julho 08, 2010

A Minha Mulher - Anton Tchékhov

"É na narrativa breve que o autor russo melhor transmite, através de retratos subtis da vida quotidiana, a sua visão ao mesmo tempo sombria e apaixonada da humanidade, revelando um conhecimento íntimo da alma russa, com as suas qualidade e defeitos, tal como se poderá comprovar com A Minha Mulher. Neste livro, a partir do olhar excessivamente presumido e crítico de Pavel Anndreievitch, abastado ex-funcionário no Ministério das Comunicações, e da relação fria e tensa que este mantém com a sua mulher, somos transportados para a Rússia profunda e rural do século XIX, com todos os seus problemas e conflitos. Uma obra magnífica, na qual se pode respirar o sentimento de desalento e impotência da sociedade russa face ao infortúnio do povo."

Bem, este foi mais que rápido a ser lido. Outra coisa não seria de esperar, dado o reduzido número de páginas que o compõem. Primeiro livro de Anton Tchekov que leio e posso dizer que não fugiu ao que eu estava à espera: escrita, história e personagens típicas da literatura, russa e não só, do século XIX. Eu até gosto desta época literária, mas este livro é tão pequenino que soube-me a pouco.

Pavel Anndreievitch vive na sua casa de campo, com Natália Gavrilovna, sua mulher. Cada um vive numa parte da casa, vivendo separados há já uns anos. Natália não suporta Pavel, demonstrando-lhe um ódio que Pavel não consegue compreender. Pavel vive sozinho e angustiado sem que consiga descortinar uma única razão para o seu desconforto interior. Quando recebe uma carta anónima pedindo-lhe que faça algo pela população empobrecida de uma localidade vizinha, sente-se entusiasmado pela ideia e, formula planos para organizar uma comissão de solidariedade que angarie os fundos necessários à causa e os distribua de forma justa. Quando expõe a sua ideia à mulher, descobre que esta já estava à muito empenhada no auxílio desta população, tendo inclusivé a tal comissão já formada. Pavel interroga-se sobre as razões que a levaram a exclui-lo. Natália explica-lhe então porque o despreza tanto: ele é egoísta, pouco flexível, desconfiado e com um temperamento difícil, que o inibe de manter relações cordiais com as outras pessoas. Depois do choque, Pavel sofre uma espécie de epifania, confessando a si mesmo que nunca deixou de amar a mulher e que está disposto a tudo para a recuperar, inclusivé mudar a sua personalidade e abdicar de toda a sua fortuna. A partir do momento em que ele sai do seu casulo, da sua zona de segurança e expande os seus horizontes, olhando com a mente aberta para o mundo à sua volta, a partir do momento em que deixa de julgar e criticar sem conhecer, essa mudança ocorre e Pavel torna-se numa melhor pessoa.

Basicamente o livro é isto, e tendo em conta o tamanho do mesmo não seria justo dizer que é pouco. Conseguir, em poucas páginas, transmitir tudo isto de forma convincente é de aplaudir. Mas sou uma confessa adepta de livros grandes, o que não me impediu de gostar deste pequeno grande livro do Tchekov, mas quando a pessoa já está embalada e a criar empatia com as personagens, o livro acaba. Isso deixa-me sempre um pouco frustrada.

Vou querer ler mais livros deste senhor, mas vou tentar que sejam colectâneas de textos, livros de contos ou romances maiores, porque assim sabe-me a muito pouco. :)

Boas leituras!

Nota: Porque é que é tão difícil chegarem a um consenso quanto à forma como se escrevem os nomes dos autores russos?! É assim tão difícil adoptarem todos a mesma grafia?! Credo que irritação isto me provoca... Tchekov ou Tchekhov ou ainda Chekhov? O mesmo se passa com o Tolstoi, ou será Tolstoy? E é Leon, Leo ou Liev? Mania parva de traduzirem nomes...

6 comentários:

  1. Fiquei super-curiosa e apetece-me muito ler este livro :)
    É pequeno, como eu agora preciso já que ando esgotadíssima, e a história parece-me interessante.
    Talvez seja uma próxima leitura :)
    Bjs
    http://timebite.blogspot.com/

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  2. Uma história que parece interessante, e de vez em quando sabe bem ler algo mais pequeno.
    Quanto aos nomes, estou de acordo. É que não há paciência!

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  3. Anónimo: Se o que procuras é uma leitura leve, que não te ocupe muito tempo, sem ser fútil, realmente este livro pode ser uma boa opção. :)

    Ana: Às vezes sabe ler algo pequeno, não sou radical com isso, mas neste caso ficou-me mesmo a saber a pouco. Os romances deste género sabem-me bem se forem mais longos. :)
    Não há mesmo paciência, eu sei que o alfabeto não é o mesmo, mas se traduzem o resto porque têm tanto dificuldade com o nome?! Mistérios do mundo editorial! :)

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  4. Nunca li nada deste autor, mas gosto especialmente de Tolstoi e de Dostoiévski. De momento até estou a ler "Crime e Castigo". :)

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  5. tonsdeazul: Achei Tchekov mais tradicional que o Tolstoi, o que não é mau, apenas diferente. :) Relativamente a Dostoiévski, como só li um, não tenho grande base para comparação.
    Os livros desses senhores estão na minha lista, só à espera que eu seja um bocadinho mais rica. Aí vão ser meus, ai vão sim senhor! :)

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  6. Pois o mal é esse mesmo! Porque se não fosse o problema de trocos, também já os teria a todos na minha prateleira. Assim vou comprando esporadicamente. ;)

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