"É Semana Santa em Sevilha, a semana da Páscoa de paixão e procissões. Um empresário de renome é encontrado atado, amordaçado e morto em frente à sua televisão. As feridas auto-infligidas deixam perceber a luta que travou para evitar o horror das imagens que foi forçado a ver. Quando confrontado com esta macabra cena, o habitualmente desapaixonado detective de homicídios Javier Falcón sente um medo inexplicável. O que é que podia ser tão terrível? A investigação da vida turbulenta da vítima arrasta Falcón através do seu passado e dos misteriosos diários do seu falecido pai, um artista mundialmente conhecido. Revelações dolorosas agitam a memória de Falcón e mais assassínios ocorrem, impelindo-o para a revelação da terrífica verdade. E ele compreende que não se trata só da caça ao assassino que tudo vê, que conhece as vidas secretas das suas vítimas, mas também da procura da sua alma perdida. O Cego de Sevilha é um romance que combina tensão de um thriller psicológico com a intensidade emocional de um tour de force literário. Um verdadeiro festim para todos os sentidos."
A primeira vez que ouvi falar do Robert Wilson foi na Actual do jornal Expresso, onde o crítico dava 5 estrelas ao último livro da série de Javier Falcón, A Ignorância do Sangue. Fiquei curiosa e, aproveitando a promoção de Natal da Wook, lá veio O Cego de Sevilha para a minha prateleira. Tinha grandes expectativas para este livro e, embora tenha gostado muito de o ler, ficou um bocadinho aquém do esperado, o que só acontece quando as expectativas são elevadas.
Demorei mais do que o normal a lê-lo porque senti que, embora seja um policial, não é um livro de leitura compulsiva. Ganha-se mais lendo devagar, pelo menos até certa parte da história. Só a mais de metade do livro é que a leitura ficou mais compulsiva, por imposição da própria história que, neste aspecto está muito bem conseguida. Dei por mim a ler sempre que podia, inclusive enquanto tomava o pequeno-almoço, coisa rara em mim... :)
O Cego de Sevilha é o livro de apresentação do detective Javier Falcón, inspector jefe do departamento de homicídios de Sevilha. Javier Falcón é conhecido por ser frio e desapaixonado tanto na sua profissão como na vida privada, um homem sem coração segundo a sua ex-mulher Inés. Responsável pela investigação do brutal e invulgar assassínio de Raúl Jimenez, um empresário de renome, Falcón que não o conhecia, fica de tal maneira perturbado que toda a sua sobriedade e fama de implacável são abaladas. Perante o corpo mutilado de Raúl Jimenez, sente um medo irracional que não sabia existir, um medo que não sabe de onde vem e que o assusta para além do que é aceitável. Torna-se obsessivo, querendo saber tudo sobre Raúl Jimenez, especialmente quando descobre um fotografia do falecido pai, nos pertences da vítima. Nesta investigação Javier é obrigado a enfrentar memórias passadas que julgava para sempre esquecidas mas que vieram à superfície, de forma desconexa, ao olhar para o corpo mutilado de Raúl Jimenez.
O livro, numa fase inicial, vai-nos relatando a espiral de loucura que vai envolvendo o inspector, a perplexidade dele perante os seus mais recentes comportamentos e sentimentos, enquanto vai tentando manter as aparências perante os colegas de trabalho. Esta é a fase da investigação propriamente dita, com inquéritos a suspeitos e efabulação de teorias sobre o que se passou. Mais para a frente, quando Javier encontra os diários do pai, Francisco Falcón, a história toma outro rumo, centrando-se mais ainda no Javier e nos seus terrores. Nos diários Javier descobre um pai que desconhecia, um homem violento, um verdadeiro monstro. É nos diários que Javier encontra as respostas que justificam o seu comportamento recente e, é nos diários que está a chave para a resolução do crime que tem em mãos.
É um livro muito interessante, passa por várias épocas da história espanhola, a guerra civil e a segunda guerra mundial. Durante a investigação fazem-se referências às suspeitas de corrupção aquando da Expo'92 em Sevilha. Fala-se de pedofilia e do contrabando praticado nos anos 50, 60 no norte de África em Tânger, onde viviam muitos espanhóis.
Está muito bem escrito com uma história equilibrada com as doses certas de tensão. O único senão para mim foi não haver uma melhor caracterização do assassino, sabermos mais sobre o caminho que percorreu até chegar ao extremo que chegou, porque no fim acabei por achar as razões dele frágeis. Mas percebo que para sabermos mais sobre o assassino não haveria espaço para sabermos tanto sobre o Javier Falcón, que acaba por ser o mais importante, ou não fosse ele "o cego de Sevilha". :)
Concluindo, gostei muito do livro, que de início me custou um pouco a ler mais pelo meu estado de espírito (cabeça ocupada com outras coisas) que por culpa da história. Existem, no entanto, momentos parados, diálogos e pormenores da investigação que só não são inúteis porque são necessários para perceber a decadência da personagem principal, mas que tornam a leitura menos prazenteira. Vou de certeza ler mais livros do Robert Wilson, que ainda por cima vem buscar a inspiração ao nosso Alentejo onde tem uma casa. :)
Nota sobre esta edição: Embora no original o autor tenha usado muitos termos em castelhano, acho que a opção de não os traduzirem para português, mantendo-os em castelhano e destacando-os em itálico, não funcionou para mim. Por serem tão semelhantes ao português, muitas vezes exactamente iguais, achei despropositado. Porque não "inspector chefe do Grupo de Homicidios de Sevilha", em vez de "inspector jefe del Grupo de Homicidios de Sevilha"? Ou Polícia Científica em vez de Policia Científica? Diziam também Calle qualquer coisa em vez de Rua qualquer coisa, ou Juez em vez de Juiz. Achei desnecessário, porque embora acredite que funcione no original por estar escrito em inglês, em português dispersa um pouco a atenção. Deveriam ter mantido apenas os nomes das ruas e dos monumentos em castelhano, o resto deveria ter sido traduzido. Foi uma das razões pelas quais me custou o início do livro porque me irritou um bocadinho... :p
Demorei mais do que o normal a lê-lo porque senti que, embora seja um policial, não é um livro de leitura compulsiva. Ganha-se mais lendo devagar, pelo menos até certa parte da história. Só a mais de metade do livro é que a leitura ficou mais compulsiva, por imposição da própria história que, neste aspecto está muito bem conseguida. Dei por mim a ler sempre que podia, inclusive enquanto tomava o pequeno-almoço, coisa rara em mim... :)
O Cego de Sevilha é o livro de apresentação do detective Javier Falcón, inspector jefe do departamento de homicídios de Sevilha. Javier Falcón é conhecido por ser frio e desapaixonado tanto na sua profissão como na vida privada, um homem sem coração segundo a sua ex-mulher Inés. Responsável pela investigação do brutal e invulgar assassínio de Raúl Jimenez, um empresário de renome, Falcón que não o conhecia, fica de tal maneira perturbado que toda a sua sobriedade e fama de implacável são abaladas. Perante o corpo mutilado de Raúl Jimenez, sente um medo irracional que não sabia existir, um medo que não sabe de onde vem e que o assusta para além do que é aceitável. Torna-se obsessivo, querendo saber tudo sobre Raúl Jimenez, especialmente quando descobre um fotografia do falecido pai, nos pertences da vítima. Nesta investigação Javier é obrigado a enfrentar memórias passadas que julgava para sempre esquecidas mas que vieram à superfície, de forma desconexa, ao olhar para o corpo mutilado de Raúl Jimenez.
O livro, numa fase inicial, vai-nos relatando a espiral de loucura que vai envolvendo o inspector, a perplexidade dele perante os seus mais recentes comportamentos e sentimentos, enquanto vai tentando manter as aparências perante os colegas de trabalho. Esta é a fase da investigação propriamente dita, com inquéritos a suspeitos e efabulação de teorias sobre o que se passou. Mais para a frente, quando Javier encontra os diários do pai, Francisco Falcón, a história toma outro rumo, centrando-se mais ainda no Javier e nos seus terrores. Nos diários Javier descobre um pai que desconhecia, um homem violento, um verdadeiro monstro. É nos diários que Javier encontra as respostas que justificam o seu comportamento recente e, é nos diários que está a chave para a resolução do crime que tem em mãos.
É um livro muito interessante, passa por várias épocas da história espanhola, a guerra civil e a segunda guerra mundial. Durante a investigação fazem-se referências às suspeitas de corrupção aquando da Expo'92 em Sevilha. Fala-se de pedofilia e do contrabando praticado nos anos 50, 60 no norte de África em Tânger, onde viviam muitos espanhóis.
Está muito bem escrito com uma história equilibrada com as doses certas de tensão. O único senão para mim foi não haver uma melhor caracterização do assassino, sabermos mais sobre o caminho que percorreu até chegar ao extremo que chegou, porque no fim acabei por achar as razões dele frágeis. Mas percebo que para sabermos mais sobre o assassino não haveria espaço para sabermos tanto sobre o Javier Falcón, que acaba por ser o mais importante, ou não fosse ele "o cego de Sevilha". :)
Concluindo, gostei muito do livro, que de início me custou um pouco a ler mais pelo meu estado de espírito (cabeça ocupada com outras coisas) que por culpa da história. Existem, no entanto, momentos parados, diálogos e pormenores da investigação que só não são inúteis porque são necessários para perceber a decadência da personagem principal, mas que tornam a leitura menos prazenteira. Vou de certeza ler mais livros do Robert Wilson, que ainda por cima vem buscar a inspiração ao nosso Alentejo onde tem uma casa. :)
Nota sobre esta edição: Embora no original o autor tenha usado muitos termos em castelhano, acho que a opção de não os traduzirem para português, mantendo-os em castelhano e destacando-os em itálico, não funcionou para mim. Por serem tão semelhantes ao português, muitas vezes exactamente iguais, achei despropositado. Porque não "inspector chefe do Grupo de Homicidios de Sevilha", em vez de "inspector jefe del Grupo de Homicidios de Sevilha"? Ou Polícia Científica em vez de Policia Científica? Diziam também Calle qualquer coisa em vez de Rua qualquer coisa, ou Juez em vez de Juiz. Achei desnecessário, porque embora acredite que funcione no original por estar escrito em inglês, em português dispersa um pouco a atenção. Deveriam ter mantido apenas os nomes das ruas e dos monumentos em castelhano, o resto deveria ter sido traduzido. Foi uma das razões pelas quais me custou o início do livro porque me irritou um bocadinho... :p
Isto é só uma tentativa para ver se já consigo escrever aqui...
ResponderEliminarBem...ontem não conseguia :)
ResponderEliminareu adoooro ler ao pequeno-almoço!
ResponderEliminarredonda: :)
ResponderEliminarPaloma: Não é que não goste de ler ao pequeno-almoço. É mais não ter tempo para isso. :)
Olá...
ResponderEliminarSegui a etiqueta Robert Wilson e vim parar a este livro. Já o li e gostei. Mas para mim os melhores livros dos Robert Wilson são os sobre Portugal: O último acto em Lisboa e Uma companhia de estranhos.
Achei ambos muito bons.
beijinhos e boas leituras