser leitora e deixo esta coisa da escrita a sério para quem sabe o que faz. E Patrícia Reis sabe, definitivamente o que faz. :) Pode deixar-me sem palavras, mas deixa-me cheia de "bons feelings", como a música da Sara Tavares, independentemente de ser um livro feliz ou não.

Antes de Ser Feliz é, para além de muitas outras coisas, um livro sobre o amor, a amizade, a paciência, a certeza de que, no fim, tudo terá valido a pena.
Não encontro em mim, mais nada para dizer sobre este livro, a não ser que vale a pena ler, tal como tudo o que me tem passado pelas mãos (as minhas opiniões aqui) da Patrícia Reis.

Boas leituras! :)

Excerto:

"Vim aqui para morrer. Cheguei hoje.
A Figueira da Foz surgiu-me sem rasto de fim de mar, abismo de antigos pescadores e outras almas de fortuna e fé. É um décor, tinhas dito a rir, um dia num pequeno restaurante, a depenicar peixinhos da horta, os dentes brancos numa aparição quase obscena. Pareceu-me, então. Nada do que aqui se passa é real. A terra que não existe. Os tempos dos espanhóis em férias, os que fugiam da guerra, as famílias importantes, os passeios a Tavarede e todas as outras. Nada disso existe realmente. Percorrer a marginal no deslumbramento marítimo até Buarcos. O que é que tudo isto interessa? E quando é que deixou de interessar? Saberás dizer com exactidão, por seres esse tipo de criatura, a pessoa das datas, aniversários, horas certas para tudo."

Sem comentários:

Enviar um comentário