Título original: Aztec
Ano da edição original: 1980
Autor: Gary Jennings
Tradução do inglês: Carlos Romão
Editora: Saída de Emergência
Ano da edição original: 1980
Autor: Gary Jennings
Tradução do inglês: Carlos Romão
Editora: Saída de Emergência
"Em 1530, depois de Hernán Cortés quase extinguir o povo Asteca, o Rei de Espanha ordena ao bispo do México que lhe faculte toda a informação sobre a vida e os costumes desse povo. O bispo, frei Juan de Zumárraga, decide redigir um documento baseado no testemunho de um ancião asteca, um homem humilde e submisso, que irá chocar a moralidade e os preconceitos da Europa. O nome do ancião é Mixtli - Nuvem Escura.
E Mixtli relata com detalhe toda a sua vida: a infância, as leis e os costumes dos seu povo, o sexo e religião, as suas viagens e os seus amores - sempre tormentosos e trágicos. Esta é a empolgante e maravilhosa história de um homem que representa o choque entre duas civilizações com formas inconciliáveis de ver o Mundo.
A História de Mixtli é em grande parte a história do próprio povo Asteca: épica e de uma dignidade heróica. É o princípio, o auge e a queda de uma colossal civilização."
Orgulho Asteca é um livro grande, não só em número de páginas mas também na história que conta e nas personagens míticas que traz até nós, humanizadas e próximas. Confesso-me uma ignorante no que à cultura e civilização Asteca diz respeito. O meu conhecimento, antes da leitura deste livro, era muitíssimo superficial, daí este livro ser muito mais do que um romance, é também um valioso documento histórico, mesmo que ficcionado, sobre um povo e uma cultura de uma riqueza enorme. Orgulho Asteca é um livro que vale por isso, por tornar o leitor culturalmente enriquecido, e por estar bem escrito, misturando muito bem a parte romanceada com a parte mais documental.
Embora inicialmente tenha sentido alguma estranheza perante a narração de Mixtli, não o achando credível como ancião asteca, essa estranheza depressa desapareceu, não só porque o que Mixtli narra vai validando a forma como o faz mas, também, porque o que nos conta vai-nos agarrando à história e quando damos por isso já lemos o livro todo...
A acção de Orgulho Asteca situa-se no ano de 1530, uns anos depois de os Espanhóis terem chegado ao México e terem conquistado Tenochtítlan, a capital do Império Asteca, a capital do O Mundo Único e actual Cidade do México. Em 1530, temos o povo asteca da capital, completamente subjugado aos conquistadores, dizimado pelas doenças que os europeus trouxeram com eles e praticamente extinto como civilização e cultura.
Quando o Rei de Espanha ordena ao bispo do México que procure conhecer tudo o que for possível conhecer acerca do povo Asteca, surge Mixtli, o narrador desta história e um dos últimos sobreviventes Astecas da região. A história que nos traz é a história da sua vida e, necessariamente, uma visão privilegiada sobre a cultura, a religião e a forma como viviam e se relacionavam os Astecas.
E que vida a de Mixtli! O que este ancião asteca nos vai contando, de coração aberto mas sempre num tom propositadamente desafiante, fazendo questão de narrar ao pormenor cenas que sabe serem moralmente chocantes para os religiosos escrivãos que o ouvem e que, eram também condenáveis aos olhos da sociedade Asteca da época. Os Astecas eram, uma civilização que tinha, neste aspecto regras muito similares aos católicos da época, a homossexualidade, o incesto e o sexo antes do casamento não eram tolerados. Se por um lado a descrição das cenas de sexo me deixavam constrangida (especialmente se calhava lê-las nos transportes), a descrição das cenas de sacrifícios humanos deixavam-me enjoada, pelo que neste livro temos de tudo um pouco e de monótono tem pouco. :)
Mas a vida de Mixtli não foi, ao contrário do que por vezes parece, apenas sexo. Durante este primeiro volume, Mixtli vai estudar para Texcóco, a capital do conhecimento no Império Asteca. Lá aprende a escrever e a ler a complicada língua Nahuatl, aprende a viver como um nobre, cria amizades e, devido à sua característica de ver as coisas como elas são, cria também alguns inimigos que acabam por levá-lo até ao seu primeiro campo de batalha de onde sai como um herói. Perde duas vezes o amor da sua vida de forma trágica, torna-se um mercador bem sucedido e viaja pelo mundo Asteca, e além dele, onde conhece os diferentes povos que habitavam a região. Este primeiro volume das memórias de Mixtli, acaba quando ele encontra novamente o amor e, parece que o destino talvez lhe vá dar algum descanso. Talvez... não sei. Para isso vou ter de ler o segundo volume, Sangue Asteca.
Foi com desconfiança que comecei a leitura deste livro, tive até receio de que o fosse largar mas, felizmente a desconfiança apenas me acompanhou nas primeiras páginas, daí para a frente a leitura foi, de certa forma, compulsiva e extremamente interessante. Gostei da forma como está escrito, gostei das personagens, gostei do que me permitiu aprender e gostei da capacidade que teve de me surpreender. Portanto... gostei de praticamente tudo e, nem facto de quase todos os nomes no livro serem impronunciáveis, estragou a leitura, tornou-a sim, mais exótica! :)
Recomendo sem qualquer reserva!
Boas leituras!
Embora inicialmente tenha sentido alguma estranheza perante a narração de Mixtli, não o achando credível como ancião asteca, essa estranheza depressa desapareceu, não só porque o que Mixtli narra vai validando a forma como o faz mas, também, porque o que nos conta vai-nos agarrando à história e quando damos por isso já lemos o livro todo...
A acção de Orgulho Asteca situa-se no ano de 1530, uns anos depois de os Espanhóis terem chegado ao México e terem conquistado Tenochtítlan, a capital do Império Asteca, a capital do O Mundo Único e actual Cidade do México. Em 1530, temos o povo asteca da capital, completamente subjugado aos conquistadores, dizimado pelas doenças que os europeus trouxeram com eles e praticamente extinto como civilização e cultura.
Quando o Rei de Espanha ordena ao bispo do México que procure conhecer tudo o que for possível conhecer acerca do povo Asteca, surge Mixtli, o narrador desta história e um dos últimos sobreviventes Astecas da região. A história que nos traz é a história da sua vida e, necessariamente, uma visão privilegiada sobre a cultura, a religião e a forma como viviam e se relacionavam os Astecas.
E que vida a de Mixtli! O que este ancião asteca nos vai contando, de coração aberto mas sempre num tom propositadamente desafiante, fazendo questão de narrar ao pormenor cenas que sabe serem moralmente chocantes para os religiosos escrivãos que o ouvem e que, eram também condenáveis aos olhos da sociedade Asteca da época. Os Astecas eram, uma civilização que tinha, neste aspecto regras muito similares aos católicos da época, a homossexualidade, o incesto e o sexo antes do casamento não eram tolerados. Se por um lado a descrição das cenas de sexo me deixavam constrangida (especialmente se calhava lê-las nos transportes), a descrição das cenas de sacrifícios humanos deixavam-me enjoada, pelo que neste livro temos de tudo um pouco e de monótono tem pouco. :)
Mas a vida de Mixtli não foi, ao contrário do que por vezes parece, apenas sexo. Durante este primeiro volume, Mixtli vai estudar para Texcóco, a capital do conhecimento no Império Asteca. Lá aprende a escrever e a ler a complicada língua Nahuatl, aprende a viver como um nobre, cria amizades e, devido à sua característica de ver as coisas como elas são, cria também alguns inimigos que acabam por levá-lo até ao seu primeiro campo de batalha de onde sai como um herói. Perde duas vezes o amor da sua vida de forma trágica, torna-se um mercador bem sucedido e viaja pelo mundo Asteca, e além dele, onde conhece os diferentes povos que habitavam a região. Este primeiro volume das memórias de Mixtli, acaba quando ele encontra novamente o amor e, parece que o destino talvez lhe vá dar algum descanso. Talvez... não sei. Para isso vou ter de ler o segundo volume, Sangue Asteca.
Foi com desconfiança que comecei a leitura deste livro, tive até receio de que o fosse largar mas, felizmente a desconfiança apenas me acompanhou nas primeiras páginas, daí para a frente a leitura foi, de certa forma, compulsiva e extremamente interessante. Gostei da forma como está escrito, gostei das personagens, gostei do que me permitiu aprender e gostei da capacidade que teve de me surpreender. Portanto... gostei de praticamente tudo e, nem facto de quase todos os nomes no livro serem impronunciáveis, estragou a leitura, tornou-a sim, mais exótica! :)
Recomendo sem qualquer reserva!
Boas leituras!
Excerto:
"Se os índios nos oferecem um trabalho barato e útil, isso deve ser considerado, desde um ponto de vista secundário, para poder salvar as suas almas pagãs. Se muitos deles morrem assim, o nome da Igreja será menosprezado. Além disso, se todos esses índios morrerem, quem construirá as nossas catedrais e igrejas, as nossas capelas e mosteiros, os nossos conventos e claustros, as casas de retiro e todos os outros edifícios cristãos? Quem constituirá, então, a maior parte da nossa congregação e quem trabalhará e contribuirá com o dízimo para manter os servos de Deus na Nova Espanha?"