Ano da edição original: 2006
Autor: Arturo Pérez-Reverte
Tradução: Helena Pitta
Editora: Edições Asa
"Do Vietname ao Líbano, do Cambodja à Eritreia, de El Salvador à Nicarágua, de Angola e Moçambique ao Balcãs e ao Iraque... Depois de trinta anos a tirar fotografias em busca da imagem definitiva, do momento a um só tempo fugaz e eterno que explica tudo, o fotógrafo de guerra Andrés Faulques substitui a câmara pelos pincéis. Não conseguindo tirar a foto capaz de transmitir o caos do Universo, agora, enquanto tenta compreendê-lo, começa a pintar um grande fresco circular no muro de uma torre de vigia no Mediterrâneo, onde vive sozinho, perturbado pela memória de uma mulher que nunca conseguiu esquecer e pela visita inesperada de um homem que o quer matar. O homem é uma sombra do seu passado, uma das inúmeras faces da guerra com que ele ganhou a vida. Mas o poder da imagem vai muito além da sua existência física e, à medida que o romance avança, a história do artista e do soldado emerge, entrelaçada com uma história de amor condenada e o progresso de uma pintura impregnada de história."
Queria muito ter gostado deste livro. Queria muito que este livro não me tivesse aborrecido. Queria muito que a vontade de desistir dele não me tivesse acompanhado ao longo de praticamente toda a leitura. Mas o que eu queria mesmo muito era poder dizer que este livro me apanhou numa altura de menor disponibilidade, de menor paciência, de menor sensibilidade, mas acho que não posso dizer isso, ou não posso dizer que foi só isso. Queria muito, mas infelizmente nem sempre o que se quer é aquilo que se tem... :/
Faulques é um fotógrafo de guerra consagrado, galardoado com uns quantos prémios, que ao fim de trinta anos a fotografar a guerra, se fecha numa torre de vigia, num lugar isolado, onde pinta nas paredes da torre aquilo que em trinta anos nunca conseguiu imortalizar numa fotografia, pinta a guerra como esta ficou retida na sua retina, em todo o seu horror. Enquanto fotógrafo Faulques, nunca pensou muito para além do momento ideal para tirar a fotografia, nunca pensou muito no que a sua presença, em determinado local e hora, poderia desencadear, nunca pensou muito nas repercussões que a publicação de um rosto fotografado poderia ter na vida do protagonista. Nunca o fez mas isso não significa que não o soubesse, só não se sentia afectado por isso. Ivan Markovic, soldado croata que Faulques fotografou na guerra da Ex-Jugoslávia, depois de o procurar durante anos encontra Faulques na torre de vigia, onde este se refugiou depois de abandonar a fotografia. O aparecimento de Markovic obriga Faulques a regressar ao passado, pois Markovic antes de levar a cabo o que o trouxe até ali, procura primeiro conhecer o homem que foi a borboleta, do chamado efeito borboleta, que ao bater as asas provocou um tufão na vida de Markovic.
Curiosamente Faulques não expia culpas, não mostra arrependimentos, porque estes sentimentos pura e simplesmente não existem na vida de Faulques. O que o tornou um fotografo tão especial foi a sua frieza e o seu desapego e não os sentimentos provocados pelo que o rodeava. A única coisa que o afectou verdadeiramente na vida foi a morte de Olvido, a mulher que amava. Tudo o que presenciou nos mais variados cenários de guerra não o modificou como ser humano, mas conhecer Olvido, amá-la, ser amado por ela e perde-la afectou-o de uma forma que o horror da guerra nunca fez.
Parti com algumas expectativas para este livro que não foram satisfeitas. Achei o livro aborrecido, cansativo e repetitivo. As muitas referências a pintores e respectivas obras deixaram-me perdida, as reflexões dos protagonistas, embora pertinentes, não me afectaram. Senti muitas vezes a mente a divagar e a pensar noutras coisas, que nunca é bom sinal e tive muita vontade de parar de ler. A única coisa que me fez continuar a ler foi a esperança de que o final pudesse melhorar a minha opinião, mas isso não aconteceu. Foi um livro que me deixou indiferente e, como disse no início, não creio que tenha sido só da minha menor disponibilidade porque não fiquei com vontade de o reler daqui a uns anos.
Por saber que este é um livro diferente dos que deram fama a Arturo Pérez-Reverte, a minha vontade de ler outros dele permanece intacta. Os livros do Capitão Alatriste, continuam na minha wishlist. :)
Excerto:
"- O que quer de mim?
Impossível saber se o outro sorria ou não. O olhar parecia andar por sua conta, frio, alheio ao ricto benévolo da boca.
- Tornou-me famoso. Decidi conhecer quem me tornou famoso.
- Como se chama?
- Isso tem graça, não é verdade? - Os olhos continuavam fixos e frios, mas o sorriso do visitante alargou-se. - Você tirou uma fotografia a um soldado com quem se cruzou durante alguns segundos. Um soldado acerca do qual ignorava até o nome. E essa fotografia deu a volta ao mundo. Depois esqueceu-se do soldado anónimo e tirou outras fotografias. A outros cujo nome também ignorava, imagino. Talvez os tenha tornado famosos, tal como a mim... É um trabalho curioso, o seu."
Boas leituras!
Queria muito ter gostado deste livro. Queria muito que este livro não me tivesse aborrecido. Queria muito que a vontade de desistir dele não me tivesse acompanhado ao longo de praticamente toda a leitura. Mas o que eu queria mesmo muito era poder dizer que este livro me apanhou numa altura de menor disponibilidade, de menor paciência, de menor sensibilidade, mas acho que não posso dizer isso, ou não posso dizer que foi só isso. Queria muito, mas infelizmente nem sempre o que se quer é aquilo que se tem... :/
Faulques é um fotógrafo de guerra consagrado, galardoado com uns quantos prémios, que ao fim de trinta anos a fotografar a guerra, se fecha numa torre de vigia, num lugar isolado, onde pinta nas paredes da torre aquilo que em trinta anos nunca conseguiu imortalizar numa fotografia, pinta a guerra como esta ficou retida na sua retina, em todo o seu horror. Enquanto fotógrafo Faulques, nunca pensou muito para além do momento ideal para tirar a fotografia, nunca pensou muito no que a sua presença, em determinado local e hora, poderia desencadear, nunca pensou muito nas repercussões que a publicação de um rosto fotografado poderia ter na vida do protagonista. Nunca o fez mas isso não significa que não o soubesse, só não se sentia afectado por isso. Ivan Markovic, soldado croata que Faulques fotografou na guerra da Ex-Jugoslávia, depois de o procurar durante anos encontra Faulques na torre de vigia, onde este se refugiou depois de abandonar a fotografia. O aparecimento de Markovic obriga Faulques a regressar ao passado, pois Markovic antes de levar a cabo o que o trouxe até ali, procura primeiro conhecer o homem que foi a borboleta, do chamado efeito borboleta, que ao bater as asas provocou um tufão na vida de Markovic.
Curiosamente Faulques não expia culpas, não mostra arrependimentos, porque estes sentimentos pura e simplesmente não existem na vida de Faulques. O que o tornou um fotografo tão especial foi a sua frieza e o seu desapego e não os sentimentos provocados pelo que o rodeava. A única coisa que o afectou verdadeiramente na vida foi a morte de Olvido, a mulher que amava. Tudo o que presenciou nos mais variados cenários de guerra não o modificou como ser humano, mas conhecer Olvido, amá-la, ser amado por ela e perde-la afectou-o de uma forma que o horror da guerra nunca fez.
Parti com algumas expectativas para este livro que não foram satisfeitas. Achei o livro aborrecido, cansativo e repetitivo. As muitas referências a pintores e respectivas obras deixaram-me perdida, as reflexões dos protagonistas, embora pertinentes, não me afectaram. Senti muitas vezes a mente a divagar e a pensar noutras coisas, que nunca é bom sinal e tive muita vontade de parar de ler. A única coisa que me fez continuar a ler foi a esperança de que o final pudesse melhorar a minha opinião, mas isso não aconteceu. Foi um livro que me deixou indiferente e, como disse no início, não creio que tenha sido só da minha menor disponibilidade porque não fiquei com vontade de o reler daqui a uns anos.
Por saber que este é um livro diferente dos que deram fama a Arturo Pérez-Reverte, a minha vontade de ler outros dele permanece intacta. Os livros do Capitão Alatriste, continuam na minha wishlist. :)
Excerto:
"- O que quer de mim?
Impossível saber se o outro sorria ou não. O olhar parecia andar por sua conta, frio, alheio ao ricto benévolo da boca.
- Tornou-me famoso. Decidi conhecer quem me tornou famoso.
- Como se chama?
- Isso tem graça, não é verdade? - Os olhos continuavam fixos e frios, mas o sorriso do visitante alargou-se. - Você tirou uma fotografia a um soldado com quem se cruzou durante alguns segundos. Um soldado acerca do qual ignorava até o nome. E essa fotografia deu a volta ao mundo. Depois esqueceu-se do soldado anónimo e tirou outras fotografias. A outros cujo nome também ignorava, imagino. Talvez os tenha tornado famosos, tal como a mim... É um trabalho curioso, o seu."
Boas leituras!
Estava curiosa porque ainda não li nada dele...agora já sei que a ler é melhor começar por outro :)
ResponderEliminarRedonda: As opiniões valem o que valem, mas eu gostaria de ter começado por outro. :)
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