março 01, 2010

Feminino Singular - Sveva Casati Modignani

"Martina: uma figura de mulher "singular". Amada por uns e criticada por outros, toda a sua vida esteve sob o olhar inquisidor das gentes de Vertova, incluindo o das suas próprias filhas... No decurso da sua existência, dos anos quarenta aos nossos dias, através das mais complicadas vicissitudes, ela tentará encontrar o caminho para atingir a sua autêntica vocação de mulher - gerar a vida. Terá três filhas, de três homens diferentes, sem desposar nenhum deles. A sua morte súbita, nas vésperas do Natal, provocará um tremendo choque no seio familiar, e será Vienna, a sua mãe, a desvendar os mais íntimos segredos dessa mulher tão enigmática. Através do seu relato, descobriremos que afinal elas têm mais em comum do que pensavam: todas são mulheres atraentes e independentes, que amaram e se deixaram amar, e que decidiram, sobretudo, enfrentar os cânones sociais em prol de um bem maior - a maternidade."

Andava cheia de vontade, quase uma necessidade física, de ler um bom romance dito para mulheres. Tendo em conta a contenção de despesas a que estou sujeita, sujeitei-me ao que havia aqui em casa por ler, ou seja, só havia este Feminino Singular da Sveva Casati Modignani... Este não é o meu género de literatura, nunca foi e por isso as opções não foram opções, foram antes, amanha-te com o que tens! :)
Continuo insatisfeita... Achei que a autora iria ser ideal para esta minha súbita e incompreensível necessidade por romances mais cor-de-rosa, mas a verdade é que não foi assim. Li há uns anos o Baunilha e Chocolate, da mesma autora, e lembro-me que gostei. A história era divertida, sem dramas, bem contada e pensei que este Feminino Singular fosse na mesma onda. Mas achei-o um pouco sem sal, demasiado previsível, aliás previsível não será o mais correcto porque os mistérios da família são revelados logo nos primeiros capítulos, o resto livro apenas liga os acontecimentos. Isto torna a história pouco interessante.
Quando Martina, rebelde, começa a andar muito com Bruno Biffi, sabemos que irá engravidar e ter a sua primeira filha Giuliana. Quando Sandro Montini começa a fazer a corte a Martina apenas temos curiosidade para saber quando vai ela ficar grávida de Maria, a sua segunda filha. Por último quando o Professor Oswald Graywood surge na vida de Martina, é automática a associação entre o nome deste homem e o nome da terceira filha de Martina, Osvalda... Não nos enganamos, ele será o pai desta menina. Sabemos logo nos primeiros capítulos que com quem ela acabará os seus dias é com Leandro, o seu amigo de infância, por quem sempre foi apaixonada mas do qual a vida afastou devido a alguns mal-entendidos.

Os homens neste romance mais não são que bonecos nas mãos destas mulheres, personagens sem alma e sem personalidade... Acho que foi isso que me fez falta neste livro, homens fortes, com mais conteúdo. Achei o livro demasiado feminista. Dá a entender, durante quase todo o livro, de que as mulheres vivem perfeitamente bem sem homens, que estes apenas são necessários para procriar, mas nem para participar na educação das filhas eles servem. O pai de Giuliana nunca soube da sua existência, o pai de Maria morreu antes de saber que Martina estava grávida e o pai de Osvalda foi o único a poder conhecer a filha e Sveva caracteriza esta filha de Martina como a mais conservadora e a menos tolerante aos desvarios da mãe.
Giuliana, por seu lado, também tem uma filha, Camilla. Decide criar a filha sózinha, decidindo pelo pai da criança que este não estaria preparado para ter uma filha. Mas tudo isto começa na própria concepção de Martina, filha gerada de um amor arrebatador, o único verdadeiro neste livro, entre Vienna e Bruno Cepi. O problema é que Vienna era casada, mas não com Bruno Cepi... :)
No fim, todas as filhas de Martina assumem amores antigos e aparentemente viverão felizes para sempre ao lado dos seus homens. :)
No fundo a autora acaba por deixar a mensagem que de todas as experiências que vivemos se podem tirar ensinamentos e coisas positivas e que o importante é ser-se feliz, sozinha ou com uma pessoa que nos faça sorrir todos os dias, quer seja nosso filho, nosso companheiro ou ambos.

Estava à espera de mais deste livro, porque para além do excessivo feminismo da história cujo final acaba por contradizer tudo o que foi dito durante todo o livro, tinha outra lembrança da escrita da Sveva Modignani, julgava-a mais envolvente. Não gostei da maneira como me apresentou a história e a própria história em si é muito repetitiva porque, claramente, Martina precisava de saber umas quantas coisas sobre contraceptivos... :) Mesmo relativamente à crítica social e ao escândalo que era Martina ter três filhas de três homens diferentes sem nunca ter casado com nenhum deles, me pareceu pouco aprofundada, sem real influência na história. Martina nunca foi verdadeiramente importunada por isto, no entanto vivia numa pequena aldeia... Talvez o ser rica, linda como o sol e a bondade em pessoa atenuassem as recriminações... :)
Embora o tenha lido rápido, os capítulos são pequenos e acabamos por ler muito de cada vez, li sempre com uma sensação de urgência em o acabar, porque já estava cansada da história e só pensava no que iria ler a seguir que satisfizesse esta estranha vontade de ler livros cor-de-rosa. Bem, continua sem saber qual se seguirá, mas enquanto decido, vou voltar a algo que me preencha mais enquanto leitora. Talvez Pepetela? Não sei...

P.S. Para os interessados fica aqui o link para uma entrevista dada pela autora ao programa Conversas de Escritores do José Rodrigues dos Santos.

8 comentários:

  1. O Pai de Martina chama-se Stefano e não Bruno ;)

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  2. Sveva Casati Modignani=galinha.

    Já li um e chegou-me.....

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  3. SEVE: Não diria tanto... :) No meu caso, já li dois e, aparentemente, já me chegaram. Quando voltar a ter destas vontades por livros cor-de-rosa vou ter procurar outras opções. :)

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  4. eu li este (nunca li mais nada desta autora) e também não me cativou.

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    1. Acho que o problema nem é a autora que, dentro do género me parece bastante interessante, julgo que no meu caso é mesmo o não me identificar com o género... :-)

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  5. eu por acaso gostei imenso deste livro e espero ler mais livros desta autora que acho FANTÁSTICA.

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    1. Nada contra a autora que não tem culpa da minha fraca inclinação para os romances femininos. :-)

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  6. Achei fantástico, descompromissado e leve. Leria outros sim, com certeza!!!!

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