dezembro 12, 2012

The Pillars of the Earth - Ken Follett

Título original: The Pillars of the Earth
Ano da edição original: 1989
Autor: Ken Follett
Editora: Pan Books

"Set in the turbulent times of twelfth-century England when civil war, famine, religious strife and battles over royal succession tore lives and families apart, The Pillars of the Earth tells the story of the building of a magnificent cathedral.
Against this richly imagined backdrop, filled with intrigue and treachery, en Follett draws the reader irressistibly into a wonderful epic of family drama, violent conflict and unswerving ambition. From humble stonemason to imperious monarch, the dreams, labours and loves of his characters come vividly to life. The Pillars of the Earth is, without doubt, a masterpiece - and has proved to be one of the most popular books of our time."

E finalmente cheguei ao fim deste primeiro calhamaço de Ken Follett. E é por ser um dos livros mais lidos de sempre, que praticamente já toda a gente leu, que não sei bem que mais há a acrescentar às inúmeras opiniões/críticas já escritas sobre ele. Provavelmente já foi tudo dito e, como não tenho qualquer pretensão de reinventar a roda, vou ser o mais breve possível, tendo em conta a dimensão do livro (1075 páginas nesta edição da Pan Books). ;)

A acção de The Pillars of the Earth percorre quase todo o século XII. Começa com o fim do reinado de Henry I, passa pelo de Stephen e termina com o de Henry II. Tendo como pano de fundo o sonho de construir uma catedral, a maior e mais bela catedral de Inglaterra, Ken Follett leva-nos a viajar por uma época difícil, onde a guerra pelo trono é uma constante, a tirania dos grandes senhores é lei e onde o poder da Igreja, embora muitas vezes ameaçado e posto em causa, é inegável e muitas vezes nefasto. Na luta do bem contra o mal, o bem não parece ter grandes hipóteses contra adversários tão determinados.
Podemos considerar que existem, neste livro, três grandes núcleos - o núcleo do povo, constituído pela gente trabalhadora e/ou pobre, o núcleo dos nobres ou donos de cargos de poder na sociedade e dos religiosos.
Do lado do povo temos Ellen, Jack, juntamente com Tom Builder e a família.
Ellen e Jack, são mãe e filho e viviam numa gruta na floresta, afastados do mundo, até se cruzarem com a família de Tom Builder. Ellen é filha de um nobre, demasiado "avançada" para a época em que nasceu, por ser tudo menos uma mulher submissa. É, pelo contrário, independente, sem papas na língua e incute algum receio nos outros por acharem que é uma bruxa com acesso a poderes ocultos. É uma mulher que ama a vida e o filho, acima de tudo, e que encontra novamente o amor junto de Tom Builder, que acabará por ser o único pai que Jack alguma vez conhecerá.
Tom Builder é-nos apresentado como um homem muito inteligente, com uma mente aberta à mudança. É um homem fisicamente possante que amou sem reservas a mulher, Agnes, que morre durante o parto, e os filhos. O seu maior sonho é construir uma catedral. Quer desenhá-la e construi-la à medida da sua imaginação. É trabalhador e determinado nos objectivos que traçou para a sua vida.


Aliena e Richard fazem parte do núcleo dos nobres, embora vivam, ao longo de toda a história, momentos de verdadeira penúria. Aliena e Richard são irmãos e assistiram impotentes à invasão do castelo onde viviam com o pai, o Conde de Shiring. Preso por conspirar contra o rei, deixa os filhos, ainda adolescentes, abandonados e arruinados. Aliena é uma personagem extraordinária que vale a pena conhecer. Uma mulher de armas que não baixa nunca os braços perante as inúmeras adversidades e contratempos que vai encontrando ao logo da história. Dona de uma beleza extraordinária e de uma não menos extraordinária personalidade, é protagonista de uma das cenas mais chocantes do livro, quando é  violada por William Hamleigh e os seus homens, em frente ao irmão Richard. A vida das mulheres neste livro é tudo menos glamorosa...
William Hameleigh, é a personificação de todo o mal. Conhecemo-lo quando invade o Castelo de Shiring, um rapaz inseguro que encontra na violência um escape para os seus demónios interiores. Seguimos o seu percurso errático, pertubamo-nos com os seus desejos irracionais, por Aliena, pelo poder, pelo reconhecimento público e por sangue. O seu fim não poderia ser diferente daquele que Ken Follett lhe reservou. :)

Do lado da Igreja, temos Philip e Waleran. Os dois representam o melhor e o pior que a Igreja pode criar.
Philip é o prior de Kingsbridge quando Tom Builder chega à vila e depressa embarca no sonho do construtor. Em criança assistiu ao assassinato dos pais tendo sido salvo, juntamente com o irmão mais novo, por um religioso que os acolheu num mosteiro e os educou como filhos. Extremamente inteligente e determinado, o seu calcanhar de Aquiles é o orgulho, o único pecado mortal de que pode ser acusado. Orgulho por ter transformado Kingsbridge numa cidade cada vez maior e mais próspera, e por estar a construir a maior e mais bela catedral do mundo. Comete alguns erros e toma decisões que podemos considerar menos cristãs, tudo para salvaguardar a obra que quer deixar feita. Mas é, na sua essência, um homem bom, um verdadeiro cristão, por vezes inocente, moralmente muito rígido e justo que acredita piamente estar a cumprir a vontade de Deus.
Waleran é a antitese de Philip, dono de uma ambição sem limite, utiliza a sua posição como Bispo para satisfazer os seu desejos pessoais, não olhando a meios para atingir os seus fins. Tem por Philip um ódio de morte e chega a ser frustrante ver o esforço que faz para acabar com Philip e que este consiga sempre dar a volta por cima. :)

The Pillars of the Earth é a história de Ellen, de Jack, de Tom Builder, de Aliena, de Philip, de William e Waleran. Estes são os seu nomes mas podiam ser outros, porque as histórias contadas não são exclusivamente suas. Ken Follett junta todas estas personagens, tendo como força motriz a construção da catedral de Kingsbridge e aproveita para nos falar de como era a vida na Inglaterra do século XII. Como viviam as pessoas nessa altura, do que viviam, o que comiam, porque casavam, como nasciam e como morriam. Que papel assumia a Igreja, em que acreditavam as pessoas da época, o que temiam e como rezavam. Que importância tinha o Rei na vida dos seus súbditos, quando decisões tomadas a quilómetros de distância por razões, raramente compreensíveis, podiam virar a vida do comum dos mortais de pernas para o ar.
Neste aspecto o livro é bem sucedido, uma vez que, faz isto integrando os factos históricos na história ficcionada que conta, com pormenores que vamos absorvendo de forma natural.

Os pormenores da construção da catedral são fascinantes, e é engraçado intuir nas preocupações que consumiam Tom Builder e mais tarde Jack, o início de uma nova era para a engenharia civil. Com o acesso ao conhecimento tão limitado, onde os únicos livros disponíveis pertenciam à Igreja, é fascinante como já se sabia tanto, ou como a intuição de Jack estava tão perto da verdade.

Talvez por ter visto a mini-série primeiro, o meu entusiasmo durante a leitura acabou por não ser uma constante, no entanto, não posso deixar de concordar com a maioria das opiniões já escritas sobre esta obra de Ken Follett, é grande e tem momentos verdadeiramente grandiosos.
The Pillars of the Earth é um daqueles livros que vale essencialmente pela história que nos conta e menos pela qualidade da escrita. A genialidade de Ken Follett revela-se na história e não propriamente na forma como a conta. Confesso que não sou grande fã da escrita dele, que acho demasiado linear e, neste livro, acaba por ser até um pouco repetitivo nas ideias. Mas, embirranços à parte foi um livro que me deu muito gozo ler e que me deixou com vontade de ler o The World Without End e a trilogia do século XX, Winter of the World, que ele já começou a escrever.

Ainda não foi este que arrebatou as 5 estrelas na classificação do Goodreads, mas leva umas confortáveis 4 estrelas, sem hesitações.

Recomendo, embora seja um livro grande, em termos de dimensões, é um livro que se lê bastante bem sem grande espaço para nos aborrecermos. Recomendo também a mini-série, embora não seja completamente fiel ao livro vale a pena ver.

Boas leituras!

6 comentários:

  1. Acabei por não o ler, por ter visto a série. Entretanto li o 1º e o 2º da trilogia Sec XX e gostei muito.

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    1. Eu acabei por ver primeiro a série e talvez por isso tenha achada o livro menos envolvente. Quando retiramos a história da equação, infelizmente a escrita de Follett não é suficiente para manter a qualidade do livro. :-\ Como a série diverge do livro em partes importantes, acabou por ser uma boa leitura.

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  2. Li o "Homem de S. Petersburgo" e confesso que não fiquei muito impressionado, mas este parece ser mais interessante :)

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    1. Do Ken Follett apenas li "Contagem Decrescente" (acho que é assim que se chama) que não me deixou mesmo nada impressionada. A única razão que me levou a querer ler na mesma este foi o facto de ser considerado uma mudança no estilo do escritor e de, em termos, de história me parecer muito diferente daqueke que li e não gostei. Este acho que vale a pena ler, no entanto acho que, como escritor Follett tem sido sobrevalorizado. ;-)

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  3. Eu ainda só li "A Queda dos Gigantes Dele", que é o primeiro livro da trilogia O Século, e tenho a dizer que adorei. Acho que não sou capaz de encontrar um livro que tenha gostado mais este ano :)
    Este está cá por casa (só a primeira parte), mas ainda não tive a "coragem" de pegar nele.

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    1. Pretendo seguir a ordem cronológica da história, por isso o próximo será "World Without End" e vou continuar a lê-los em inglês. :) Como a escrita não é muito complexa, sempre vou praticando a língua e são substancialmente mais baratos. :)

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