"«Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabe de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas...» E tudo mudou."
Primeiro livro que leio do Erico Veríssimo e posso dizer que gostei bastante. Todo ele está escrito num tom divertido, ligeiro e as personagens são cativantes e interessantes.
O Capitão Rodrigo Cambará chega a Santa Fé, montado no seu cavalo e com o seu violão a tiracolo. O Capitão, com cerca de 30 anos, é um homem da guerra, lutou em várias batalhas, contra os castelhanos, na defesa das fronteiras. É na guerra que se sente realizado, sentindo orgulho por todos os homens Cambará terem perecido guerreando e não na cama. Dono de uma personalidade explosiva, é divertido, mulherengo, conflituoso, irrequieto e muito charmoso, com um encanto a que poucos resistem. Ele chega a Santa Fé, em 1828, e decide ficar, mesmo contra a vontade da população que vê nele um perigo, sedutor e conflituoso, todos receiam que traga problemas ao lugar. Quanto mais oposição encontra mais vontade ele tem de ficar. Ao conhecer Bibiana Terra, filha de Pedro Terra, o Capitão encontra mais uma razão para ficar e, conquistar o coração daquela "potranquinha arisca" torna-se a sua obsessão.
Bibiana é a moça mais bonita de Santa Fé cobiçada por Bento Amaral filho do homem mais poderoso da vila, Ricardo Amaral, uma espécie de presidente a quem todos temem e obedecem. Rodrigo tem bom coração e descobre que o que sente por Bibiana é mais que desejo sexual, ama-a e deseja casar-se com ela e constituir família. O pai de Bibiana, Pedro Terra, homem experiente, é o único na vila que não sucumbe aos encantos de Rodrigo, sabe que homens como ele não assentam, não casam sem fazer as mulheres infelizes. Amando a filha acima de tudo e de todos, não consegue impedir que esta se case com Rodrigo. No primeiros tempos os dois são felizes, mas quando Bibiana engravida do primeiro filho, Rodrigo começa a sentir o peso da responsabilidade que é ter uma família e começa a sentir-se infeliz com a sua vida rotineira, atrás de um balcão a vender cebolas, sentindo falta das suas aventuras e de se deitar com todas as mulheres que deseja. Dando razão aos receios do sogro, Rodrigo começa a jogar, a beber e a ser negligente com a família.
Passam-se alguns anos e a situação política no Brasil torna-se cada vez mais instável. Após a independência do Reino de Portugal, declarada por D. Pedro I em 1822, existiam no Brasil algumas facções que eram contra o Império Brasileiro e queriam uma verdadeira separação entre o Brasil e Portugal. Não sendo inicialmente um movimento separatista, o conflito a que se chamou a Revolução Farroupilha, ocorreu na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e terminou na criação de um estado republicano e independente, a República Rio-Grandense.
O Capitão Rodrigo envolveu-se nesta batalha, lutando ao lado de Bento Gonçalves um dos líderes dos Farroupilhos. Liderou a invasão de Santa Fé e acaba morto quando decide tomar pela força o casarão de Ricardo Amaral, fiel ao Império. O Capitão Rodrigo Cambará tem em Santa Fé a sua derradeira batalha e morre como sempre desejou: a combater. No entanto, como Bibiana diz, um homem como o Capitão Rodrigo nunca morre e a verdade é que, contra todas as expectativas ele nunca a abandonou, a não ser para combater e regressou a casa, para morrer, mas regressou.
Descobri, depois de ter lido este livro, que ele faz parte de uma obra maior, O Tempo e o Vento, uma trilogia composta por: O Continente, O Retrato e O Arquipélago. Obra maior da literatura brasileira que conta a história do Estado do Rio Grande do Sul. Este Um Certo Capitão Rodrigo é, pelo que percebi, um capítulo ou uma parte do primeiro romance, O Continente. Fiquei muito curiosa para ler a restante obra. Quero muito conhecer a história da família Terra, principalmente a de Ana Terra, a mãe e avó de Pedro e Bibiana Terra, respectivamente. E gostaria de continuar a seguir a história dos filhos do Capitão Rodrigo. Além disso gosto muito desta parte da história do Brasil. :) Não sei é se vai ser muito fácil comprar os livros por cá... :)
Recomendo este livro, sem reservas!
Boas leituras! :)
Nota: Existe, pelo menos uma adaptação desta obra, O Tempo e o Vento (ver excerto aqui), produzida pela Tv Globo e estreada em 1985.
Olá
ResponderEliminarAgora fiquei cheia de curiosidade para ler este livro.
boas leituras
pat
Já é o segundo livro deste autor em que leio uma boa opinião. Desconheci-a até ao momento que li opiniões positivas ao livro "Olhai os Lírios do Campo".
ResponderEliminarTenho de procurá-lo nas estantes das livrarias.
Também li boas opiniões à trilogia de Stieg Larsson. Fico à espera da tua. ;) Vais lê-los de seguida?
Pat: Então lê! :)
ResponderEliminartonsdeazul: Comprei-o, num alfarrabista, precisamente porque li boas críticas ao "Olhai os Lírios do Campo". Gostei muito, embora seja retirado da tal trilogia "O Tempo e o Vento", funciona bem como obra isolada. :)
Quanto ao Stieg Larsson, como não sou muito de policiais, decidi não comprar logo todos. Mas até agora estou a gostar. :)
Foram publicados na Colecção Livros do Brasil e depois a Ambar, Colecção Literatura Universal também começou a publicá-los, mas dividindo-os em mais volumes - nesta colecção foram vendidos com a revista Os meus livros por 3,00 € (comprei 4 ou 5 revistas para arranjar outros livros da colecção) e era possível encontrá-los em feiras de livro, como uma da estação do Metro em Lisboa, penso que do Rossio.
ResponderEliminarAlém da trilogia, li também dele, Clarissa, Olhai os Lírios do Campo, e Caminhos Cruzados.
redonda: As coisas que tu sabes! :)
ResponderEliminarTenho de dar uma vista de olhos a essas "livrarias" de estações de comboio e metro, agora que já conheço o autor ser-me-à mais fácil encontrá-lo.
Natacha, ja tinha referẽncias mto boas do "tempo e o vento" e sei que ha nas bibliotecas municipais de Lisboa...se fores de cá...bjs
ResponderEliminarvê na net, no site das biblio municipais...
ResponderEliminarCris: Embora goste muito de livros, nunca fui visitante de bibliotecas. Acho que é porque gosto de ficar com os livros para mim! :) Mas começo a ver algumas vantagens e, assim que tiver tempo vou pedir o cartão das bibliotecas municipais. Obrigada pela dica! :)
ResponderEliminarSe está interessado em CLARISSA, veja o link
ResponderEliminarhttp://vilanovadegaia.olx.pt/clarissa-iid-138279775
muito bom esse livro quase nao quis entrega ele pera a biblioteca
ResponderEliminarQual e o climax do livro por favor
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