Depois de ter lido o
Anjos&Demónios de
Dan Brown, tomei a decisão de não voltar a ler Dan Brown por uns bons e largos anos. A verdade é que, sem que eu consiga explicar porquê,
O Símbolo Perdido tem andado a rondar os meus pensamentos, ultimamente de forma mais insistente, pelo que viu chegada a sua hora de ser lido pela "
Je". :) Depois de o ter lido, reforço a decisão de não voltar a ler Dan Brown por largos anos (e acredito que desta vez vão mesmo ser largos anos). O livro embora não sendo mau, não tem aquilo que faz dos livros de Dan Brown o sucesso que são: falta-lhe acção, a história não era das mais interessantes, a intriga
idem idem aspas aspas e o Robert Langdon é, neste livro irritante, menos carismático que nos anteriores, quase uma personagem secundária. As primeiras 200 páginas foram mesmo um teste à minha vontade e persistência. Salvou-o a minha grande vontade de ler um
best-seller (há vontades assim, não posso fazer nada), daqueles que se lêem de um fôlego, que não nos ensinam nada de novo, mas que nos mantêm entretidos. Não fosse esta vontade de ler algo mais leve e acho que teria pousado o livro para não mais voltar a pegar nele. Bem, avante que isto de bater no ceguinho em época natalícia é coisa que não me fica nada bem. ;) Passemos à história.
Robert Langdon vê-se, desta vez envolvido numa corrida contra o tempo para salvar o mundo de mais uma ameaça inconcebível (que no fim não era assim tão monstruosa, era até bem fraquinha), de consequências imprevisíveis. Um louco rapta Peter Solomon, uma das mais altas figuras da
Maçonaria americana e um dos mentores de Robert. O raptor procura descodificar o segredo mais bem guardado da ordem maçonica: o local onde estão enterrados os mistérios antigos, os conhecimentos esquecidos pela humanidade, conhecimentos de tal forma poderosos que o mundo nunca mais seria o mesmo com a sua descoberta. Segundo a lenda os mistérios antigos estão enterrados algures em Washington D.C., o berço da nação mais evoluída do mundo, a nação do conhecimento... :/ As pistas para a sua localização estão numa lendária pirâmide, cheia de segredos e dos símbolos tão queridos a Robert Langdon. É esta a tarefa de Langdon, descodificar a pirâmide e com ela salvar o amigo e o país, pois segundo a CIA o louco que raptou Peter Solomon é possuidor de um poder tal que o assunto se tornou uma questão de segurança nacional.
Ao longo das mais de 500 páginas levamos uma "lambidela" sobre a Maçonaria, claramente defendida no livro por Dan Brown, levamos ainda uma "lambidela" sobre uma tal de
ciência noética, que no livro aparentemente prova, entre outras coisas, e de forma inequívoca e irrefutável que a alma humana existe e é mensurável. Esta parte da história poderia ter sido interessante, pois a ciência noética é algo que suscita alguma curiosidade pelo que tenta fazer e pelo que implica, mas foi a que mais me fez franzir o sobrolho. Não por ser céptica, mas porque a base científica é questionável e as conclusões levianas. Eu sei que se trata de um romance, mas tendo em conta que o autor até gosta de dar a ideia de que os seus livros estão todos muito próximos da verdade e, que são fruto de uma investigação exaustiva, pareceu-me tudo muito "colado a cuspo".
A maçonaria é sempre um tema interessante, por causa de todo mistério que envolve a organização, pela antiguidade e pela história que carrega, no entanto a forma tendenciosa como Dan Brown a descreve torna-se por vezes desconfortável, bem como todo o patriotismo patente com aquela conversa irritante de que o EUA são os melhores e que sem eles o mundo colapsaria... É irritante, pronto! :)
Outra coisa desconcertante é a quantidade massiva de publicidade que o escritor faz a grandes empresas e marcas americanas. É demais e nada subtil. :)
Resumindo: Eu que gostei do
O Código da Vinci e que gostei do
Anjos&Demónios (excepto do final), estava à espera de algo que me prendesse mais à leitura. O estilo é o mesmo, frase curtas, capítulos minúsculos que se leêm rápido, quando damos por ela acabámos de ler 100 páginas de seguida, e com uma escrita simples e eficaz, tudo isto faz parte da receita Dan Brown. A verdade é que neste livro a leitura não foi compulsiva, achei a história com pouca consistência, achei o Langdon muito apagado e as restantes personagens demasiado estereotipadas. Faltou acção, talvez se se retirassem as primeiras 100, 200 páginas o livro tivesse mais ritmo. Chegou a tornar-se aborrecido, o que nos livros do Dan Brown não é muito comum. Enfim, está lido, não me vai ficar na memória por muito tempo e acredito que não voltarei a pegar num livro de Dan Brown nos tempos mais próximos. :)
Recomendo? Quem é fã já o leu de certeza, ao outros recomendo que pensem duas vezes. Não recomendo a compra, mas se o tiverem à mão (que foi o meu caso) podem sempre lê-lo... Se conseguirem passar das primeiras páginas talvez até venham a gostar. Quem sabe? Felizmente os gostos são variados o suficiente para que todos os livros e autores tenham o seu espaço na estante de alguém. ;)
Boas leituras!