Fui ao cinema ver o filme Pare, Escute, Olhe do Jorge Pelicano e adorei! Entrei na sala um pouco apreensiva, pois nunca fui ao cinema ver um documentário e não sabia se iria ser aborrecido, afinal o filme tem uma duração de 102 minutos, o que é considerável. A verdade é que não há que temer, o filme é tudo menos aborrecido, havendo inclusive espaço para umas boas gargalhadas, ou não fosse o Sr. Abílio um transmontano bem disposto! :) Só não rimos mais porque sentimos que o tema do documentário não se presta a comédias e, que por detrás daquilo que nos faz rir há muita miséria humana, muito esquecimento e muito abandono. Mas que o Sr. Abílio é uma personagem, lá isso é! :p Para além da boa disposição do Sr. Abílio o filme está recheado de paisagens lindas do Tua. É uma região mesmo muito bonita e com um enorme potencial turístico que, aparentemente ninguém está interessado em explorar, deixando a região de Trás-os-Montes cada vez mais desertificada. E as pessoas do filme são tão genuínas que dói ver como são esquecidas por todos. Fiquei até um pouco angustiada quando pensei na possibilidade de no futuro não existirem pessoas como as do filme. Imaginam um mundo sem velhotes como os nossas avós?! Um mundo sem aldeias? Não seria um mundo muito mais triste?
Este filme é uma imagem do Portugal profundo que é tão diferente do Portugal dos grandes centros urbanos.
Este filme é uma imagem do Portugal profundo que é tão diferente do Portugal dos grandes centros urbanos.
"Dezembro de 91. Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas
ferroviárias da Europa.
PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada."
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas
ferroviárias da Europa.
PARE, ESCUTE, OLHE é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada."
Para quem não sabe, Jorge Pelicano é repórter de imagem da SIC e realizador nas horas vagas. Para além deste Pare, Escute, Olhe, realizou também o Ainda Há Pastores, também ele muito bom. :)
Existe ainda uma reportagem, entre as muitas em ele terá já trabalhado, que vi recentemente e que adorei. Chama-se Eu e Os Meus Irmãos e é sobre os órfãos da SIDA em Moçambique. Podem ver esta reportagem da SIC aqui.
Dêem uma vista de olhos e, se por acaso o Pare, Escute, Olhe passar nalgum cinema perto de vocês, vão ver porque vale muito a pena.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarUm documentário que já tinha ouvido falar e que na altura quando vi o trailer deixou-me bastante interessada. Já vi outros trabalhos de Jorge Pelicano, como os que referes aqui e gosto imenso da sua forma de abordar temas que a maioria do povo deixa no esquecimento. Para além de que os seus trabalhos têm uma excelente fotografia!
ResponderEliminarEspero que este documentário também passe num cinema dos algarves! :)
Infelizmente este tipo de filmes/documentários passam em muito poucos cinemas. Em Lisboa está a passar em dois, mas julgo que não será por muito mais tempo. Curiosamente, ontem a sala estava até composta, coisa que raramente acontece. Neste tipo de filmes apostasse mais em exibições especiais, muitas vezes com a presença do realizador. É uma questão de estares atenta. :)
ResponderEliminarA fotografia é excelente com imagens deslumbrantes, não só da paisagem, mas também das pessoas. Gostei muito e espero que tenhas oportunidade de o ver no cinema, porque é sempre diferente de ver em casa.
Já li o livro a ler do Sándor Márai!
ResponderEliminarLi primeiro dele As Velas Ardem até ao fim. Gostei muito e resolvi procurar outros livros dele. Encontrei a Herança de Eszter e também gostei muito. Gosto de como ele escreve, os ambientes, personagens e diálogos parecem-me muito reais.
Agora vou ler o texto que antecede sobre o livro de Robert Wilson
(não consigo comentar em cima por isso vim tentar comentar aqui)
Li o texto. O livro parece interessante. Talvez tente arranjá-lo :)
ResponderEliminar(tentei de novo mas não consegui comentar em cima)
Depois volto para ler as tuas impressões sobre o do Sándor Márai
um beijinho
Estou curiosa em relação ao Sándor Márai. Espero que não me desiluda.
ResponderEliminarNão tive problemas em comentar o post em cima...
Beijos