"John Self sai de uma bebedeira para se meter noutra, apimentando-as com visitas a bordéis e sex shops, zaragatas, consumo desenfreado de pornografia e outras actividades semelhantes. O depravado John vai-nos sendo revelado pouco a pouco: é um calejado realizador de publicidade televisiva que se move entre Londres e Nova Iorque e ao qual é encarregada a realização de uma longa-metragem com as mais fulgurantes estrelas norte-americanas. Maltrata a sua namorada Selina, que está com ele apenas pelo dinheiro e que nem sequer se dá ao trabalho de o dissimular. O dinheiro está sempre presente: chega sem esforço e é desbaratado com maior facilidade."
Cheguei finalmente ao fim deste livro... Confesso que me custou imenso lê-lo. Não me identifiquei com a escrita, com o tema e com as personagens. Acho que só o li até ao fim porque queria saber como acabava a história, saber qual era o objectivo de tudo aquilo e se o final poderia salvar o livro para mim.
A verdade é que achei o livro desgastante, quase fisicamente desgastante, porque os temas abordados são pesados e porque a escrita de Martin Amis não me cativou nem um pouco. O mundo em que John Self vive é muito pesado, muito cansativo... John Self bebe, quase todos os dias até à inconsciência, divide os seus dias entre bares de reputação duvidosa e bordeis ou sex-shops. Fumador inveterado, viciado em comida de plástico, em pornografia e em dinheiro, o qual gasta sem qualquer critério ou ponderação. Tendo tanto e com expectativas de ganhar muito mais, gasta o dinheiro de forma obscena.
Martin Amis utiliza John Self como o narrador e protagonista da história. Ora, sendo John Self um homem que às vezes, perde da memória dias inteiros, tal é o seu estado de embriaguez, a escrita é por vezes tão confusa como a cabeça de John, com raciocínios incompletos e divagações cansativas, com parágrafos cheios de auto-comiseração e queixumes porque, na realidade John Self é patético e com muito pouca auto-estima. É um fraco e a personalidade dele irritou-me para além do aceitável... Que homem triste, inútil e burro. Não gostei dele e não criei qualquer espécie de empatia com ele, nem com as outras personagens, para ser franca. Por isso me foi penoso ler o livro, mas também porque os temas não me interessam por aí além: estrelas de cinema em decadência, dinheiro e pornografia.
Não vou falar da história em si, porque sei que muitos de vocês têm o livro em casa para ler e não quero estragar-vos uma leitura, que para vocês, poderá ser muito proveitosa. Eu própria, embora que não tenha gostado do livro, fiz questão de o acabar (saltando alguns parágrafos) porque existe algo neste livro que nos agarra. Não sei dizer bem o que é, mas há nele algo que me levou até ao fim. Um livro que me provoca este tipo de aversão, às personagens e ao que nele acontece, tem que ter algum mérito, até porque, sinto que o autor teve essa intenção. Acho que ele pretendia que acabássemos de ler o livro e nos sentíssemos sujos, como o dinheiro e todos os coitados que nele chafurdam, vivendo para ele, como se de uma droga se tratasse.
Consigo vislumbrar algumas qualidades do escritor, consigo até apreciar algumas passagens do livro e perceber a importância do que lá vem escrito, poderia estar aqui a divagar sobre a importância e a infeliz verdade que existe em tudo o que ele escreve, mas não consigo gostar da maneira como ele o faz. Por mais pertinentes que sejam os assuntos que ele aborda e por mais acertadas que sejam as reflexões que faz sobre a sociedade e a forma como lidamos com o dinheiro, se isto não vem acompanhado por uma escrita da qual goste, para mim não funciona.
Martin Amis, aparentemente não faz o meu género e, se voltar a ler alguma coisa dele será por mera distracção ou porque alguém muito persuasivo me convenceu do contrário... :s
Nota: Esta edição contém alguns erros, algumas gralhas e frases mal construídas. Isto também não ajudou a leitura já de si, difícil.
Não comprei este, pois a sinopse não me convenceu e pela tua opinião também não me parece que alguma vez lhe pegue. Só por distracção. :)
ResponderEliminarVou iniciar hoje o último da colecção, «A Herança de Eszter», de Sándor Márai. Nunca li nada do autor. Vamos ver no que dá... Boas Leituras!
Ainda estive a considerar iniciar a leitura deste livro também (tenho-o pela colecção da Sábado) mas como entretanto arranjei a Carne de Cão :)achei melhor esperar. Agora acho que vai passar mais para o final da lista... :)
ResponderEliminarA Pearl S. Buck foi uma das minhas escritoras favoritas há alguns anos, mas não sei se já terei lido A Mãe. Vou tentar averiguar e relembrar-me se assim for.
PS: Agora quando venho ler a crítica sobre o livro também venho com a expectativa sobre qual será o próximo :)
O Money foi mesmo um tiro ao lado, até porque esta é considerada a obra-prima do Martin Amis. Não é mau, só não faz o meu género. Além disso, acho que a tradução não é das melhores...
ResponderEliminarTenho lido críticas muito boas ao Sándor Márai. Estou muito curiosa para o ler.
O primeiro que li da Pearl S. Buck foi o Há Sempre um Amanhã e gostei muito. Como os livros dela não são caros e gosto dela, de vez em quando lá vem um para a minha estante. :) Este Mãe vinha num pack, como o Bem Me Quer, Mal Me Quer (já lido e devidamente comentado aqui), também dela.
Que responsabilidade que me puseste em cima. ;)
Pois, o livrinho está cá em casa na prateleira, mas acho que lá vai ficar.
ResponderEliminarUm abraço
Eu li-o e ri-me um bom pedaço com ele! mas admito que é um livro um pouco confuso!
ResponderEliminarReconheço que o livro tem cenas bem engraçadas e houve partes das quais até gostei, mas não o suficiente para querer ler mais livros do autor. Não me identifiquei nem com a escrita nem com a história mas, percebo que para muita gente seja genial. Nada contra! :)
ResponderEliminarcomeçai a ler o livro na semana passado e vou perto do meio, sinceramente estou a gostar; a gostar da forma como a personagem é, muito inconsistente, extremamente superficial, mas muito bem concebida. Mostra bem o quanto doente é alguém realmente adaptado a esta sociedade doente que apenas vê capital.
ResponderEliminarFernando Bento
Fernando, embora eu não tenha gostado do livro, reconheço que para muita gente seja um bom livro. No meu caso, a personagem principal, Jeff, apenas me conseguia irritar de tão parvo que era, não deixo no entanto de reconhecer que há mérito do escritor ao criar uma personagem tão abjecta... :) Não gostei da forma como ele nos conta a história e, como os temas não me interessam por aí além, o livro não funcionou para mim mas, nunca disse que era um mau livro.
ResponderEliminarEspero que a tua opinião continue positiva até ao fim do livro e que ele não te deixe tão desgastado como me deixou a mim. :/
o Livro é excelente, Martin Amis revela-se como um grande escritor, Entendo que quem não goste estivesse à espera de vidas cor de rosa mas o dinheiro é mesmo negro, tão negro como a vida de john Self que não sei se chegou a perceber que a abundância de dinheiro é o principal problema da vida dele.
ResponderEliminarJorge: Não estava de todo à espera de vidas cor-de-rosa. Aliás não tinha grandes expectativas quando comecei a leitura do livro pois nunca tinha ouvido falar no autor. Acho que não me identifiquei nem com a historia nem com a escrita. É mesmo assim, embora reconhecendo mérito ao autor, a verdade é que não é um autor que me entusiasme. Mas ainda bem que gostaste! :)
ResponderEliminarComecei a ler este livro à cerca de um mês, e ao fim de poucas páginas apercebi-me da dificuldade que iria ser terminá-lo. Já por diversas vezes me senti tentada a arrumar novamente o livro na estante, mas realmente existe algo na história que me leva a pegar no livro todas as noites para saber como John vai acabar. No entanto não consigo ler muitas páginas de cada vez, precisamente por a escrita ser de difícil leitura e desgastante. Por isso penso que o John ainda está para durar na minha mesa de cabeceira...
ResponderEliminarLilla
É realmente um livro difícil de ler. Não consigo dizer que não gostei, porque o li até ao fim e, como dizes, há qualquer coisa que nos leva a continuar a leitura, embora seja uma história desagradável. Nunca mais tive vontade de ler outro do autor, mas percebo porque muita gente o lê.
EliminarEu não gosto do Ames. Mas depois de ler The art of fiction de David Lodge, percebo que ignorei muitos aspectos positivos e detestei o heroi.
ResponderEliminarDepois de ler o Lodge percebi que tudo no Ames tem um propósito. Ele maneja a escrita realmente bem.Concordo que é preciso saber calão, percebe as suas metáforas e ir a dicionários.
Lembro-me de que, quando o traduzi, me vi aflita. Foi um dos livros mais difíceis da minha vida. Agora já o aprecio.