Ano da edição original: 2009
Autor: Chris Priestley
Ilustrações: David Roberts
Tradução: Joana Neves
Editora: Arte Plural Edições
"Edgar não resiste às cativantes histórias de terror que o seu tio Montague lhe conta quando o vai visitar, do outro lado do bosque. Mas qual será a ligação do seu tio a estas histórias sinistras?
Prepara-te para morreres de medo quando descobrires que o tio Montague é, afinal, o protagonista da história mais terrífica de todas.
Um livro assustador... Terás coragem para o ler?"
Comprei este livro nas promoções do Halloween com a intenção de o oferecer às minhas sobrinhas de 10 anos. Tenho por hábito, a não ser que já conheça o autor ou o tipo de histórias, ler o que lhes compro, para perceber se está ou não adequado à idade. Como não conhecia o autor, e por se tratar de um livro de “terror”, este teve de passar pelo crivo e, acabou por ficar nas minhas estantes. Achei que ainda não era adequado para elas. Talvez para o ano. :)
Dito isto, As Histórias de Terror do Tio Montague, é um conjunto de histórias assustadoras, que o sinistro tio Montague conta ao seu sobrinho Edgar. O cenário é uma assustadora mansão, no meio de um pequeno bosque, para a qual Edgar se dirige todos os dias só para ouvir as histórias do Tio Montague.
As histórias não são assustadoras do tipo ficarmos com dificuldade em adormecer ou atravessar divisões às escuras mais rápido do que o normal, com receio da própria sombra. As histórias são um pouco assustadoras, até certo ponto duras e sem grandes rodeios. Acho que acima de tudo, estão muito bem escritas e tentam passar, de alguma forma, uma mensagem. Fiquei agradavelmente surpreendida por este pequeno livro.
Gostei e recomendo. :)
Boas leituras!
Excerto (pág.9):
“O caminho para casa do Tio Montague passava por um pequeno bosque. O carreiro ondulava por entre as árvores como uma serpente a esconder-se no mato, e embora o carreiro não fosse longo e o bosque não fosse nada grande, essa parte da caminhada parecia sempre demorar muito mais do que eu esperava."
(Pág. 13):
“Uma das muitas excentricidades do meu tio era que, embora claramente não lhe faltasse dinheiro, ele nunca tinha querido ter nada a ver com luz elétrica – nem com iluminação a gás, na verdade -, e iluminava toda a casa apenas com luz de velas, e mesmo assim, com pouca. Por isso, segui-lo até ao seu escritório era sempre muito desconcertante; apesar de estar seguro em casa do meu tio, não me sentia nada confortável em ficar às escuras lá dentro, e apressava-me sempre para não o perder de vista – e para não deixar de ver a luz das velas.
Enquanto o meu tio caminhava pela casa cheia de correntes de ar, a luz das velas tornava-me certamente mais nervoso; a sua passagem tremeluzente criava toda a espécie de sombras grotescas na parede, que dançavam e saltitavam por todos os lados, dando a irritante impressão de ter uma vida própria e parecendo fugir para se esconder debaixo da mobília ou correr pelas paredes acima para se refugiar nos cantos dos tetos.
Depois de caminhar mais tempo do que pareceria possível, a avaliar pelo tamanho da casa tal como parecia vista de fora, chegámos ao escritório do meu tio: uma divisão vasta, com diversas estantes cheias de livros e de raridades que o velho senhor tinha trazido das suas viagens. Das paredes pendiam vários quadros e gravuras, e as janelas com caixilhos de bronze estavam tapadas por pesadas cortinas. Mesmo que ainda fosse de dia, o escritório estava sempre escuro como uma gruta.”