julho 11, 2010

A Cidade dos Ossos - Cassandra Clare

"No Pandemonium, a discoteca da moda de Nova Iorque, Clary segue um rapaz muito giro de cabelo azul até que assiste à sua morte às mãos de três jovens cobertos de estranhas tatuagens. Desde essa noite, o seu destino une-se ao dos três Caçadores de Sombras e, sobretudo, ao de Jace, um rapaz com cara de anjo mas com tendência para agir como um idiota..."

Parece que ando virada para os livros de fantasia... Este fui "roubá-lo" à estante do meu irmão atraída pela capa brilhante (quem diz que os olhos não comem não sabe do que fala...) e não pela sinopse, que parece escrita por uma adolescente de hormonas aos saltos. Felizmente o livro, embora claramente dirigido a um público mais juvenil, não está cheio de rapazes muito giros, com cara de anjo mas que agem como idiotas. :p Os adolescentes que fazem esta história são até espirituosos e com sentido de humor. Têm todos uma personalidade que não me fez comichões, são miúdos normais e não daqueles que me fazem revirar os olhos. :)

Clary tem 15 anos e vive com a mãe, Jocelyn. O pai terá morrido num acidente de automóvel quando Clary ainda não tinha nascido. Uma noite, sem que nada o fizesse prever, Clary dá de caras com três jovens, cobertos de tatuagens estranhas e que se preparam para matar o tal rapaz "muito giro de cabelo azul" da sinopse. Ele acaba mesmo por morrer, mas o que Clary descobre é que este não era um rapaz, mas sim um demónio e que os três adolescentes, que aparentemente só ela consegue ver, são Caçadores de Sombras.
Dias depois a mãe de Clary desaparece e o apartamento onde Clary vivia com a mãe está repleto de criaturas repugnantes a que Jace, um dos Caçadores de Sombras, chama de Abandonados. Clary é salva por Jace e levada para o Instituto, sítio onde os Caçadores de Sombras procuram abrigo. Aqui, Clary descobre que a sua mãe é uma Caçadora de Sombras foragida e que ela própria pertence a esta elite. A partir daqui a vida de Clary muda e ela tudo fará para descobrir a verdade e salvar a mãe das garras de um Caçador de Sombras sem escrúpulos, Valentim que não olha meios para atingir os fins.
Basicamente é isto, com muitas revelações inesperadas (ou nem tanto assim), segredos de família e relações inimagináveis (ou nem tanto assim) e traições à mistura. Pelo meio existe o desenvolver da relação de Clary com Jace, que é engraçada porque Cassandra Clare a conseguiu explorar de uma forma menos comum, sem os olhares lânguidos e suspiros pelos cantos. :) O desenvolvimento das personagens é para mim o ponto forte deste livro, porque a história em si é demasiado juvenil, para o meu gosto pessoal.

O livro fez-me pensar no Harry Potter em quase todas as páginas. As semelhanças com a história do adolescente feiticeiro que não sabia sequer que existia magia porque foi criado por muggles são muitas. Em A Cidade dos Ossos, temos Clary, uma miúda de 15 anos que de um dia para o outro, descobre que pertence a uma espécie de humanos especiais, os Caçadores de Sombras, meio anjos meio humanos, criados para combater demónios e proteger os humanos vulgares, a que chamam mundis. E as semelhanças não ficam por aqui, para além desta descoberta comum, que lhes mudará as vidas para sempre, ambos descobrem um mundo de que nem desconfiavam, casas decrépitas aos olhos dos mundis são afinal edifícios perfeitamente habitáveis, protegidos por magia que as esconde do comum dos mortais, mensagens enviadas por pássaros, lobisomens, portais que nos transportam para onde queremos, poções mágicas e uma história familiar trágica.
Pessoalmente prefiro o mundo de fantasia de Harry Potter porque tenho dificuldade em achar credível (não que acredite no mundo criado por J. K. Rowling) que a minha vizinha do lado ande por aí a proteger-me de demónios, enquanto anda de metro e leva porrada sem que mais ninguém se aperceba do que se passa. Ao menos o de Harry Potter é manisfestamente um mundo inventado, criado pela autora e isso para mim é mais aliciante com leitora. No que à literatura fantástica diz respeito, sou mais do género As Brumas de Avalon, O Senhor dos Anéis (e se meter demasiados dragões e lutas épicas já me começo a enjoar :p), o próprio Harry Potter e até o mundo de Robin Hobb com a sua Saga do Assassino. Como nunca fui fã de livros de vampiros (a não ser que sejam bem maus, mais tradicionais portanto), lobisomens e criaturas humanas com poderes especiais, como super-heróis, este livro poderia ter sido um desastre para mim mas, a verdade é que não foi mau de todo. Como disse as personagens estão bem desenvolvidas, os diálogos são credíveis e acho que está bem escrito, sem ser genial e arrebatador, é um livro que cumpre.

Recomendo a quem gosta deste género de livros. Se gostaram do Harry Potter é bem provável que achem piada a estes, embora os do Harry Potter sejam mais ricos em termos de história, de cenários e até de personagens. É uma leitura agradável, que não feriu a minha sensibilidade literária (hoje estou "cheia de mim" :)), é o que me ocorre dizer em jeito de conclusão.

Boas leituras! :)

2 comentários:

  1. Fiquei mais ou menos com a mesma sensação depois de recentemente ler este livro, embora não tenha feito assim tantas comparações com o "Harry Potter" (que até são bem legítimas).
    Pessoalmente quero ler os restantes dois livros e, do que vi, acho que a saga não está nada má.

    Vais ler os restantes, ou ficas-te por este?

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  2. Não tenho intenção de comprar os outros dois, mas se tiver oportunidade de os ler, mesmo que em formato digital, acho que o vou fazer.
    Não achei o livro mau, é mesmo uma questão de gosto pessoal. Embora o considere ao mesmo nível que, por exemplo, o Aprendiz de Assassino, como leitora identifico-me mais com o último, que neste caso me deixou com vontade de ler os outros. Gosto pessoal, como disse. :)

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