janeiro 09, 2012

Royal Flash, A Odisseia de Um Cobarde - George MacDonald Fraser

Título original: Royal Flash
Ano da edição original: 1970
Autor: George MacDonald Fraser
Tradução: Ester Cortegano
Editora: Saída de Emergência

"Após o seu regresso do Afeganistão como herói de guerra, Flashman vê-se envolvido com a bela e perigosa Lola Montez e o malévolo Otto von Bismarck numa batalha de engenhos que irá decidir o destino de um continente.
Dando início a uma aventura épica, o nosso galã embrulha-se numa sucessão desesperada de fugas, disfarces, encontros amorosos e combates singulares que atravessam os salões de jogo e masmorras de Londres para culminar nas salas de trono da Europa.
Será que os talentos de Flashman irão salvar o nosso sortudo cobarde das garras de Otto von Bismarck e da bela Lola Montez?"

Royal Flash é o volume que dá continuação à vida inacreditável de Flashman, uma figura mítica do século XIX londrino. Flashman é um cobarde convicto que, vítima de uma sucessão de mal-entendidos acaba por regressar a casa, depois de combater na guerra do Afeganistão, como um herói nacional, com direito a ser recebido pela rainha e tudo. :) É desta forma que acaba o primeiro volume de memórias de Flashman, intitulado Flashman, A Odisseia de Um Cobarde (já aqui comentado) escrito pelo próprio aos oitenta e muitos anos de idade.

Em Royal Flash vamos encontrar Flashman ainda a colher os frutos de uma glória que não mereceu mas que, em abono da verdade, também não procurou. Flashman continua sedutor, mulherengo, a viver às custas do sogro, fanfarrão e um desastrado íman de confusão e situações caricatas. :)
Desta vez, não resiste aos encantos de "uma das mais lindas raparigas que alguma vez vira na minha vida. Não - a mais linda." de seu nome Rosanna aka Lola Montez. Por causa desta mulher fatal vê-se envolvido com Otto von Bismarck, conhecido como o Napoleão da Alemanha, que se encontrava na altura a fazer uma viagem por Londres e, era um homem perigosíssimo. Mais uma vez, Flashman não fazia ideia daquilo e com quem se estava a meter...
De peripécia em peripécia, Flashman acaba na Alemanha, como protagonista no plano maquiavélico de Otto, para a unificação da Alemanha. O nosso cobarde de estimação foi peça fundamental na guerra da Prússia contra a Dinamarca, pela conquista de Schleswig-Holstein, na altura território dinamarquês, hoje alemão. Que papel desempenhou? Bem para isso têm de ler o livro. ;) Posso apenas acrescentar que o desempenhou com muita convicção e com a típica capacidade para escapar ileso das mais improváveis situações.

É um livro, à semelhança do primeiro, muito divertido e muito inteligente na forma como mistura factos históricos e personagens importantes da história mundial com a ficção. George MacDonald Fraser constrói toda uma alternativa, improvável é certo mas, imensamente divertida, à versão oficial dos acontecimentos sem deixar de, com isso dar uma lição de história. Gosto muito da escrita deste autor.
Achei Flashman neste livro, menos cobarde embora tudo faça para fugir às responsabilidades e não hesite em vender a mãe se isso fosse necessário. Mas achei-o mais resignado, sabendo que não podia escapar ao que lhe era pedido, pegava "o touro pelos cornos", como se costuma dizer e, lá ia ele tentar safar-se de mais uma armadilha do destino. Desta vez não acaba como um herói, no entanto, sai desta aventura mirabolante e vertiginosa com vida porque, mais uma vez, os acontecimentos desenrolam-se de tal forma que este acaba por salvar uma vida para além da dele. E uma vida importante, por sinal. :)

Flashman continua um filho da mãe de primeira e é neste livro ainda mais sedutor, divertido e irresistível! Não consigo dizer qual dos volumes me agradou mais... Gosto dos dois e tenho pena que, aparentemente, a Saída de Emergência não vá continuar a edição das "memórias" deste cobarde que me deixa tão bem-disposta!

Gostei muito e recomendo!

Boas leituras!

Excerto:
"Os estudiosos, claro, não concordam. São as políticas, dizem eles, e os esquemas subtilmente montados pelos estadistas que influenciam os destinos das nações; as opiniões dos intelectuais, os escritos dos filósofos, decidem o futuro da humanidade. Bem, esse podem fazer a sua parte, mas, pela minha experiência, o curso da história é muitas vezes determinado pelo facto de alguém ter uma dor de barriga ou não ter dormido bem, ou de um marinheiro se ter embebedado, ou de uma aristocrática meretriz agitar o traseiro."

"Os cobardes, como observou Shakespeare, morrem muitas vezes antes das suas mortes, mas não há muitos que tenham expirado em espírito tantas vezes como eu."

1 comentário:

  1. Gostei muito de As velas ardem até ao fim.
    Depois volto para ler a crítica sobre este :)
    um beijinho
    Gábi

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