junho 18, 2010

José Saramago (1922 - 2010)

Morreu José Saramago, para mim um dos maiores escritores portugueses.

Quando ele ficou doente, o ano passado, apercebi-me, com algum pânico, que ele iria morrer um dia pois tinha mais idade do que eu pensava. Quando ele melhorou, afastei com alívio estes pensamentos funestos da minha cabeça e enfiei-a na terra, como a avestruz, murmurando para mim mesma que o Saramago não vai morrer nunca. Foi por isso que duvidei, por alguns segundos, que a notícia da sua morte fosse verdadeira.
Rendendo-me às evidências, estou a braços com a sensação de que perdi alguém meu e por isso encontro-me a lidar com sentimentos que nunca senti por nenhuma das figuras públicas que nos foram deixando ao longo destes anos. Estou triste e angustiada...


Nesta foto, tirada no Avante em 2007, estava ele a assinar o meu Memorial do Convento. Fiquei contente por ter percebido o meu nome à primeira e por o ter escrito bem, sem ter tido dúvidas. :)
Estava um calor desumano dentro da tenda dedicada aos livros, e custou-me imenso esperar pela minha vez. Acho que só o consegui porque olhava para o José Saramago, magro e debilitado, visivelmente exausto e incomodado pelo calor excessivo, mas sempre com um sorriso para todos os que aguardavam pelo autógrafo. Por mais incomodado que estivesse, não despachou os autógrafos de forma mecânica e, dava-se mesmo ao trabalho de acrescentar um desenho ao autografar o livro infantil, A Maior Flor do Mundo, da sua autoria, que algumas mães compravam para os filhos.

As letras e a cultura mundial, ficaram definitivamente mais pobres.

Obrigada Saramago pela companhia, pelos sorrisos e pela aprendizagem que todos os teus livros me fizeram, provocaram e proporcionaram.

2 comentários:

  1. Não tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente, nem de guardar um autógrafo dele, mas sinto as tuas palavras da mesma forma.
    Para mim Saramago era imortal. Hoje quando ouvi a notícia caí em choque. Não queria acreditar que era mesmo real. Sinto-me vazia. É como se tivesse perdido um amigo. Estou de luto.

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  2. É como me sinto... de luto e já com uma imensa saudade dos livros que não escreverá nunca mais.

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