"Forçada pelas circunstâncias a procurar refúgio com a sua jovem filha na remota abadia de Saint Marie-de-la-Mer, a actriz Juliette reinventa-se como Sóror Auguste sob a tutela de uma bondosa abadessa. A pouco e pouco, Juliette adapta-se a tão grande mudança: ao colorido das viagens e constantes descobertas da sua vida de actriz seguem-se as novas exigências de uma existência em semi-clausura. Mas os tempos estão a mudar: o assassinato de Henrique IV transforma-se num catalisador para a sublevação em França, e a nomeação de uma nova abadessa, cuja ânsia pela Reforma não conhece limites, rapidamente destrói tudo aquilo que Juliette começara a amar na sua nova vida. Mas o pior está ainda para vir... A abadessa, Isabelle, é uma criança de onze anos, vinda de uma família nobre e corrupta, e faz-se acompanhar de um fantasma do passado de Juliette: disfarçado de clérigo, eis um homem que ela tem todas as razões para temer..."
"Tratando com subtileza um tema delicado - a religião como subterfúgio, como manobra de evasão face às dolorosas realidades da existência - Joanne Harris constrói uma história bem ao seu jeito, tocante e vívida, apaixonante desde a primeira página."
Voltei a este livro, que já tinha lido há uns anos atrás, porque não me apetecia ler nada do que tinha aqui em casa, e voltar a ler Joanne Harris, para mim é sempre um prazer - já perdi conta às vezes que reli Cinco Quartos de Laranja... Escolhi este, porque me lembro que, dos livros das Joanne Harris, foi aquele que menos me encantou. Na altura culpei a forma como o tinha lido, muito à pressa, talvez não na melhor altura. Por isso estava na hora de lhe dar uma segunda oportunidade. :)
Li-o como se fosse a primeira vez, embora me lembrasse dos traços gerais da história. Foi muito bom voltar a ele porque achei-o melhor que da primeira vez. No entanto, o que me tinha incomodado aquando da primeira leitura continuava lá: a personagem feminina, Juliette, é muito diferente do tipo de mulheres que a autora costuma criar, mulheres fortes, corajosas e decididas. Esta Juliette, filha de artistas itinerantes, ela própria uma actriz e especialista do trapézio é, na minha opinião, cobarde e crédula demais, chegando a ser incoerente. Para além da personalidade de Juliette, mas também por causa dela, voltei a não gostar muito do final onde, a já conhecida imaginação da autora passou alguns limites que tornaram o final um bocadinho esquisito... :)
A história do Na Corda Bamba, decorre no ano de 1610, ano da morte de Henrique IV, rei francês conhecido pela sua tolerância religiosa tendo em conta os tempos que se viviam, em plena inquisição e consequente caça às bruxas. Onde conhecer ervas e plantas e as suas aplicações era perigoso e tudo o que fosse contra as regras instituídas pela igreja era motivo para segregação social. Sempre num tom leve, de crítica despretensiosa, a autora vai-nos dando uma ideia de como devem ter sido deprimentes aqueles tempos.
Mulheres subjugadas que, para fugirem à triste realidade da suas vidas entravam para o convento, abdicavam de tudo, inclusive dos filhos gerados no pecado. No entanto, não era por entregarem a vida a Deus que se tornavam pessoas melhores, menos frustradas e menos rancorosas. Crianças educadas para serem santas e dessa forma imortalizarem o nome da família. Tempos onde vale tudo para agradar a Deus. Aliás, vale tudo para em nome de Deus agradarmos a nós próprios sem consideração por quem é pisado no caminho. Infelizmente ainda não evoluímos o suficiente para conseguirmos erradicar da face da terra o fanatismo religioso e provavelmente nunca o conseguiremos enquanto houver tanta ignorância e falta de respeito pelo outro.
À parte dos pequenos pecados referidos, vale a pena ler o livro porque a escrita é muito boa. É fluída e divertida e a história levanta algumas questões pertinentes sobre o fanatismo religioso e os protagonistas da religião. Para além disso a Joanne Harris possui uma capacidade enorme de criar histórias e enredos que nos vão mantendo presos até ao fim, revelando apenas o necessário para nos manter interessados enquanto leitores embora, não sejam, de todo, livros de suspense. É difícil descrever a escrita e as histórias da Joanne Harris, são muito próprias e só lendo se consegue apreender todo o seu encanto.
Este não é, no entanto, o melhor livro para se iniciarem na autora. Eu aconselho Cinco Quartos de Laranja, Xeque ao Rei (surpreendente) e A Praia Roubada. :)
Agora vou-me agarrar ao A Ilha Debaixo do Mar, da Isabel Allende, que a minha linda e espectacular (eu sei que eventualmente vais ler isto :p) mana me ofereceu!
Boa Leituras!
Li-o como se fosse a primeira vez, embora me lembrasse dos traços gerais da história. Foi muito bom voltar a ele porque achei-o melhor que da primeira vez. No entanto, o que me tinha incomodado aquando da primeira leitura continuava lá: a personagem feminina, Juliette, é muito diferente do tipo de mulheres que a autora costuma criar, mulheres fortes, corajosas e decididas. Esta Juliette, filha de artistas itinerantes, ela própria uma actriz e especialista do trapézio é, na minha opinião, cobarde e crédula demais, chegando a ser incoerente. Para além da personalidade de Juliette, mas também por causa dela, voltei a não gostar muito do final onde, a já conhecida imaginação da autora passou alguns limites que tornaram o final um bocadinho esquisito... :)
A história do Na Corda Bamba, decorre no ano de 1610, ano da morte de Henrique IV, rei francês conhecido pela sua tolerância religiosa tendo em conta os tempos que se viviam, em plena inquisição e consequente caça às bruxas. Onde conhecer ervas e plantas e as suas aplicações era perigoso e tudo o que fosse contra as regras instituídas pela igreja era motivo para segregação social. Sempre num tom leve, de crítica despretensiosa, a autora vai-nos dando uma ideia de como devem ter sido deprimentes aqueles tempos.
Mulheres subjugadas que, para fugirem à triste realidade da suas vidas entravam para o convento, abdicavam de tudo, inclusive dos filhos gerados no pecado. No entanto, não era por entregarem a vida a Deus que se tornavam pessoas melhores, menos frustradas e menos rancorosas. Crianças educadas para serem santas e dessa forma imortalizarem o nome da família. Tempos onde vale tudo para agradar a Deus. Aliás, vale tudo para em nome de Deus agradarmos a nós próprios sem consideração por quem é pisado no caminho. Infelizmente ainda não evoluímos o suficiente para conseguirmos erradicar da face da terra o fanatismo religioso e provavelmente nunca o conseguiremos enquanto houver tanta ignorância e falta de respeito pelo outro.
À parte dos pequenos pecados referidos, vale a pena ler o livro porque a escrita é muito boa. É fluída e divertida e a história levanta algumas questões pertinentes sobre o fanatismo religioso e os protagonistas da religião. Para além disso a Joanne Harris possui uma capacidade enorme de criar histórias e enredos que nos vão mantendo presos até ao fim, revelando apenas o necessário para nos manter interessados enquanto leitores embora, não sejam, de todo, livros de suspense. É difícil descrever a escrita e as histórias da Joanne Harris, são muito próprias e só lendo se consegue apreender todo o seu encanto.
Este não é, no entanto, o melhor livro para se iniciarem na autora. Eu aconselho Cinco Quartos de Laranja, Xeque ao Rei (surpreendente) e A Praia Roubada. :)
Agora vou-me agarrar ao A Ilha Debaixo do Mar, da Isabel Allende, que a minha linda e espectacular (eu sei que eventualmente vais ler isto :p) mana me ofereceu!
Boa Leituras!
Obrigada pela disponibilidade.
ResponderEliminarPodia fazer, "agora", a divulgação e posteriormente a crítica?
Não leves a mal, mas não é objectivo deste blogue divulgar livros ou novidades ou o que quer que seja. É apenas um sítio onde deixo a minha opinião pessoal sobre os livros que leio, pelo que quando tiver oportunidade de ler o teu livro, de certeza que aparecerá aqui a minha opinião sobre ele. :)
ResponderEliminarNão há problema.
ResponderEliminarMuito obrigada.
A minha mãe já leu este livro, embora eu nunca me tenha visto tentado a fazê-lo. Nunca me intrigaram muito os livros dela, curiosamente. Agora, depois de ter lido a crítica, talvez me arrisque a experimentar. :)
ResponderEliminarBoas leituras!
Tiago
Subscrevo o Tiago. Um dia, quem sabe :)
ResponderEliminarOs livros dela poderão ser considerados mais direccionados para mulheres, talvez porque as personagens normalmente são mulheres e ela cria-as bem independentes e cheias de personalidade, mas as histórias em si não são assim tão femininas. Não são romances nada típicos. De qualquer maneira quando a escrita é boa não existe género.
ResponderEliminarA começarem por algum, aconselho o Xeque ao Rei, talvez o melhor dela. :)