Título original: Oryx and Crake
Ano da edição original: 2003
Autor: Margaret Atwood
Editora: Anchor Books (Ebook ISBN: 9781400078981)
Ano da edição original: 2003
Autor: Margaret Atwood
Editora: Anchor Books (Ebook ISBN: 9781400078981)
"Pigs might not fly but they are strangely altered. So, for that matter, are wolves and racoons. A man, once named Jimmy, lives in a tree, wrapped in old bedsheets, now calls himself Snowman. The voice of Oryx, the woman he loved, teasingly haunts him. And the green-eyed Children of Crake are, for some reason, his responsibility."
Margaret Atwood tem sido uma das melhores descobertas dos últimos tempos. A capacidade que tem de imaginar um futuro, onde nos coloca enquanto espécie humana, em situações limite e, onde tudo nos parece credível, é muito difícil de fazer e ela faz isso muito bem.
Leva-nos a acreditar que tudo pode, de facto, vir a acontecer como ela descreve. É assustador e fascinante ao mesmo tempo.
Em Oryx and Crake a autora leva-nos a um tempo onde a humanidade parece ter sido extinta devido a uma praga que nos deixou a todos muito doentes.
É nessa realidade que conhecemos Snowman, aparentemente o último Homem na Terra. Vive no cimo de uma árvore e é adorado pelos Filhos de Crake, uns seres de olhos verdes, e que são muito parecidos com os humanos. Estes e Snowman parecem ser as últimas criaturas racionais que circulam pela face da Terra. O resto do mundo é habitado por animais, aparentemente inofensivos, mas que possuem uma espécie de inteligência quase humana que, ironia das ironias, os torna particularmente perigosos.
É Snowman, nascido Jimmy, que nos conta o que se passou para que se tenha tornado no último Homem à face da Terra.
Jimmy descreve uma sociedade bastante diferente da que conhecemos, constituída por pequenas comunidades, que mais não são que complexos empresariais detidos por grandes empresas tecnológicas, ligadas à investigação biogenética. Quem lá trabalha tem acesso a casa e escola para os filhos, não existindo qualquer necessidade de saírem do complexo. O que se passa fora das paredes destes complexos não é muito explorado, mas a ideia que se quer fazer passar é a de que, lá fora é perigoso e de que, quem vive dentro de um dos complexos é privilegiado.
Jimmy nasceu e cresceu numa dessas bolhas protetoras, por ser filho de dois cientistas e investigadores muito respeitados. Apesar de não não poder dizer que teve uma infância feliz, reconhece que fazia parte de uma elite privilegiada.
Tudo parecia possível naquele tempo. Um tempo em que a engenharia genética estava de tal forma avançada, que as empresas que trabalhavam na área se tornaram muito poderosas.
É possível, por exemplo, criar porcos geneticamente modificados os Pigoons, para recolha de órgãos que serão transplantados em humanos. Autênticas quintas de cultivo de órgãos humanos, onde os porcos já se parecem muito pouco com porcos e são, aos nossos olhos, autênticas aberrações.
Crake, que Jimmy conheceu na escola, dedicou toda a sua vida e inteligência a tentar criar o ser humano perfeito. Ele acha que as hormonas, o sexo e as ligações emocionais são fraquezas no ser humano, que nos tornam mais agressivos e, por isso, devem ser inibidas.
O ser humano perfeito não questiona, só pensa em sexo para procriar, não se sente emocionalmente ligado a outros seres humanos e não acredita em Deus ou qualquer outra coisa mais espiritual. Só assim, numa forma mais primitiva, o Homem poderá ser verdadeiramente feliz.
Os Filhos de Crake são o resultado dessa investigação.
O que se passou para que Jimmy seja o último homem na Terra e se Crake tinha razão sobre a felicidade dos Homens é o que vamos descobrindo ao longo do livro.
Gostei muito e vou querer ler os outros dois livros da trilogia - The Year of the Flood e MaddAddam.
Recomendo!
Boas leituras.
Excerto:
"How long had it taken him to piece her together from the slivers of her he'd gathered and hoarded so carefully? There was Crake's story about her, and Jimmy's story about her as well, a more romantic version; and then there was her own story about herself, which was different from both, and not very romantic at all.
Snowman riffles through these three stories in his head. There must once have been other versions of her: her mother's story, the story of the man who'd bought her, the story of the man who'd bought her after that, and the third man's story - the worst man of them all, the one in San Francisco, a pious bullshit artist; but Jimmy had never heard those.
Oryx was so delicate. Filigree, he would think, picturing her bones inside her small body. She had a triangular face - big eyes, a small jaw - a Hymenoptera face, a mantid face, the face of a siamese cat. Skin of the palest yellow, smooth and translucent, like old, expensive porcelain. Looking at her, you knew that a woman of such beauty, slightness, and one-time poverty must have Led a difficult life, but that this life would not have consisted in scrubbing floors.
"Did you ever scrub floors?" Jimmy asked her once.
"Floors?" She thought a minute. "We didn't have floors. When I got as far as the floors, it wasn't me scrubbing them." One thing about that early time, she said, the time without floors: the pounded-earth surfaces were swept clean every day. They were used for sitting on while eating, and for sleeping on, so that was important. Nobody wanted to get old food on themselves. Nobody wanted fleas."