fevereiro 05, 2012

A Muralha de Gelo - George R. R. Martin

Título original: A Game of Thrones (part 2)
Ano da edição original: 1996
Autor: George R. R. Martin
Tradução: Jorge Candeias
Editora: Saída de Emergência

"Estes são tempos negros para Robert Baratheon, rei dos Sete Reinos. Do outro lado do mar, uma imensa horda de selvagens começa a formar-se com o objectivo de invadir o seu reino. À frente deles está Daenerys Targaryen, a última herdeira da dinastia que Robert massacrou para conquistar o trono. E os Targaryen sempre foram conhecidos pelo seu rancor e crueldade...
Mais perto, para lá da muralha de gelo que se estende a norte, uma força misteriosa manifesta-se de maneira sobrenatural. E quem vive à sombra da muralha não tem dúvidas: os Outros vêm aí e o que trazem com eles é bem pior do que a própria morte...
Ainda mais perto, na Corte, as conspirações continuam. O ódio entre as várias Casas aumenta e desta vez o sangue mancha os degraus dos palácios e o veludo dos cadeirões dourados. E quando parece que nada poderia piorar, o rei é ferido mortalmente numa caçada. Terá sido um acidente ou um assassinato? Seja como for, uma coisa é certa: a guerra civil vem aí!"

Reservei este livro na Biblioteca depois de ter visto a primeira temporada de Game of Thrones porque, ao contrário do que é usual, gostei mais do que vi do que daquilo que li no primeiro volume da saga de George R. R. Martin, A Guerra dos Tronos, lido há mais de um ano (já comentado aqui). Fiquei com a impressão de que este segundo volume poderia mudar a minha opinião acerca da saga e... mudou! Começo a gostar desta gente dos Sete Reinos e arredores! ;)

Em A Muralha de Gelo, o que não falta é acção, muitas lutas, muitas cabeças cortadas, muito sangue e muita morte! Terrível? Nem por isso, a guerra é assim, feia e sórdida! E é neste livro que a guerra tem início, com a morte do rei dos Sete Reinos, Robert Baratheon e as esperadas lutas pelo trono ao qual muitos acham ter direito. 
No meio da conspiração e das traições que se cozinham nos bastidores, Ned Stark, acaba por ser arrastado para o meio desta luta pelo poder e, demasiado honesto e honrado, acaba por ficar em maus lençóis por ter confiado nas pessoas erradas. Por ser um guerreiro e não um político e por amar a família acaba por se ver de pés e mãos atados, colocando-se a si e aos que ama em perigo.
Para salvar o pai e as irmãs das mãos de Cersei Lannister, a rainha calculista, Robb o filho mais velho de Ned Stark, parte de Winterfell com os seus aliados, declarando guerra ao reinado dos Lannister. Rebenta assim uma guerra civil que ameaça dividir a região de forma definitiva, com alianças que se formam e quebram ao sabor do vento gelado e planos que se adivinham e se temem.
Enquanto os Sete Reinos andam distraídos na luta pelo poder, a norte, para lá da Muralha de Gelo, começam a surgir notícias inquietantes sobre o regresso dos Outros, sobre aldeias desertas, não se sabendo para onde foram os seus habitantes, sobre criaturas de olhos azuis, vindas de um mundo do qual não deveria ser possível regressar: o mundo dos mortos. :p
Enquanto o povo no sul luta pelo trono de ferro, a Patrulha da Noite, os guardiões da muralha de gelo, enfraquecida por anos de paz e pela dificuldade de recrutamento de novos irmãos de Negro, luta por se manter como a única barreira entre o mundo das trevas, que traz consigo o Inverno depois de gerações inteiras de Verão, e o resto do reino.

Para ajudar, parece que os Dragões afinal não foram extintos e poderão regressar... :)

Gostei bastante deste livro. É um livro que tem poucos elementos fantásticos, a fantasia resume-se aos dragões, aos lobos gigantes e a um mundo inventado na íntegra pelo autor. A fantasia acaba aí. Não existe magia, não existem super poderes, as cabeças são cortadas e são cortadas mesmo que a personagem que a tinha em cima dos ombros fosse uma das mais importantes na história... Gostei que o autor não tenha receio de matar as suas personagens, o que só é possível porque todas elas são muito fortes, muito bem caracterizadas e com um enorme potencial de crescimento na história. Só desta forma se conseguiria manter uma saga deste tamanho interessante durante tanto tempo, o que parece ser o caso.
Achei que neste livro a escrita é mais adulta e por isso, para mim, a história acabou por me prender mais.
Tal como no primeiro livro, acho que a forma como a história nos é contada, cada capítulo tem um narrador diferente, torna-a mais rica por permitir diferentes pontos de vista e vozes tão diferentes resultam numa leitura mais dinâmica.

Personagens favoritas: 
Nesta segunda parte da história, a Arya não tem tanto protagonismo, mas continua a ser uma presença muito forte. Continuo a gostar muito de Tyrion Lannister, o anão e, ganhei um carinho especial por Catelyn Stark. Na realidade neste livro não houve nenhuma personagem com a qual tenha embirrado especialmente, até os maus tem o seu encanto. O único que me chegou a irritar, por ser tão crédulo, foi mesmo o Ned Stark... :/

Recomendo a leitura e recomendo a série. Ter visto a série não me atrapalhou muito a leitura, acabou por ajudar a situar todas as personagens, no entanto, vou tentar, a partir de agora, ler primeiro os livros e só depois acompanhar a série. :)

Boas leituras!

Excerto:
"Mais tarde, não poderia afirmar que vira a batalha. Mas ouviu-a, e vale ressoou com ecos. O crac de uma lança quebrada, o tinir das espadas, os gritos de "Lannister", "Winterfell" e "Tully! Correrrio e Tully!". Quando compreendeu que nada mais havia a ver, fechou os olhos e escutou. A batalha ganhou vida à volta dela. Ouviu batidas de cascos, botas de ferro a chapinhar em água pouco profunda, o som de madeira de espadas a bater em escudos de carvalho e o raspar de aço contra aço, os silvos das setas, o trovejar dos tambores, os gritos aterrados de mil cavalos. Homens berravam pragas e suplicavam pela mesircórdia, e recebiam-na (ou não), e sobreviviam (ou morriam). As vertentes pareciam fazer truques estranhos com o som. Uma vez, ouviu a voz de Robb, tão claramente como se estivessem em pé a seu lado, gritando "A mim! A mim!". E ouviu o seu lobo gigante, a rosnar e a roncar, escutou o estalar daqueles longos dentes, o rasgar da carne, gritos de medo e de dor tanto de homem como de cavalo. Haveria apenas um lobo? Era difícil dizer com certeza."

4 comentários:

  1. Olá N. Martins,
    Continua a encantar-me com as suas opiniões.
    Passe pelo meu blog. Tenho lá um selo para si.
    Boa semana e boas leituras!

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  2. Também estou a gostar de ler os livros. Fui até ao 9º lendo apenas os capítulos da Arya e agora voltei para o 3º, mas entretanto interrompi a leitura por ter começado a ler um policial...

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  3. redonda: Só tu... :) É possível fazer isso e a história fazer sentido? Fiquei curiosa...

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  4. Acho que é, sim...talvez também possas experimentar no próximo volume...

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